Capítulo Sete

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Quando abri a porta do escritório do arquiduque, minha mente já fantasiava com inúmeras formas de castigo. Então adentrei no cômodo mantendo Drystan seguro atrás de mim, longe do campo de visão dele. Não havia nada do que minha mente havia produzido, nem uma faca ou qualquer material de tortura estava a vista, pelo contrário o escritório permanecia da mesma forma que ontem.

Aparentemente, Ambrose foi o único que mudou desde que nos vimos. Está relativamente mais pálido, com as bolsas escuras abaixo dos olhos bem mais acentuadas do que nas horas anteriores, os lábios continuavam com o tom doente de cinza acompanhados de rachaduras na pele fina.

Mesmo com esse aspecto cansado, ele ainda possui uma aparência avassaladora.

— Apresento-me como o ordenado, senhor — fiz uma breve mesura, dei um pequeno passo para o lado para que meu irmão ficasse no alcance dos seus olhos. — Como o senhor sabe, esse é Drystan, meu irmão mais novo.

Diaval olhou brevemente em nossa direção e voltou a encarar os papéis espalhados em sua mesa. Não precisa ser um grande observador para notar as feições assustada do meu irmão, ele não sabia como disfarçar seus sentimentos e consequentemente o medo ficou transparente em seus olhos arregalados e levemente marejados que não passou despercebido por Ambrose que pareceu ter notado isso antes mesmo de olhar para nós, como um animal que fareja o medo em suas presas.

— Sentem-se e esperem, eu preciso finalizar isso primeiro — foi apenas o que disse, mantendo os olhos em seu trabalho, mesmo assim eu consegui ver uma veia pulsante em sua testa.

Guiei o meu irmão para o conjunto de chá na outra extremidade do escritório, nos sentamos lado a lado em um dos confortáveis sofás e esperamos em silêncio enquanto ouvíamos o barulho frenético da caneta tinteiro.

Um tempo considerável e angustiante se passou antes de eu ouvir o som da cadeira se arrastando no piso. Prontamente, meu irmão e eu ficamos em alerta, rígidos com o perigo que se aproximava a passos vagarosos. Eu nem respirava quando Diaval tomou posse de uma poltrona de frente para nós.

— Creio que tenha explicado ao seu irmão o motivo de tê-los chamados aqui, estou certo? — ele falou com a voz mais baixa do que o habitual.

— Sim, senhor Ambrose — respondi no mesmo tom.

— Bom, eis aqui a reprimenda de vocês — ele espalhou na mesa um conjunto de papéis em branco. Drystan e eu encaramos confusos. — Estou trabalhando em um projeto para a construção de uma biblioteca pública para o povoado, quero que ambos me deem as informações necessárias para que tudo finalize com êxito.

— Isso é incrível senhor — disse surpreendida —, mas não entendo como Drystan e eu podemos ser úteis. Nós não temos nenhum conhecimento que possa contribuir para esse projeto, nós nem frequentamos a escola — fui sincera quanto às minhas limitações, mesmo que a revelação me deixasse envergonhada.

— Por que? Não se interessaram?

Persona - A Maldição de AmbroseWhere stories live. Discover now