Mentira...

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Sanem

Sim, aconteceu.... nos atrasamos, e muito... tanto que ao chegar lá baba estava bravo porque estava morrendo de fome e já havia se passado três horas que eles nos esperavam. Emre estava ao lado de Leyla e ao olhar para Can deve ter entendido nosso tão grande atraso. Não sei como homens conseguem perceber isso só em olhar para o outro, eu posso realmente estar enganada, mas foi o que pensei ao perceber o sorriso malicioso de Emre quando olhou para Can e eu, claro que ele tentou disfarçar, mas eu peguei seu olhar e seu sorriso antes que ele desviasse ambos. Meu pai atacou a comida assim que nos sentamos, mas ficou resmungando enquanto comia por termos demorado tanto, disse até que nenhum de nós deveria reclamar ou se admirar por ele estar comendo tanto, pois a culpa era minha e de Can que o deixou passar fome por tantas horas, que não tivemos dó daquele pobre velho cansado e  seu estômago. Dramático? Sim! E muito! Tentamos dar a desculpa que Can se atrasou para me buscar por estar na fazenda com a mãe resolvendo algo, e acho que acreditaram pois concordaram e não se falou mais sobre o assunto. Somente Emre deve não ter acreditado pois riu e quando perguntaram o motivo ele disfarçou dizendo que tinha lembrado de uma piada, Can quase o fuzilou com os olhos. Enfim comemos em paz, rindo e nos deliciando com a comida de annem, que como sempre preparou para Can seu prato preferido, deixando Emre com ciúmes, mas annem o consolou dizendo que também o amava como filho e que não deveria ter ciúmes, ele acreditou e sorriu, a abraçando. E nessa hora foi a vez de Can sentir ciúme, pois reclamou de não ter recebido um abraço da sua annem, annem logo o abraçou também. Eu amo como eles se amam... eu sou feliz pelo amor que eles tem um pelo o outro. Quando chegou a hora de falarmos sobre o pedido de casamento que Can me fez, Can se levantou e pediu a atenção de todos, baba ainda estava comendo e pareceu não escutar Can, nem mesmo quando Can anunciou que me pediu em casamento. Annem sorriu de orelha a orelha com a notícia e nos parabenizou e abraçou assim como Leyla e Emre. Vi Emre falar algo no ouvido de Can e rir ao se afastar logo depois de Can dar um pequeno empurrão nele de brincadeira enquanto também ria. E baba? Baba ainda continuava comendo como se não existisse amanhã.
— Baba? — Eu o chamei. Ele não ouviu e eu o chamei de novo até que ele escutou e me olhou.
— Baba, não ouviu o que Can disse? — Perguntei com receio dele não ter ouvido e ao ouvir não permitisse.
— Claro que ouvi meu pássaro madrugador. Não estou surpreso... já sabia que isso aconteceria algum dia. E Can falou comigo a muito tempo. — Ele falou como se fosse algo normal do dia a dia e continuou a comer. Eu olhei para Can e ele estava sorrindo. E eu me perguntei quão mais maravilhoso ele poderia ser, ele já havia falado com baba antes de pedir minha mão. Eu sorri para ele com o sorriso que só ele merecia. Abracei baba e ele me apertou forte, dizendo o quanto me amava e o quanto esperava que eu fosse feliz. Ele também abraçou Can e o ameaçou caso ele machucasse seu passarinho, Can o assegurou que seria incapaz de me machucar, pois seria como se estivesse machucando a ele mesmo. Comemoramos e annem e Leyla já estavam me bombardeando de ideias para a cerimonia enquanto Can estava com Emre e baba sentados na mesa conversando, claro que como desde que sentamos a mesa baba come, ele não para, somente para falar algo, mas a atenção logo volta para a comida. Juro que se ele continuar assim vai passar mal... mas fazer o que? É baba! Não tem quem o impeça de comer, ele sempre diz que só a morte o impedirá de alimentar seu estômago, e que ele sempre fica feliz quando come, então se tirassem isso dele o deixariam infeliz. Nunca conheci ninguém tão dramático quanto baba.
Eu e Can fomos dormir na fazenda, encontramos seus pais e eles vieram imediatamente nos abraçar e parabenizar, eu fiquei confusa mas Can logo explicou que eles já sabiam e que foram eles quem o ajudaram a preparar tudo, e saíram de casa deixando a fazenda somente para nós, eu sorri um pouco tímida e agradeci a eles. Nos despedimos e Mirhiban foi logo nos avisando que deveríamos tomar café da manhã com eles. Ela e Can se abraçaram por mais um pouco de tempo, Can disse que a ama muito e ela respondeu que também amava muito o homenzinho dela. Nós rimos com isso e percebi o quanto Can estava emocionado e Mirhiban também, eles ainda estão se acostumando um com o outro, com esse amor, mas parecem se conhecer a muito tempo. Entramos para dentro da casa que agora parece ser nossa e não de Mirhiban. Can me abraça pela cintura e beija meu pescoço.
