Capítulo 01

567 16 40
                                    

O sol se erguia do horizonte banhando o acampamento adormecido em meio a floresta, tirando vários gatos de suas tocas, os convidando para se aquecer no calor confortável da manhã. Momentos depois, Estrela Valente saiu de baixo de um grande toco grosso e esticou bem seu corpo, logo balançando majestosamente o pelo de um lado para o outro. Aquela manhã prometia um belo dia ensolarado, havia muito que se fazer antes da estação sem folhas chegar a floresta, estocar comida para a rigorosa estação que vinha era a maior prioridade do líder.

Um gato preto se aproximou cumprimentando o grande gato branco com um miado amigável, era Cauda Branca, seu leal representante e querido amigo.

— Organizei a primeira patrulha do dia, devo mandar preparar uma patrulha de caça agora? — perguntou o representante, soltando um confortável bocejo.

— Sim, devemos aproveitar as boas presas que ainda há na floresta — respondeu Estrela Valente, observando o acampamento começar a se movimentar.

Uma lua havia se passado desde que havia se tornado líder, a profecia que recebera do Clã das Estrelas ainda buzinava em seus ouvidos, mas o significado das palavras da gata prateada ainda estavam perdidos como uma toupeira sem toca. Naquela mesma noite após retornar da Caverna Brilhante, ele e a curandeira do Clã do Fogo, Mancha Negra, discutiram sobre o significado da profecia, mas a confusão brilhava nos olhos da gata como nos seus.

Ao despertar dos pensamentos profundos, o líder se despediu do representante e foi até a pilha de presas, pegando um coelho gordo e apetitoso. Animado, se dirigiu para um  amontoado de arbustos de amoreira do outro lado do acampamento, ao entrar na toca o cheiro fraco de leite e filhotes subiu as suas narinas. O berçário estava calmo e um pouco vazio, Pelo de Castanha havia dado à luz há dois amanheceres atrás, mas seus filhotes precisaram ficar na toca de Mancha Negra devido à uma febre repentina, a gata se recusava a deixar seus filhotes, então esteve dormindo lá desde então.

Estrela Valente identificou uma forma dourada malhada em um ninho mais perto da parede da toca, com a cabeça erguida soltando um bocejo, era Pelo de Sol, sua companheira que tanto amava. Se dirigiu até a gata e deixou o coelho no chão, logo deu a rainha uma lambida carinhosa na orelha, recebendo um ronronar em retorno. A gata tocou o focinho com o do líder, dando ao companheiro uma lambida na bochecha.

— Achei que você deveria reunir algumas forças — miou o grande gato branco carinhosamente, empurrando o coelho com a pata.

— Mais um pouco e nascerão — miou Pelo de Sol, esticando as patas dando vista a barriga inchada.

— Sim, vamos garantir que tudo dê certo — respondeu Estrela Valente, não podendo disfarçar o quão feliz estava.

— Não sei se poderei comer tudo isso.. — ronronou a gata, deixando óbvio que queria companhia para disfrutar da presa farta.

O líder não poderia negar um convite tão tentador de ficar com sua companheira, ainda mais quando Cauda Pintada não estava na toca, pois a rainha já estava quase o proibindo de entrar no berçário de tantas visitas que fazia. Se agachou ao lado da companheira e compartilharam a presa em silêncio, aproveitando a companhia um do outro. De barriga cheia, trocaram lambidas antes de Estrela Valente deixar o berçário, ele queria saber como anda o treinamento dos aprendizes mais velhos e o estado dos filhotes de Pelo de Castanha.

O primeiro guerreiro que avistou foi Presa de Lobo, logo atrás dele vinha Coração de Gelo, o irmão mais novo do líder. Trotou de encontro aos guerreiros os cumprimentando com um miado caloroso.

— Como anda o treinamento de Pata de Macieira e Pata Rápida? — perguntou o grande gato branco.

— Creio que Pata de Macieira já está pronta, não há mais nada que eu possa ensiná-la — foi o guerreiro branco que começou, seu olhar era firme e cheio de respeito pelo irmão.

Gatos Guerreiros: Outono VermelhoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora