The voice into the silence.

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Alguns dias se decorreram e, enigmaticamente, não tornei a cruzar-me com o Harry desde a nossa última convergência. O Louis praticamente evaporou-se e não compareceu novamente na nossa escola.

Aproximando-me de casa, a ânsia renasce no meu interior só pelo incessante desejo que remexeu no meu pensamento e corrói-me a serenidade.

"Boa tarde, menina Emma." o seu sorriso saúda-me meigamente.

"Boa tarde, John." retribuo o cumprimento e aproximo-me para beijar a sua face assinalada pelas marcas dos seus anos de vida.

O portão é-me aberto com toda a sua gentileza que apresso-me em agradecer. John é o segurança desta casa desde muito antes do meu nascimento e sendo assim, posso afirmar e assegurar que ele pertence à família.

"Como correram as suas aulas, menina?"

"Dentro dos possíveis." sorrio evitando demonstrar, uma vez mais, o pesar que afasta a minha tranquilidade e expulsa a minha sanidade noite após noite.

Mordisco o interior da minha bochecha, contorço-me para ganhar firmeza suficiente para reprimir-me e não interrogar.

Porém, o meu coração adquire voz e exprime-se por si próprio.

"John..." volto-me e apelo à sua atenção. Ele eleva o olhar e atenta em mim. "O Zayn...Ele telefonou?"

O sábio e cortês homem adquire uma expressão cabisbaixa fitando o chão, ele suspira e enfrenta-me.

"Lamento, menina Emma." o John abana a cabeça, lamentando. "O menino Zayn não telefonou mais nenhuma vez."

Processo a informação e assinto, vejo-me forçada a aceitar a dura realidade que durante uma específica ocasião da minha vida limitei-me a fugir do meu irmão unicamente para evitar o eventualmente sofrimento.

Todavia não o impediu de alcançar-me, o temido sofrimento localizou a trajetória que o reencaminhou a mim e agora...terei de habituar-me à solidão que é-me impingida.

Abro a porta e desloco-me para o interior da minha casa. Por segundos ainda pondero em sentar-me no sofá e assistir a algum programa televisivo, porém a vontade rapidamente desvanece. Nesse caso subo as grandiosas escadas que dar-me-ão acesso ao segundo andar.

"Menina Emma, o almoço está pronto." a senhora surge de rompante vinda da cozinha e alerta-me docemente.

"Obrigada Mariah. Por favor desfrute do resto do dia com uma folga, é merecido."

"Oh, agradeço imenso!" a mulher celebra aprontando-se.

Suspiro e subo lentamente as escadas pois, cada degrau e cada passada apresentam um ridículo pesar nos meus músculos.

"Vais demorar muito? Que vagarosa que tu és."

"Aah!" guincho perante o susto do súbito surgimento de uma voz corrompendo o silêncio.

Receosa, viro-me no degrau e observo atentamente em meu redor na tentativa de reconhecer a proveniência da sua voz.

Porém...sou a única presença nesta divisão. Estarei a enlouquecer?

"Este é um excelente programa televisivo."

"Aahh!" a televisão liga-se sozinha e guincho novamente, apavorada.

Desço apressadamente os restantes degraus sujeita a tropeçar e rebolar por todos eles porém isso não importa, não agora que alguém certamente brinca com a minha pacificidade.

Loudest ScreamWhere stories live. Discover now