42. Briga de irmãos

34 4 0
                                    

Hendrik só observou enquanto a irmã se aproximava com uma expressão entre raiva e preocupação, a sua reação automática foi tentar evitar o assunto.

– Não-

– Não se atreva a dizer "não lhe interessa" de novo, ou juro que atiro no outro braço!

– Ia dizer que "não foi nada". – Hendrik suspirou resignado e foi Anya que se levantou primeiro.

– Converse direito com sua irmã, Hendrik.

– Eu já disse que não foi nada demais. – ele ainda protestou, virando o rosto para o lado.

– Micha!

– Ele deslocou o ombro treinando com você essa semana. – Anya que explicou, recebendo logo um olhar de reprovação de Hendrik, que ela prontamente ignorou.

– Que história é essa, Micha?! – Meike se adiantou na direção do mais velho, com as mãos apoiadas nos quadris, a expressão surpresa e um pouco preocupada.

– Já disse que não foi nada. – ele insistiu, levantando-se também com uma careta de desagrado. – Eu vou tomar um banho.

– Você nem se atreva a sair agora, Micha! – Meike reclamou. – Como você se machuca desse jeito e não me fala nada?

– Por quê? Você não é médica, nem enfermeira. De que ia adiantar lhe dizer?

A série de reações ao comentário de Hendrik foram bem pontuais e simultâneas. Anya fechou os olhos e suspirou resignada, imaginando algo entre o motivo de estar com o loiro e o motivo dele ser tão insensível. Jack, que estava na porta de entrada do quarto em respeito ao dono da casa até arqueou as sobrancelhas e deu alguns passos, sabendo que a resposta objetiva no mínimo deixaria Meike frustrada. Quanto a Meike, ela teria apenas virado a cara e dado um longo tratamento de silêncio no irmão mais velho que já estava acostumada a ouvir aquele tipo de asneira, mas daquela vez, estava ainda mais irritada.

– Como é que você tem a cara de me responder desse jeito, Micha?! Você não tem noção nenhuma de como ser um ser humano minimamente decente?! É tão difícil assim pra você assimilar que eu sou sua irmã e me preocupo com você?! – a loira esbravejou, e a vontade dela era de realmente atirar no outro braço do mais velho.

– Por que acha que eu não conto essas coisas? Você se preocupa demais sem necessidade. – Hendrik rodou os olhos como se o assunto todo fosse irrelevante.

– Sem necessidade?! Meu Deus do céu, como você é insensível!!! Já que não liga mesmo que eu me preocupe, eu podia bem ter enfiado a bala no meio do seu braço pra valer a raiva que me faz!

– Fui eu que desloquei o ombro e eu que levei o tiro, por que é que você está reclamando?! – retrucou Hendrik.

– Por um minuto o JJ me convenceu que eu devia falar com você, mas quer saber de uma coisa?! Você pode perder o braço e morrer de dor que eu não vou mais dar a mínima!

– Eu não pedi pra vir falar com-

– Chega! Calem a boca!

Daquela vez, foi a voz de Anya que se sobressaiu à discussão infantil dos dois irmãos. Os dois pararam mais pela intensidade da ordem, porque com certeza o que tinha saído aos lábios dela, se não era russo, era bem perto.

Meike e Hendrik se viraram no mesmo instante na direção da morena que tinha levado as duas mãos ao rosto, pressionando o espaço entre os olhos fechados como se tentasse manter o resto de paciência que tinha.

– Mas foi ele...

– Ela que...

– Eu não quero saber. – Anya interrompeu as duas tentativas de explicação dos dois e abriu os olhos, baixando as mãos até apoiar na cintura, o sotaque voltando a ficar mais compreensivo.

Um Chamado do DestinoWhere stories live. Discover now