Capítulo 15

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Assim que os dois saíram, Giulia foi até o quarto se trocar. Antonella ficou conversando com os gatinhos, principalmente com o doce Pietro.

- Você é um amorzinho, não é? - Ela fez carinho debaixo do queixo do gatinho, que ronronou.

- "Eu também sou, tia!" - Miou Luigi, com ciúmes.

- Eu queria tanto saber o nome de vocês... Acho que vou perguntar pra Giulia.

- Me chamou? - Disse a menina, descendo as escadas.

- Sim, eu queria saber o nome dos seus gatinhos.

- Aquele ali no fundo com cara de ódio, é o Machiavelli, o gato vingativo. A gata que tá do lado dele, é a Bella, o filhote que tá no seu colo, é o Pietro, e o outro, o Luigi.

- Oh, eles são tão bonitinhos, eu queria ter um gato... Os seus são todos adotados?

- São resgatados. O papà encontrou o Machiavelli por acaso um dia. Ele era cobaia de um farmacêutico aqui do vilarejo.

- Sério?!

- Sim, o homem testava os remédios nele, e isso deixava o Machiavelli super fraco e doente. Ele também não era alimentado direito, e tava muito machucado.

- Tadinho...

- É, meu pai achou ele jogado perto de uma lata de lixo, praticamente sem vida... Mas aí o papà resolver adotar e cuidar dele! No começo foi difícil, o Machiavelli tava traumatizado, e não confiava em humanos. Se bem, que até hoje ele não confia muito...

- O que fizeram com o farmacêutico?

- Bom, quando o papà descobriu o que tinha acontecido com o Machiavelli, ele foi até a polícia ver se eles faziam alguma coisa, mas parece que ninguém liga pros direitos dos animais, então não fizeram nada. O farmacêutico morreu de câncer há 3 anos, mas nunca foi preso, ou recebeu visita da polícia.

- Pelo menos, agora o nosso querido Machiavelli está bem.

- Sim, mas ele continua com os machucados. Esse corte na orelha dele, foi pelos maus tratos do farmacêutico, e se você raspar o pelo dele, vai ver todos os outros machucados e cicatrizes horríveis que ele tem... - Suspirou. - Mas sabe o pior dessa história?

- Acho que do começo ao fim é horrível, tem uma parte pior?

- A pior parte, é lembrar que existem outros animais por aí sofrendo o mesmo, ou até coisas piores, e não podemos fazer nada! Humanos são horríveis, eu odeio ser humana...

- Você é uma boa pessoa, não se sinta culpada por isso!

- Valeu! - Giulia sorriu.

- De nada! A Bella também é resgatada?

- É sim. O Alberto levou um sanduíche de lanche enquanto ia pescar com o papà, igual hoje de manhã. Antes de ele entrar no mar, viu a gatinha tentando roubar o sanduíche. Ela tava bem magrinha, então adotaram e cuidaram dela também. Com o passar do tempo, a Bella ficou com o peso normal, e foi salva da desnutrição. O Machiavelli e ela tiveram 6 filhotes, aí o Alberto brinca dizendo que eles são casados.

- 6 filhotes? O que aconteceu com os outros?

- A nossa casa não tinha espaço pra todos, então o papà colocou eles pra adoção, e ficou apenas com esses dois, porque eles são mais apegados aos pais.

- Todos já foram adotados?

- Foram sim, e estão sendo bem cuidados!

- Eu fico feliz, mas eu queria ter um gatinho... Acho que vou ter que procurar por aí.

- Em Gênova, tem um abrigo de animais gigantesco! Já que vai morar lá, pode adotar seu gatinho!

- Ai, Giulia... Pra ser sincera, não sei se ir é uma boa ideia...

- Ué, por quê?

- Seu pai é apegado ao Alberto, eu não queria deixar ele aqui sozinho! O Massimo é um homem tão bom, não merece sofrer...

- E pretende fazer o que? Meu papà é cabeça dura, não vai deixar vocês ficarem.

- Esse é o problema: Não sei o que fazer! Já ficou confusa por amar alguém? É assim que eu me sinto...

- Sim, já fiquei... - Suspirou. - Se lembra da vez em que o Machiavelli grudou na cara de uma menina chamada Bianca Branzino?

- Lembro.

- Eu tô apaixonada por ela, e ela é insuportável!

- Uau... Mas não se preocupa! Nós não escolhemos por quem nos apaixonamos, você vai superar!

- Acho que não vou...

- Infelizmente, eu só me apaixonei uma vez na vida, e foi por uma boa pessoa. Não sei como te ajudar com isso.

- Você tem sorte, o Bruno é tão legal, e o Alberto vai morar com os dois... - Falou triste.

- Antonella se aproximou da menina. - Sente falta de morar com seus pais juntos?

- Sinto, mas sei que o divórcio é melhor do que ver eles sofrendo. Mas o papà vive aqui sozinho por causa disso, eu queria mudar essa realidade!

- Você não é a única... Mas não tenho ideia do que fazer.

- O Alberto pensou em arrumar uma namorada pro meu pai, mas eu acho que isso vai ser difícil...

- Já perguntou pro seu pai se ele quer ter uma namorada? Sei lá, acho que decidir isso por ele, seja errado.

- E é errado! Mas eu não posso simplismente chegar no meu pai, e dizer: Que tal desencalhar, coroa?!

- Antonella riu. - É, tem razão! Olha, eu acho que você devia começar com calma, encontre alguém pra ser amiga dele, e aí, eles vêem se rola alguma coisa.

- É uma pena que você seja casada, seria uma ótima madrasta!

- A moça corou. - Ah... O-obrigada, Giulia! Eu fico lisonjeada com isso, nem sei o que dizer...

- Pera... Você corou por quê, exatamente?

- Eu?! Ah, pelo elogio, óbvio! Claro, seu pai é um bom homem, mas eu nunca namoraria ele! - Ela pensou que Giulia se chatearia com o último comentário. - Isso não quer dizer que você não vai achar uma candidata, só quer dizer que a candidata não serei eu!

- Eu já imaginava, mas você ficou meio estranha...

- É porque eu gosto muito do Massimo. NÃO! Não gosto, é maneira de dizer!

- Você tá bem, Antonella?

- Tô, óbvio que tô! - Disse novamente corada. - Eu, apaixonada por ele?! Nunca! Nem morta! Tô muito bem casada com o Bruno, e nós até temos uma família!

- Nem todos que têm filhos juntos são um casal. Você pode ter um filho com o Bruno, mas pode ser solteira, ou comprometida com outro.

- Sim, mas é claro! A questão aqui, é que esse não é o meu caso!

- Ok, então... Mas enfim, eu vou ter que te deixar sozinha aqui porque tenho que fazer a minha inscrição, do Luca, e do Alberto, na Copa Portorosso.

- Sem problemas, os gatinhos vão me fazer companhia. Tchau, Giulia!

- Tchau, Antonella!

A ruivinha saiu, e a moça ficou pensando sobre a conversa que tiveram. Por muitos anos, Bruno foi o amor de sua vida, mas a maneira que ele tratava Alberto, a incomodava muito. Massimo por outro lado, era gentil com todos, principalmente com o menino, e era um pai exemplar, o que lhe chamava muito a atenção.

Ela não sabia se estava apaixonada pelo pescador, ou se apenas queria reparar o abandono de Alberto, com uma nova figura paterna. A única coisa que ela sabia, era que Bruno não era nem de longe, um bom pai, e nem se esforçava para ser.

Luca 2Where stories live. Discover now