capítulo cinco.

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Presente ㅣ Louis

Eu não consigo tirar Hannah dos meus pensamentos. 

Um ano e meio se passou desde que a vi pela última vez e saber que trabalharei com ela, a vendo praticamente todos os dias, mexe comigo de certa forma. 

Chego em casa e jogo a pasta no sofá. Tomo um banho e meus pensamentos me invadem. 

Hannah provavelmente me odeia depois do que eu fiz, mas eu não a culpo. Eu estava perdido, confuso e indeciso… e infelizmente minhas decisões respingaram diretamente nela. 

Pego o meu celular e procuro seu nome no campo de pesquisas do Facebook. Hannah Harriet Edward ㅡ a acho com facilidade. 

O solteira em seu perfil me causa um certo alívio. Percebo que seus cachos estão ainda maiores do que quando a conheci. Agora eles batem na cintura. Seus olhos verdes expressivos e suas sobrancelhas retas levemente arqueadas continuam exatamente iguais, mas ela está ainda mais bonita.

Ela se forma daqui seis meses, e provavelmente esse é o último estágio antes da sua formatura. Fecho o aplicativo e sinto uma vontade absurda de lhe enviar uma mensagem, mas não faço, não quando sei que não será assim que irei adquirir sua simpatia de volta. 

Me deito no sofá e acabo adormecendo, pensando em como a segunda-feira será ao encontrá-la novamente. 

Chego ao escritório às 7:30 da manhã. Apesar de Hannah rondar meus pensamentos, eu estou ocupado demais tentando organizar as tarefas do dia. Sento em minha mesa e abro o notebook. 

Desabotoo o palito e o abro para que eu fique mais confortável. Trabalho em alguns processos até ouvir uma batida na porta. Murmuro um "entre" e vejo Charles  ㅡ um dos advogados do escritório ㅡ entrar por ela. 

ㅡ E aí, cara? ㅡ Ele se aproxima e se senta na cadeira em minha frente. ㅡ Como estão as coisas? 

Ele apoia a pasta em minha mesa e eu levanto o olhar.

ㅡ Caóticas, como sempre. Tenho uma reunião em ㅡ olho para o relógio em meu pulso ㅡ 15 minutos. Em que posso te ajudar? 

ㅡ Essa é a última semana para entrar com recursos no caso James Spong. ㅡ Ele cruza as pernas. ㅡ Não estou conseguindo achar uma saída para pedir a liberdade condicional, preciso que me ajude a encontrar uma brecha. 

ㅡ Ele é réu primário? ㅡ Pergunto atento e Charles concorda com a cabeça. 

ㅡ Mas a quantidade de droga era enorme. O cara tinha um galpão com mais de duas toneladas de cocaína e foi flagrante. 

Arregalo os olhos e solto um assovio. 

ㅡ Consumo próprio inteiramente descartado. ㅡ Eu solto uma risada. ㅡ Preciso dar uma olhada no processo, mas acredito que não há muito o que fazer a não ser esperar para pedir mudança no regime, daqui alguns meses. 

ㅡ Pois é. ㅡ Ele diz passível, descruzando as pernas e aproximando da mesa. ㅡ Mudando de assunto, você conheceu a nova estagiária do Malcom? Porra, cara... que delícia de mulher. 

Sinto meu sangue borbulhar e limpo a garganta. 

ㅡ Eu a conheço. ㅡ Digo firme. ㅡ E posso apostar que ela não é para o seu bico, Charles. 

Ele solta uma risada, mas não há um traço de humor nas minhas palavras. 

ㅡ E por que não? De onde a conhece? ㅡ Ele arqueia uma sobrancelha e me olha esperando uma resposta. 

Solto um suspiro e me ajeito em minha cadeira, completamente desconfortável. 

ㅡ Isso não vem ao caso. Mas, ㅡ eu pauso ㅡ onde se ganha o pão, não se come a carne. E Hannah é comprometida, conheço o namorado dela. 

Minto e ele me olha franzindo o cenho. 

ㅡ Sério? ㅡ Ele inclina o corpo para trás, encostando as costas na cadeira. ㅡ Jurava que ela tinha dito a Daisy que é solteira. 

ㅡ Eles começaram a namorar agora, então, ela deve ter mentido. Sei que Hannah é comprometida. ㅡ Lanço um sorriso falso em sua direção, mas o semblante dele não muda. 

ㅡ Pois bem, esperarei que ela me diga isso então. ㅡ Ele diz em um tom divertido, dando os ombros e eu fecho os meus punhos assistindo ele se levantar. ㅡ Te vejo mais tarde, Lou. 

Sinto meu rosto queimar quando a porta se fecha, e tento controlar a fúria que sobe pela minha garganta. Eu não vou permitir que Charles se aproxime de Hannah, eu só preciso saber o que fazer para que isso não aconteça. 

Saio da reunião e vou para o refeitório. Assim que entro, avisto Hannah sentada em uma das mesas com o celular na mão. Assim que meu olhar se encontra com ela, ela vira o rosto e seu olhar se encontra com o meu. Ela disfarça e abaixa o olhar para a tela. 

ㅡ Posso me sentar com você? ㅡ Me aproximo. 

ㅡ Não. ㅡ  Sua resposta é rápida e ríspida. 

ㅡ Ótimo. ㅡ Digo, me sentando ao seu lado.

Ela solta um suspiro e então me encara. Seus olhos verdes me queimam e eu olho para sua boca. Hannah tem lindos lábios, e eu me recordo de como era a sensação deles em minha boca, em minha pele, em meu pa...

ㅡ O que você quer, Louis? ㅡ Ela franze o cenho. ㅡ Na boa, o que você quer? 

Você? ㅡ Inclino levemente a cabeça e digo em um tom divertido, o que a faz revirar os olhos. 

ㅡ Eu não quero você. Eu não quero estar próxima a você, eu não quero ter que conversar com você, ou ver você… consegue entender isso? 

ㅡ Olha, Hannah… ㅡ eu solto um suspiro e falo devagar ㅡ eu sei o que eu fiz não foi legal. Eu admito que fui bacaca, e me perdoe por isso, de verdade. Mas foi há tanto tempo. Nós nos dávamos tão bem… nosso sexo era extraordinário, nossa química era sem igual. 

Ela solta uma risada sem humor, me interrompendo. Seus olhos queimam o meu rosto, e ela cora, provavelmente de raiva. 

ㅡ Pra você sempre foi isso, não é, Louis? Um sexo bom, uma química sem igual… 

ㅡ Pra você também era. 

ㅡ Não era só isso e você sabe bem disso. ㅡ Ela engole em seco, desviando o olhar. 

Seus dedos trêmulos voltam para o celular e sei que ela está com raiva. Consigo entender sua mágoa, afinal, eu também ficaria chateado. Mas nós nunca firmamos nada, nós nunca fomos exclusivos, nós nunca namoramos. 

ㅡ Eu nunca te prometi nada, Hannah. ㅡ Sussurro. ㅡ Eu sempre vou bater nessa tecla, porque eu nunca te prometi nada. 

ㅡ Você me prometeu sim, Louis. Você me prometeu honestidade. E se tem uma coisa que você não foi, foi ser honesto e sincero comigo. Eu não te pedi nada além disso, e você enfiou a minha confiança no rabo. Você mentiu pra mim.  ㅡ Sua voz se altera, atraindo a atenção de algumas pessoas no refeitório, mas ela se recompõe e abaixa o tom com os lábios levemente trêmulos. ㅡ Seu ego é tão grande, que você não se lembrava de mim até semana passada, agora, de repente, me quer de novo para satisfazer suas vontades. Mas eu não sou tão idiota como eu era. Eu não sou tão vulnerável mais… eu mudei, e acho que você nem se tocou. Pois bem, se você quer meu perdão, ótimo… Fique sem ele. Agora se quiser reviver o que um dia nós dois tivemos, tire o seu cavalinho da chuva, porque eu erro uma vez, mas duas… não. 

Ela se levanta abruptamente e me deixa sozinho na mesa. Vejo o balançar do seu corpo até ela sair do refeitório. 

Passo a mão pelos cabelos, alisando os fios totalmente frustrado. Sua mágoa me atinge em cheio e eu solto um suspiro. 

Eu realmente fui um filho da puta. 

SUBTOM - L.TWhere stories live. Discover now