Capítulo 3

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O resto do mês correu normalmente, Tom estava viajando a trabalho e eu ainda me sentia dividida com tudo o que vinha acontecendo. Por que ele teve que voltar logo agora?

Livi: já terminou de fazer as malas? eu preciso colocar umas coisinhas na sua. 👉🏼👈🏼

Belle: Sem chance, nunca são "coisinhas" quando é com você e vamos ficar quase um mês lá!

Livi: por favoooooooooooor!!

Belle: Droga, eu não consigo te falar não. Vou levar uma mala de mão pra você.

Livi: EU TE AMOOOOOOOO! 🥰

Não aguentei e fiquei rindo sozinha. Estava muito animada, sabia alguns detalhes vagos sobre a sessão que faríamos, porque aparentemente o cliente pedira sigilo e era algo muito sério, situação até judicial em caso de vazamento. O pagamento era enorme também, então não me importei muito.

Fui verificar mais uma vez se tinha tudo que precisaria. Estava levando uma mala grande e uma menor tanto para poder levar as coisas de trabalho quanto para levar algumas coisas necessárias para sempre ter a mão, como maquiagem, absorvente e coisas para minha skincare.

Tom: Ei, olha pela janela.

Meu coração errou a batida, mas sigo seu pedido e, dessa vez, meu coração realmente para.

- O que você está fazendo aqui?! - grito, sorrindo de orelha a orelha. Saio correndo pela porta do meu apartamento, descendo as escadas o mais rápido que meus pés permitem e corro porta à fora, me jogando nos braços de Tom.

- Ei! - diz ele, o ar saindo com força de seu pulmão com o impacto. Tom sorri de orelha a orelha, escondendo o rosto no meu cabelo, inspirando profundamente e eu o aperto em meus braços, sentindo uma felicidade enorme me envolvendo. 

- Desculpa! Eu te machuquei? O que faz aqui?! - pergunto, me afastando um pouco para olhá-lo. Sua mão vai para minha bochecha e começa a fazer movimentos circulares em meu rosto com o dedão.

- Consegui reorganizar minha agenda para poder vê-la. Eu também queria te falar pessoalmente que vou conseguir ir pra Alemanha semana que vem para passar um tempo com você, se não se importar claro. - o sorriso de Tom vacila pro um segundo, parecendo incerto se isso vai ser bem aceito.

- Sim! Eu quero muito. - beijo sua boca, dando um longo selinho. Ele me aperta, feliz, suspirando de alívio. Sua mão livre desce até a base das minhas costas, fazendo carinho em movimentos circulares igual aos que estava fazendo no meu rosto.

- Bem, isso é um verdadeiro alívio, já que agora já está tudo comprado. - ele ri, tímido, mas da um beijo casto na minha testa. Meu celular vibra avisando que estou recebendo uma ligação e me afasto um pouco de Tom para atender.

- Pedi o nosso Uber! - avisa minha melhor amiga assim que atendo. - Vamos Belle, espero que esteja pronta.

- E ele vai passar aqui ou ai primeiro? - pego a mão do meu namorado e vou levando-o escada acima para pegar minhas coisas. Seu olhar amoroso me segue, ajudando a pegar as malas e procurando algo.

- Aqui, mas é rápido até sua casa. - um barulho no fundo me faz imaginar que ela ainda tem coisas a levar. Reviro os olhos rindo.

- Ok, até já. - desligo antes que ela se enrole ainda mais. Tom volta com um ursinho, colocando-o na minha bolsa de mão e sorrindo para mim.

- Sabia que estaria na sua cama. - sinto minhas bochechas corarem e ele ri, pegando o que falta e apontando para a porta. - Vamos?

- Não precisava disso! - tento pegar as malas de sua mão, mas ele me afasta.

- Não se preocupa, é melhor a gente ir para não se atrasar. Sei que Livi provavelmente já pediu um Uber, mas posso levar uma parte das malas para não pesar para o motorista. - caminhamos até seu carro, um sorriso enorme não saindo do meu rosto. Como ele pode ser tão doce? Tão gentil?

- Te encontro lá. - ele me deixa apenas com minha bolsa de mão e mochila. Vejo o Uber que Livi indicou encostando e já entro. Ela me olha confusa.