— Eu te amo muito sabia? — Pergunta e me deixa um beijo no ombro.
— Eu sei, e eu também te amo muito Can... tanto... que as vezes tenho medo, as vezes parece um sonho, que eu não quero acordar, pois não quero viver uma realidade em que não exista você ao meu lado. — Digo com dor no coração apenas em imaginar ficar sem ele algum dia.
— Isso não é um sonho, mas se for, vamos continuar sonhando juntos porquê eu também não quero acordar. Sanem meu mundo sem você não existe, sem você eu seria apenas uma folha ao vento, sendo carregada para onde o vento levasse... como a terra que precisa da chuva, como os peixes que precisam da água para respirar... eu seria uma casca de mim mesmo, apenas sobrevivendo e não vivendo... pois viver já não teria sentido, porque você é como ar que respiro... — Diz me abraçando forte, eu o abraço forte também e sorrio, olho em seus olhos e falo:
— Você nunca conseguiria se livrar de mim Can Divit, eu invadiria ate os seus pesadelos. — Digo rindo para descontrair um pouco.
— E eu não quero me livrar de você! Seria burrice deixar a única mulher bela deste mundo. Eu te amo Sanem Aydin e prometo te amar enquanto viver e nunca te abandonar... seja o que for, aconteça o que acontecer, nunca duvide do meu amor por você.... — Diz sussurrando e me abraça outra vez.
— Eu também prometo te amar até o infinito Can Divit. E não importa o que aconteça eu sempre vou te amar... — Respondo me deixando engolir pelo seu abraço e seus braços. Ficamos assim por um bom tempo, e não me lembro quanto tempo ficamos naquele abraço, pois meus olhos se fecharam enquanto eu saboreava aquele momento naquele abraço que tanto amo... só sei que adormeci nos braços do homem que me fazia sentir segura e que me amaria e protegeria sempre.
Acordei sentindo uma carícia no meu rosto, abri lentamente os olhos e me deparei com dois olhos castanhos escuros brilhantes  me olhando firmemente enquanto sua mão afastava uma mecha que havia caído sobre meu rosto.
— Bom dia... — Ele sussurrou e acariciou meu rosto e vi uma lágrima cair.
— Can, está tudo bem? — Perguntei preocupada limpando a lágrima que caiu em seu rosto.
— Eu sou muito feliz... hoje eu tenho tudo o que nunca tive... AMOR. Eu sou rodeado se pessoas que me amam... eu tenho minha annem e meu baba, tenho minha annem Mevkibe... seu baba que para mim também é como um baba... eu tenho você Sanem... você me amou do jeito que eu sou, me amou antes de tudo... mais do que a você mesmo... e eu te amo tanto por me amar... você me ensinou a amar... me ensinou o que é o amor. — Disse beijando a palma da minha mão.
— Mal posso esperar para casar com você... — Continuou dizendo e eu sorri ainda acariciando seu rosto.
— E eu estou feliz que você tenha tudo aquilo que você tanto sentiu falta... — Falei e beijei seus lábios delicadamente.
— Vi você e sua annem hoje, o quão emocionados estavam... vocês parecem se conhecer a tanto tempo... com um amor tão grande um pelo outro, mesmo que ao mesmo tempo ainda estejam tentando se adaptar a tudo.
— Digo e o vejo sorrir levemente melancólico.
— Sim... você está certa. As vezes ainda não acredito que tenho uma annem e que ela me ama tanto como eu a amo. Eu tenho o que eu não tive quando criança... o amor de annem, que sempre precisei e desejei. Eu amo minha annem... e eu amo e agradeço a Deus que ela seja Mirhiban. — Diz e sorri amplamente, e eu sorrio beijando sua bochecha.
— Fico feliz que esteja feliz por ela ser sua annem... você merece tudo de melhor, você merece uma annem maravilhosa como Mirhiban... dá para ver o quanto ela te ama. — O encaro e ele também.
— Obrigado por estar na minha vida também... você também é o melhor presente que eu poderia ter ganho além de minha annem e meus primos. — Diz ele e me puxa para mais perto do seu corpo.
— Acho que já passa da hora de levantarmos, se não chegamos tarde na agência. — Digo e ele concorda comigo.
Nos levantamos e tomamos banho juntos, claro que não ficamos sem fazer amor. Preparamos algo rápido para o café da manhã e comemos, e vamos em direção a agência.

Albatroz (PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora