Capítulo 03

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— Sangue de gato! — miou o guerreiro marrom.

— Pensei ter dito para não saírem sozinhos! — rosnou o líder, disparando em direção à fonte do liquído vermelho.

— Mas ninguém saiu! Deve ser algum guerreiro do Clã da Geada! — arfou a guerreira cinza claro, logo atrás do grupo.

A patrulha seguiu o cheiro até uma toca escondida entre algumas pedras, não muito longe da fronteira com o Clã da Névoa. Todo gato sabe que não se deve entrar em uma toca quando você não sabe o que há lá, mas os instintos de Estrela Valente o impulsionaram imediatamente para dentro, passando pela entrada manchada de sangue. Estava escuro, frio e silencioso, a toca cheirava fortemente à raposa e sangue, com uma grande poça do líquido vermelho coagulando no chão. Quando sua visão se adaptou, o líder congelou ao identificar os montes escuros caídos no chão, uma gata com o pescoço rasgado e o corpo cheio de mordidas profundas e seus dois filhotes cobertos de arranhões, mortos cruelmente por sufocamento. O coração do grande gato branco doeu perante tal cena, seria isso o que aconteceria com Pelo de Sol e seus filhotes caso as raposas os peguem.

— Estrela Valente! O que há aí dentro? — perguntou Garra Rápida do lado de fora.

Estrela Valente não conseguia falar, mas isso não impediu de Folha de Macieira entrar com o guerreiro preto e branco. Os dois gatos pararam ao lado de seu líder, olhando espantados para os corpos mutilados no chão, não havia palavras que justificavem as ações das raposas, elas não mataram para comer, não mataram para se defender, apenas mataram porque queriam.

M-Monstros... — sussurrou a guerreira marrom claro, tremendo.

Garra Rápida foi até a gata e tocou a ponta da cauda em seu ombro, sussurrando gentilmente para a mesma palavras reconfortantes, Estrela Valente balançou a cabeça de um lado para o outro, desviando a atenção dos corpos, enquanto se recuperava do choque, os gatos ao lado se separaram, olhando para si em busca de ordens.

— ..Vamos enterrá-los e.. — fora interrompido por um miado fraco.

Os três gatos olharam rapidamente para uma pilha de musgos bagunçadas, havia algo se contorcendo no meio dos pedaços. Folha de Macieira foi até a pilha de musgos e enfiou o focinho ali, afastando os pedaços, descobrindo um pequeno filhote preto com manchas mais escuras incomuns.

— Um sobrevivente! — engasgou a gata, se abaixando para lamber o filhote que miava mais e mais.

— Obrigado Clã das Estrelas, ao menos um.. — suspirou o guerreiro preto e branco, indo até a guerreira marrom claro.

— Vamos levá-lo conosco, levem-no para fora, ele precisa respirar ar limpo — ordenou o líder.

A patrulha compartilhou línguas com a gata e seus filhotes e os enterrou, o grupo voltava para o acampamento em silêncio, vez ou outra o filhote miava, faminto. Decidiram ir pela Clareira Florida, como não havia onde se esconder e era um local muito grande, ver um predador chegando seria fácil. O cheiro das flores pareciam penetrar na alma de Estrela Valente, de repente se sentiu calmo, seus músculos ficaram relaxados e parecia mais um dia normal de sua vida, e seria, se não fosse pelos recentes acontecimentos.

A calmaria passou quando uma figura prateada e negra os encarava entre as árvores à frente, uma raposa. O coração do líder pareceu congelar perante o olhar frio e sem vida do animal, parecera que era somente um corpo sem vida, se recusando a cair após a alma o deixar. A raposa andou para trás e se misturou com a escuridão da floresta, sumindo do campo de visão do grupo.

— Está sozinha, vamos! — rosnou Manto de Névoa, saltando para frente.

— Não! — o grande gato branco a deteve, colocando a cauda à frente — é isso o que ela quer, nos atrair para um armadilha e então nos matar, vamos ignorá-la e continuar — miou sério.

Gatos Guerreiros: Outono VermelhoWhere stories live. Discover now