31: Faróis em um Mar de Sentimentos

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— Oi

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— Oi. — o ruivo falou, assim que estacionou à minha frente, um pouco alto para se sobressair ao ruído dos brinquedos que se agitavam em caos ao nosso redor.

Mirei seu rosto, observando com uma certa dose de fascínio a forma como as íris reluziam sob o festival de cores que polvilhavam o ar.

— Ah, oi. — respondi, engolindo uma migalha quase inexistente de saliva. — Você... está bem?

Ele soprou um riso.

— Tô, sim. Eu meio que fui arrastado pelo meu irmão pra cá, que foi arrastado pela namorada dele. — Estreitou os olhos, como quem pondera. — Quer dizer, a garota que quer muito ser a namorada dele.

Apertei as sobrancelhas.

— Como assim?

Ele começou a andar e, de forma involuntária, acompanhei a caminhada ao seu lado.

— É uma história meio estranha. Meu irmão e ela se conheceram no Ensino Médio, mas ele jurava por Deus que não gostava da garota. Só que, quer dizer... Olha pra barraca de tiro ao alvo, ali. — Gesticulou com o queixo e minhas orbes acompanharam o movimento, mirando um João absorto na conversa com uma garota de cabelo escorrido, para, logo depois, voltar a fixar a atenção em Jader. — Ele ia me pagar pra ficar entrando no meio dos dois e impedir qualquer tipo de... coisa, mas é óbvio que tá pintando um clima e eu não vou ser uma vela filha da puta.

Então, deu uma mordida no cachorro quente, e deixei que meus olhos viajassem novamente para os dois jovens que conversavam. Era perceptível na forma como João sorria a cada dois segundos que estava interessado na garota que tagarelava à sua frente.

— É, parecem estar se divertindo. — constatei. — Já a minha diversão, começa quando for em pelo menos uns quatro desses brinquedos e comer pra caramba.

Jader torceu o nariz em uma careta, vasculhando as máquinas gigantes ao redor com o olhar.

— Vai mesmo enfrentar essas coisas?

— Claro que vou. — afirmei, com ar descontraído. — Você não gosta?

Balançou a cabeça, negando enfaticamente, e voltou a morder seu cachorro quente.

— Gosto de comer e manter a comida no estômago. Ah, e de viver, é claro. Aquilo... — Sinalizou o maior brinquedo do parque, em forma de tesoura, que colocava as pessoas de cabeça para baixo. — É suicídio!

Soltei um riso involuntário.

Até que, de súbito, uma ideia me atingiu, carregando doses de uma psicopatia que eu sequer sabia ter.

— Vai comigo em alguns. — sugeri, malícia refugiando-se em meu tom.

Ele ergueu as sobrancelhas, em descrença.

Eu Não Faço a Menor Ideia do Que Estou Fazendo AquiOnde as histórias ganham vida. Descobre agora