59. Mal-entendidos

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Meike não conseguiu se concentrar muito no trabalho naquele dia, então as suas pesquisas para as novas medicações não renderam muito. Era erro atrás de erro em testes que ela repetiu mais de uma vez com as mesmas condições só por estar distraída. A loira suspirou, ajustando os óculos no rosto e se jogou na cadeira do escritório, fechando os olhos por um instante.

Mas talvez o universo não quisesse que ela descansasse, porque mal fechou os olhos, ouviu o celular vibrando sobre a mesa e foi obrigada a estender a mão para atender a ligação. Ao ver o nome de Hendrik na tela, toda a energia e a preocupação voltaram de uma vez e ela até arrumou a postura antes de atender.

– Micha, o que foi? Alguma coisa com a Anya? Ela está bem?

Pode sair mais cedo para ficar com a Anya no hospital? – ele perguntou, sem muitos rodeios. A voz estava tão baixa que Meike quase não ouviu.

– Eu posso sim, você vai passar em casa e voltar mais tarde?

Eu não vou voltar. Se puder, fique com ela por enquanto. Os pais dela devem estar chegando de viagem em breve.

Meike se surpreendeu de ouvir que ele não ia voltar para o hospital. A voz de Hendrik não estava exatamente baixa, parecia mais hesitante. A loira sentiu um desconforto estranho e por um momento, considerou que ele ia deixar Anya no hospital para voltar ao trabalho.

Meike? Está me ouvindo?

– Eu... estou sim. – respondeu Meike. – Vai descansar hoje e voltar amanhã então?

Não. Eu não vou voltar mais. – o tom de Hendrik vacilou um pouco e ele suspirou do outro lado. – Cuide bem dela. Se precisar de alguma coisa, o Stiles estará no hospital e pode pedir direto ao Sr. Anderson também.

– Como assim você não vai voltar mais, Micha?! O que acontec-

Eu tenho que trabalhar. Falo com você depois.

– Trabalhar? Micha, você n-!!!

Ela nem teve tempo de reclamar, a ligação caiu do outro lado e ela encarou o telefone incrédula com a resposta do irmão. Com um suspiro resignado, resolveu só arrumar as coisas no escritório para sair mais cedo e ir até o hospital.

Quando Meike chegou ao andar em que Anya estava internada, ela sentiu mais uma vez o desconforto de encarar a nova amiga naquele estado grave através do pequeno vidro da porta. Por um instante, ainda imaginou que se o ex-namorado de Anya tivesse tentado fazer aquilo com ela, como no dia da invasão ao apartamento, ela teria mais chances de se defender e se livrar, um pensamento que trouxe as palavras de Hendrik à sua mente. Ela suspirou resignada consigo mesma e deu um par de batidas leves na porta antes de entrar.

– Anya...? – Meike chamou num tom de voz ainda mais baixo do que as batidas. – Está acordada?

Oi, Meike...

A resposta fraca de Anya mal chegou aos ouvidos de Meike, mas a morena virou o rosto na direção da porta, os olhos fundos e a tez pálida só reforçavam o estado abatido.

– Que bom te ver acordada. – Meike se aproximou da cama, levando a mão até a da amiga, que estava com os dedos frios.

Anya só fez um aceno de cabeça em concordância e piscou longamente antes de voltar a falar.

Ainda estou um pouco lenta por causa dos remédios, mas estou consciente.

– Está sentindo dor?

Não... – ela fez um aceno breve com a cabeça e olhou na direção do pé cheio de pinos. – Acho que tenho que agradecer os medicamentos fortes. Só é desconfortável...

Um Chamado do DestinoWhere stories live. Discover now