9. Tempo para futilidades

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Anya não conseguiu nem reagir direito diante da expressão de pura surpresa que estava no rosto de Hendrik. Como ele podia estar ainda mais bonito mesmo naquela expressão abobada? Precisava era se segurar para não soltar outro suspiro na frente dele. E precisava achar alguma palavra para responder também, mas Meike foi bem mais rápida naquele quesito, tanto que Anya nem notou a presença dela.

– Micha, essa é a Anya, lembra que te falei dela? Ela está ficando comigo no meu apartamento.

– Você não me falou dela, Meike. – a resposta de Hendrik veio sem que ele sequer se virasse na direção da irmã.

– Falei sim! No jantar que a gente teve! Da pessoa que eu ajudei no acidente de carro, lembra?! – a loira insistiu.

Só então que Hendrik se virou para a irmã, agora com um quê de preocupação ao se voltar para Anya.

– Você sofreu um acidente de carro? Está bem?

– Est-

– Claro que está, você é surdo, Micha?! Eu disse que a ajudei e até ofereci pra ela ficar lá em casa! Se você prestasse atenção no que eu digo, saberia disso!

Anya só riu sem graça da resposta emburrada de Meike. A empolgação da loira com o fato de que Hendrik tinha reconhecido Anya era palpável.

– Ela me disse que vocês se conheceram na faculdade, passaram até um ano juntos, por que eu nunca soube disso?!

O comentário de Meike fez com que uma expressão indecifrável tomasse conta do rosto do homem. Anya quase engoliu em seco, será que a reação dele era por que mesmo sabendo que o irmão maluco de Meike era seu ex-namorado, não tinha tentado falar com ele?

– E eu vi um monte de vídeos dela também dançando no balé. Você já tinha visto, Micha? São apresentações tão bonitas!

– Eu vi sim. – o loiro respondeu, e Anya ainda estava tentando lembrar como falava inglês para responder algo. Mas Meike parecia bem interessada em continuar bombardeando o irmão com informações desnecessárias.

– Se eu soubesse que você a conhecia, tinha falado com você antes de oferecer o apartamento pra ela ficar comigo enquanto se recuperava. O JJ que ficou implicando comigo dizendo que eu era ingênua demais quando a chamei pra ficar lá em casa depois do acidente. Mas eu não podia ficar sentada sem fazer nada!

– Você é ingênua demais sim. – Hendrik concordou, virando-se para a irmã. – Não devia estar treinando, Meike? Ou não está levando os seus treinos a sério?

– Eu estou sim, estou sim!

– Então?

– Mas... mas... eu queria conversar mais com a Anya e você e...

– Faça isso depois do treino. Já faltou por vários dias por causa do trabalho, não se negligencie. – ele retrucou.

– Você é muito chato, Micha!

– Treino. – ele apontou o tatame e Meike teve que sair de lá quase bufando para começar o próprio treino.

Só então, Hendrik voltou-se de novo para Anya e daquela vez, sentou-se ao lado dela, encarando-a de lado e tão de perto que a morena sentiu como se todo o sangue tivesse sumido do rosto. Era melhor que Meike estivesse ali para continuar conversando infinitamente, ou que tivesse escapado enquanto ainda tinha chance. Mas se virar e encarar aquele rosto tão bonito a apenas dois palmos de distância fez com que o coração dela falhasse uma batida.

– Quando você voltou para os EUA? – Hendrik perguntou, finalmente quebrando o silêncio entre os dois e Anya sentiu um pouco mais de casualidade no tom dele, mesmo que muito interessado e tão focado em sua figura que estava lhe deixando realmente constrangida.

Um Chamado do DestinoWhere stories live. Discover now