- Você lembra que vamos passar, tipo, MUITO tempo lá, certo? - ela aponta para minha pouca bagagem.

- Tom está levando o resto. - entrego para ela as extras que trouxe. - Isso são pras suas "coisinhas". 

- São coisinhas sim, ok? Agora me diz o que o Sr. Gostosão está fazendo com suas coisas.

Conto que ele vai passar um tempo comigo lá em breve, explico também sobre como fiquei feliz e mal consigo conter minha animação enquanto voamos pelo trânsito. Ainda assim, no fundo da minha mente, aquela vozinha continua me irritando sobre a mensagem de Harry.

- O que? - Livi pergunta quando termino.

- O que o que? - pergunto de volta.

- Você ficou séria do nada. - ela levanta a sobrancelha. - Não vá dizer que está com pé frio por uma viagem!

- Não, não. - mexo nos meus dedos, sem saber por onde começar. - Eu só ainda estou incomodada com a mensagem.

Esse é o apelido que Livi e eu demos a situação toda. Sempre que vamos falar sobre Harry e sua mensagem misteriosa falamos "a mensagem" assim podemos falar da mesma coisa sem deixar muito na cara. Apesar de poucas pessoas ainda me reconhecerem como ex dele, ainda é difícil falar sobre as coisas publicamente com medo dos ouvidos curiosos.

- Foi bem esquisita, eu admito, mas ele nem quis mais nada, talvez tenha sido momentâneo e pontual. Prometo que ele não vai mais te incomodar! - ela não parece certa quando diz, duvidando da própria promessa. 

- É o que espero. - e assim o resto da viagem se segue em paz, sem mais citar meu querido ex.

☼ ☼ ☼

Tom e eu nos despedimos com um beijo que Livi descreveu como "de tirar o fôlego", o que me fez corar e revirar os olhos. Eu estava ansiosa para reencontrá-lo, mas estava nervosa para o trabalho que teria que fazer.

Chegamos rápido com um voo tranquilo, o que fez a viagem até o hotel se tornar até prazerosa. Nossos quartos eram separados, o que me deixou levemente surpresa, mas logo fiquei grata pela cama gigantesca e o banheiro privado com a maior banheira do mundo (ok, isso é um exagero, mas era gigante).

Tim me mandou várias mensagens, me avisando sobre algumas coisas que precisaria, querendo que eu chegasse cedo na sexta para poder fazer um brainstorming antes da sessão e concordei. Como ainda era quarta a noite, eu teria a quinta toda para explorar a cidade antes do grande dia de trabalho. Nós teríamos vários dias juntos depois disso para poder editar as fotos, escolher, enfim toda a parte do depois.

Belle: Alguma indicação de lugares a visitar por aqui?

Tom: Hmm, não sei ao certo, sei que existem alguns bons museus.

Belle: Muito específico, adorei!

Ri sozinha e me deitei, pegando meu sketch book e fazendo meus queridos rabiscos. Eu nunca fui muito boa em desenhar, mas sempre foi algo que me ajudou a passar o tempo. Por ter dormido no voo sabia que não conseguiria dormir tão cedo. Meu celular vibrou mensagem e peguei sorrindo, imaginando a resposta espertinha que receberia de Tom.

Desconhecido: Izzy.mp4

Desconhecido: Ei, achei que ia ser bom você ouvir antes.

Meu coração parou novamente. Como parecia que ele sempre sabia quando mandar mensagem para fazer com que tudo que eu pudesse pensar fosse ele. Era frustrante, irritante e eu queria socar alguma coisa. Meu celular apitou outra mensagem.

Tom: Posso tentar escapar para te ver, se quiser.

E lá estava meu coração dividido de novo. Lágrimas encheram meus olhos e meu dedo tremia, meu corpo e mente divididos entre ouvir e não ouvir aquele áudio. Eu não podia deixar que ele dominasse minha mente dessa maneira, ele não era nada para mim mais, nada.

Coloco tudo na gaveta - celular, sketch book, lápis - apago a luz e escondo meu corpo todo embaixo da coberta, me protegendo de tudo que o mundo exterior podia tentar me fazer, seja sentir ou ver. Naquele momento, eu só queria desaparecer.

Belle | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora