Capítulo 12

147 12 10
                                    

Quando era criança, Antonella gostava de roubar doces de uma padaria chamada "Sognare Dolce". Os anos poderiam passar, mas o amor que ela sentia por aqueles doces, não. Ela sabia que roubar era errado, então decidiu pagar honestamente por eles.

- Buon giorno! Uma mocinha tão encantadora quanto você, merece um presente especial! - Disse ela, para uma menininha que aparentava ter 8 anos.

- Sério? O quê?! - A menina se animou.

- Antonella mostrou uma boneca de pano que encontrou abandonada na ilha. - Ela não é linda?

- É um pouco velhinha, mas eu gostei! - Sorriu.

- Eu te dou a boneca, se você pedir pra sua mãe comprar um pacote de bombons de chocolate pra mim.

- Tá bom, moça!

- Aqui está sua bonequinha! - Ela deu a boneca para a menina, e sorriu.

Assim que consegui seus tão sonhados bombons, a moça se dirigiu até a saída da loja, mas encontrou Massimo no caixa, terminando de pagar suas compras.

- Buon giorno, Massimo!

- Oh... Buon giorno, signora Scorfano! Como está?

- Estou bem, e você?

- Bem também. Veio comprar o café da manhã da sua família?

- Não exatamente. Alberto precisa falar com você, então ele decidiu tomar café na sua casa, e o Bruno acorda na hora do almoço, então eu vou tomar café sozinha.

- Por que não toma café na minha casa também? Seria ótimo!

- E por que não? Sou uma grande admiradora da sua comida!

- Gosta... da minha comida? - Ele disse, um pouco corado.

- A moça riu. - Mas é claro! Você cozinha muito bem, quem me dera ser assim.

Os dois começaram a caminhar em direção a casa do pescador.

- Eu aprendi com a minha nonna, ela tinha um restaurante aqui, mas meu pai não era bom na cozinha, então o restaurante faliu.

- Nossa, que pena...

- Tudo bem, aquele restaurante nunca mais foi o mesmo depois que ela partiu.

- A Giulia cozinha também?

- Giulietta nunca teve interesse nisso, e eu acho que nada forçado é bom. Quero que ela seja quem é, e não quem eu quero que seja.

- Uau... Se todos pensassem assim, o mundo seria um lugar melhor!

- É, as pessoas julgam as outras por motivos idiotas... E eu falo isso como um ex-caçador monstros marinhos!

- Fico feliz que tenha mudado de ideia em relação a nós.

- Luca e Alberto me ajudaram, vocês são criaturas incríveis.

- Parte o meu coração tirar o Alberto de perto de você...

- Eu já disse pra não se preocupar comigo, eu vou ficar bem. A vida é assim, nós temos que deixar quem amamos ser feliz, mesmo que pra isso, ele tenha que partir.

- Você é um grande filósofo... E é muito inteligente!

- Massimo parecia um tomate de tão vermelho que estava, e completamente paralisado. - Eu... agradeço... muito...

- Ela riu um pouco, e olhou para frente novamente. - Veja só, chegamos na sua casa.

- É-é! Chegamos!

O homem estava nervoso. A companhia de Antonella era agradável, e o deixava corado sempre. Ele estava realmente apaixonado, mas não queria admitir. Massimo também não sabia como Giulia iria reagir ao saber que teria uma madrasta, já que seu divórcio com Alessandra deixou a menina triste por um bom tempo.

Ele então, fez torradas para todos, café, e suco de laranja, já que Giulia não era muito fã de café. Antonella abriu a caixinha de bombons, oferendo-os para as crianças, e Massimo.

O café da manhã foi bom, eles conversaram sobre temas aleatórios, mas se divertiram. Assim que acabou de comer, o homem se preparou para trabalhar. Alberto percebeu que aquela era uma ótima oportunidade para conversar a sós com ele. Os dois então, foram até o mar pescar como faziam todos os dias.

- Eu fico feliz que tenha vindo, era estranho pescar sem você. - Falou Massimo, jogando a rede na água.

- É, pra mim também... Mas eu preciso falar com você sobre isso...

- Ah, é?

- É... Eu gosto muito de você, e eu quero muito ficar! Mas eu e o Luca namoramos agora, eu quero ir pra Gênova com ele...

- Eu sei, e eu prefiro que você vá. É como você mesmo me disse alguns meses atrás: Temos que deixar os outros seguirem seus sonhos, você deixou o Luca ir, e eu também te deixo ir. Apenas, seja feliz... - Sorriu.

- Mas... e você?... Não posso te deixar sozinho!

- Alberto, eu vou ficar bem!

- Não, não vai! Você me disse que se sentia muito solitário, e que contava os minutos pra Giulia entrar de férias logo!

- Eu não posso te prender aqui pra sempre, você tem direito de aproveitar sua vida!

- Mas deve ter um jeito!

- Quer ficar com o Luca? Vá pra Gênova! Eu não gosto de cidades grandes, mas ele mora em uma! Nunca daria certo, eu sei, porque já tentei...

- Mas... Mas... Eu não quero me separar de você...

- Mas é preciso, porque eu não quero te atrapalhar pra seguir seus sonhos, filho... Perdão! Eu quis dizer Alberto, porque você não é meu filho!

- Eu sei que nós não temos o mesmo sangue, mas eu te considero meu pai porque... dizem que pais cuidam, o meu biológico me abandonou, e acho que não se arrepende... Você por outro lado, cuidou de mim, me deu um lar, e me ensinou o significado de "amor paterno"... - Suspirou, e começou a chorar. - Eu não quero te abandonar, porque eu sei como dói! Não posso te fazer passar pelo que eu passei depois de tudo o que fez por mim! Não dá, é crueldade de mais...

Alberto abraçou o pescador em meio a muitas lágrimas. Aquele desabafo o fez se sentir melhor, mas ele ainda não sabia como resolver o problema. Mesmo assim, ele acreditava que a melhor forma, era ser sincero com seus pais, porque como Luca lhe disse: "Mentir pros seus pais sobre você mesmo só dá errado...".

Luca 2Where stories live. Discover now