Capítulo 4

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Em algum momento, meu corpo se entregou a exaustão mental. Eram muitos pensamentos, muita culpa, muito sentimento mal resolvido e eu só queria poder socar minha cara. Eu tinha 25 anos e, mesmo assim, todas as vezes que o assunto era meu ex, eu me sentia uma adolescente confusa e emotiva.

Acordei em algum momento com o sol brilhando fortemente e respirei fundo, tentando deixar minha mente limpa e calma. Era um novo dia, um novo momento e eu podia me manter tranquila.

Tomei um banho e mandei mensagem para Livi, torcendo para que pudesse me enfiar em seus planos para não ter que pensar e logo duas batidas na porta me fizeram respirar aliviada, mas não era minha melhor amiga que estava do outro lado.

- Serviço de quarto! - um carrinho é empurrado e eu me sobressaio, saindo do caminho apressadamente. - Senhor Evans pediu para a senhorita, disse que deveria verificar se está tudo a seu gosto. 

A mesa é servida e tem tudo o que mais gosto. Suco de laranja fresco, ovos, bacon, torradas, queijo branco, pão pequenino, frutas fatiadas. Respiro bem fundo, minha cabeça girando levemente.

- Obrigada, eu agradeço. O senhor Evans está aqui?

- Não, senhorita, ele apenas pediu para que trouxéssemos. Aqui seu bilhete. - um sorrisinho no rosto dele me diz que está ansioso para que eu leia, mas o funcionário apressasse e me deixa sozinha com aquele tanto de comida. Fico presa no lugar, desacreditada. Quando caio em mim, tiro uma foto de tudo e mando para Liv.

Belle: adivinha quem tem o melhor namorado do mundo? começa com e, termina com u.

Livi: AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!! Estou invadindo seu quarto agora para comer junto u_u

Rio baixinho, ouvindo ela batendo a porta pouco tempo depois. Abro enquanto leio o bilhete que veio junto.

Oi minha princesa,

Coma bem, porque espero poder levá-la para muitos lugares hoje! Quero que esteja forte, feliz e pronta para um longo dia.

Estou com saudade já.

Seu Tom.

Suspiro profundamente. Eu sou loucamente...

Engulo em seco. A palavra com "l" e a outra com "a" que eu me recusava a usar, pois o medo das consequências possíveis era maior que qualquer vontade de me entregar.

- Isso está muito bom. - Livi fala com a boca cheia, estufando mais um pãozinho com queijo. - Eu mesma vou namorar seu namorado.

Reviro os olhos para ela e sento, servindo um copo de suco e pegando algumas frutas. Começamos a papear um pouco, falando sobre nossa noite, sobre o bilhete e então sinto minha garganta incomodar quando penso em falar sobre a mensagem.

- Livi, ontem eu recebi uma mensagem. - respiro fundo, as lágrimas ameaçando chegar. - Dele. É o arquivo imagino que com a música do áudio que ele... tinha me pedido permissão.

- E não estamos ouvindo ela por que mesmo? - sua mão voa para meu celular, abrindo as mensagens. - Cruzes você nem mesmo salvou o número dele.

- Pra que eu faria isso? Não é como se a gente fosse conversar. - bufo.

- Sei. - ela me olha de soslaio e clica no áudio, ouvindo a voz delicada dizendo "Coucou".

O som suave de um violão tocando é o suficiente pra trazer a memória para mim. Ele tocando casualmente, seu telefone gravando. Estava a procura do ritmo ideal, dizia ele, mas sem nenhuma letra em mente ainda. Esquisito, foi o que eu respondi e ele apenas me abriu aquele sorriso torto.

Belle | H.SWhere stories live. Discover now