Capítulo 14

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O abraço de Alberto e Massimo durou alguns minutos. O menino não sabia como reagir à tudo aquilo, ele sentia apenas que o abraço de Massimo era o único lugar seguro no momento.

O pescador sentia a angústia de Alberto, e queria muito ajudar, mas estava tão perdido quanto.

- Eu sei que esse momento é horrível, mas temos que resolver tudo isso, não é? - Massimo fez carinho na cabeça dele. - Você tem que se decidir, Alberto. Quer ir, ou quer ficar?

- E-eu... acho que vou pra Gênova... - Ele secou as lágrimas, e soltou o moço. - Acho que tenho que aproveitar mais o Luca, porque eu demorei muito pra contar pra ele que o amo... - Suspirou.

- Eu vou ficar bem, já falei! Olha, devemos arriscar tudo pelo nosso amor verdadeiro, porque só o encontramos uma vez na vida. Você encontrou o seu, então lute por ele.

- Como sabe que o Luca é meu amor verdadeiro?

- Você também contava os minutos pra ele voltar, e olha ele com um olhar apaixonado e sincero, estão verdadeiramente apaixonados.

- Você já encontrou seu amor verdadeiro?

- Eu acho que ainda não. O meu relacionamento com a Alessandra, mãe da Giulia, foi algo real e bom, mas não durou muito. Se lembra que no dia em que fomos buscar os dois na estação, eu disse que te contaria uma história mais tarde?

- Lembro sim.

- Pois, bem... A história era essa. Alessandra era minha melhor amiga, assim como o Luca é o seu. Nós dois começamos a nos apaixonar, e decidimos ter um relacionamento. O sonho da Alessandra era ser uma pintora tão famosa, quanto Leonardo da Vinci, conhece ele?

- Já ouvi falar, mas não muito.

- Bom, não importa. Ela nunca conseguiria realizar o sonho aqui, afinal, Portorosso é bem simples e menos evoluída, tecnologicamente falando. Então, tentamos nós mudar pra Gênova. Ela e Giulia adoraram a cidade, mas eu não. Lá é tão lotado, e barulhento... Prefiro minha boa e velha Portorosso.

- Então, se divorciou dela, pra cada um seguir seu caminho?

- Não foi bem isso... - Suspirou. - Eu queria muito continuar casado com ela, mas eu não duraria mais 5 minutos em Gênova. Tentamos um relacionamento à distância, mas não deu muito certo. Era muito difícil, e eu não queria privar ela de outros relacionamentos, então eu pedi divórcio. Foi doloroso no começo, mas foi melhor assim. Gosto de pensar que relações são como capítulos de uma história na nossa vida. Términos são apenas o fim de um capítulo, e o começo de um novo.

- O que quer dizer?

- Quero dizer que algumas pessoas demoram a encontrar o amor. Você encontrou rápido, e não pode perder a oportunidade de estar com ele. Eu e ela sabíamos no fundo de nossos corações que não éramos o amor verdadeiro um do outro, então nos separamos. Você e o Luca se amam, então não têm motivos pra não estarem juntos.

- Mas, você também é meu pai! Eu não sei como dizer pra minha mãe que o marido dela não gosta de mim...

- Não diga isso, acho que o Bruno só demonstra amor de outra forma.

- Não é só isso... Quando eu morava só com ele, era horrível! Ele nunca prestava atenção em mim, nunca ria das minhas piadas, e sim, eram horríveis, mas ele podia fingir que não! Ele simplismente me deixava fazer o que quisesse, porque não tava nem aí... Ele nunca falava sobre a minha mãe, e foi embora, sem nem me avisar... - Alberto ficou alguns segundos calado.

- Olha, Alberto... Eu sinto muito, e sei que a solidão dói as vezes, mas...

- MAS NADA! Eu passei uma semana inteira chorando por culpa dele! Eu não conseguia comer, senti medo, não dormia bem... Eu presenciei a maior dor da minha vida! Viver um abandono daqueles, me traumatizou muito... - Alberto começou a chorar. - Eu me culpei por tudo aquilo, durante meses! Tô cansado de achar desculpas pra isso, o Bruno me abandonou, e ele NUNCA me amou! Eu só queria alguém que se importasse comigo, e eu achei, bem longe dele...

- Massimo secou as lágrimas de Alberto. - Você é um menino incrível, e se eu pudesse, te levaria pra bem longe dele. Mas eu acho que a sua mãe gosta muito dele, e acho que ela não sabe como você se sente...

- É, eu deveria conversar mais com ela... - Limpou o nariz com a mão.

- Sua mãe é incrível também, e bem compreensiva. Gosto muito dela.

- Gosta?

- Gosto, principalmente do sorriso e dos olhos brilhantes, ela expressa felicidade... - Sorriu.

- Você... tá apaixonado pela minha mãe?!

- Quê?! N-não! Nunca, ela é só minha amiga! - Disse corado.

- Ah, que fofo! Hey! Já que você gosta dela, ela e meu pai podem se divorciar, e você vai poder casar com minha mãe! Vamos ser oficialmente pai e filho!

- Alberto, não! Eu nem sei se ela gosta de mim! Fora que não dá pra esquecer alguém tão rápido assim, seus pais se conhecem desde criança!

- Ah, qual é? Você e ela formam um casal melhor, e só minha opinião importa! - Cruzou os braços.

- O amor não é tão fácil assim, tenho medo de ir rápido demais...

- Bom, vocês casando, já tá ótimo!

- Riu. - Acho melhor voltarmos ao trabalho, né? Os peixes não vão se pescar sozinhos!

- Até porque, isso conta como suicídio.

- É um bom ponto de vista.

- Valeu, pai!

- De nada, filho... - Falou tocando o ombro dele.

Adotar Alberto formalmente era tudo que o homem mais queria, mas ele se sentia mal em pensar em arruinar um casamento. Bruno não parecia um mau marido, apenas um mau pai. Mas, as aparências enganam, ninguém sabe o que acontece quando mais ninguém está por perto.
  

Luca 2Where stories live. Discover now