There's still a little bit of your ghost.

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[Leiam o capítulo inteiro ao som da música que coloquei na multimédia. Little Mix - cannonball]

Capítulo 68

Quarta feira.

Levo a caneca com chá até aos lábios, a substância quente escorrega pela minha garganta, aquecendo-a.

"Como soubeste?" a pergunta rondou a minha mente desde que acordei e agora que finalmente consegui acalmar-me minimamente, ganhei coragem para arriscar e questionar.

A questão foi lançada e o Louis limitou-se a permanecer igualmente, apenas a encarar-me. Quase juro que ele tenta vasculhar pela resposta perfeita e receia na sua escolha.

"Louis, tu surgiste exatamente no último segundo e salvaste a minha vida. Primeiramente, como soubeste que eu não estava em casa? Entre tantos locais, como acertaste no correto?"

"Desde o momento em que naquele bar tu enxotaste-me, eu pude ver diretamente nos teus olhos toda a tua mágoa e durante horas eu senti-me um lixo, um traste. Eu queria e precisava de falar contigo, não conseguia aguentar mais um único instante sem te ver e por isso decidi encaminhar-me para o apartamento do Zayn apesar de ser madrugada. Adivinhei que lá estarias porque era meio óbvio, forjei a fechadura e entrei, deparei-me com o teu bilhete no móvel de entrada. Todo o meu corpo gelou e o pânico instalou-se."

As duas pérolas azuis deixam de ser visíveis quando o Louis fecha os olhos, recorda o momento em que se deparou com o bilhete de despedida por mim deixado e, suspira. Não é um suspiro de alívio como seria esperado, ao invés é algo pesado, repleto de mágoa.

"E quanto à praia? Como soubeste que era lá onde eu estava..? Quero dizer, existem diversos locais onde eu poderia estar."

"Nunca me esqueci Emma." o tom de voz do Louis é baixo, estranhamente pacifico enquanto as suas mãos envolvem a caneca quente e os dedos desenham círculos imaginários.

"..O quê?"

"Comigo já compartilhaste os teus segredos, as tuas tristezas, os teus maiores medos e receios." o seu foco de atenção vira-se para mim, instantaneamente o meu coração aperta de forma inexplicável. "Nós possuímos momentos tão felizes no nosso historial de vida até hoje. Eu limpei as tuas lágrimas nos horas mais arrebatadoras, segurei a tua mão e impedi que a decadência te sugasse, céus Emma eu posso afirmar com toda a convicção que te conheço como a palma da minha mão. Eu conheço-te, eu conheço os teus instintos e ideais, eu poderia ser cego e apesar disso continuaria a ver-te e conhecer-te melhor do que talvez a mim próprio."

Engulo em seco, não por me sentir desconfortável, apenas por ser intimidante o facto de alguém me conhecer tão bem ou melhor do que eu realmente gostaria ou até estou acostumada.

Cada palavra do Louis é proferida com sentimento, é verdadeiro e por breves segundos eu pude aliviar a minha mágoa para com ele. Ele transmite-me uma sensação de paz, segurança e a estabilidade do meu mundo, especialmente nesta fase que anseio por equilíbrio. Se eu pudesse simplesmente arrancar este ardor no meu peito, talvez apagar as memórias do Harry e a existência dele na minha vida.

Tornar-se-ia mais fácil apagar tudo, apenas esquecer. Porém, no fundo da minha essência, desejaria realmente isso? Apagar uma marca do Harry na minha vida..? Sinto-me tão confusa, a minha cabeça lateja, não saio desta casa há dias e refugio-me neste ponto de abrigo porque sinceramente, pela primeira vez tenho medo do mundo lá fora após tantas revelações.

"Quando nos conhecemos, conversámos uma vez na praia. Foi quando me revelaste que existiam pessoas pelas ruas à espera do momento correto para te capturar e eu senti-me um traste, sabias? Porque uma dessas pessoas era eu, apesar de eu ter desistido mesmo antes de trocar uma única palavra contigo. E tu abriste o teu coração para mim, admitiste que quando precisavas de fugir do rebuliço que a vida te proporcionava para apenas adquirir breves instantes de paz, a praia era o teu refúgio. Então, eu soube de imediato."

Loudest ScreamWhere stories live. Discover now