Capítulo 2

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<3 bjbjbj

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ELAINE


O rádio estava sintonizado em uma estação que tocava as melhores músicas do ano e já estava quase acabando a aula particular quando meu estômago roncou. DROGA! Continuei explicando o conteúdo para Rômulo, como se nada tivesse acontecido.


— Você está com fome. Caramba, como fui insensível! Marquei para logo depois da escola e não te ofereci nada para comer.


— Imagina, já já eu almoço.


— Imagina digo eu! Vamos dar um tempinho aqui e pegar alguma coisa para comer. — Enquanto falava, levantou-se e fez sinal para que o seguisse.


Bem, se iriamos ter aulas duas vezes por semana, por algum tempo, que mal teria? Levantei-me, seguindo-o até a cozinha. Rômulo abriu a geladeira, retirando de lá alguns itens para um sanduíche e refrigerante.


Pegou o pão no armário, dois pratos, talheres e copos e os colocou sobre a mesa.


— Sente-se e fique à vontade para fazer seu lanche, como preferir.


— Obrigada, Rômulo, você é um amor.


Serviu refrigerante para mim e, quando percebi, já tinha perguntado sua idade. Ele sorriu, demonstrando uma felicidade genuína.


— Faço dezessete no mês que vem.


— Olha só! Temos quase a mesma idade! Sou um ano e pouco mais velha que você.


— Desculpe perguntar, mas não pude deixar de perceber que você anda tristonha ultimamente. Aconteceu alguma coisa?


— Aconteceu sim — lamentei. — Ano passado, enquanto íamos visitar minha avó, um carro bateu no nosso, na estrada. Eu tive alguns machucados e uns ossos quebrados, mas meus pais, que estavam nos bancos da frente, não tiveram a mesma sorte e morreram. Fez um ano no início do mês.


— Meu Deus, Elaine! Desculpe por ter perguntado. Imagino o quanto você sofreu.


— Ainda dói muito lembrar de tudo o que aconteceu, das horas em que ficamos lá, presos às ferragens; do barulho todo daquele monte de gente que se amontoou em volta para ver o que havia acontecido, dos guardas e bombeiros, pessoal do resgate... Eu logo percebi que eles não haviam aguentado, eles não respondiam aos meus chamados, não se mexiam... — Um soluço me escapou e as lágrimas que eu lutava tanto para segurar, escaparam.


Rômulo me estendeu um guardanapo, se desculpando novamente.


— Não precisa se desculpar — suspirei.— Sabe que foi bom ter falado sobre isso? Essas lágrimas estavam querendo sair faz tempo — funguei, sorrindo.


No rádio começava a tocar uma música que tínhamos traduzindo na aula de inglês, I'll be there for you do Bon Jovi.


— Caramba! Maninho, você tem que rever seus modos com as meninas! Fez essa aí chorar com comida na frente dela?


Rômulo me olhou, desculpando-se pelo irmão, meneando a cabeça.


— Você é um grosso mesmo! Cumprimente a Elaine, ela é minha professora particular.


— Professora particular, é? — O recém-chegado me estendeu a mão, aproximando-se. — Desculpe minha indelicadeza, sou Fillipo.


— Elaine — respondi presa em seu olhar, apertando sua mão.


Santo Deus! Nunca em meus dezoito anos isso tinha acontecido comigo. Aqueles olhos verdes me prenderam a alma, como se neles estivesse a outra parte dela, perdida no tempo. Senti minhas bochechas esquentarem, meu coração e a respiração aceleraram e desviei o olhar, soltando sua mão. Eu não me esqueceria daquela música nunca mais! Nem dele! Uau!

— Vamos fazer um lanche, quer? — Rômulo parecia contrariado e até mesmo um pouco irritado com a presença do irmão, mas era educado demais para não o convidar.

— Não, obrigado. Já almocei. — Olhou zombeteiro para o irmão. — Mamãe sabe que está com meninas, sozinho em casa?

— Não enche! — resmungou, pegando duas fatias de pão, colocando em seu prato.

Fillipo saiu da cozinha, rindo alto, mas antes de passar pela porta, olhou para mim e deu uma piscadela. Meu coração pulou uma batida e desviei o olhar novamente, pois minhas bochechas deviam estar vermelhas outra vez.

— Mer.da! — Ouvi Rômulo murmurar. — Desculpe pela grosseria do meu irmão — riu, nervoso, e passou a mão pelos cabelos. — Aqui estou eu, me desculpando outra vez.

Ri junto e mudei o assunto, falando sobre sanduíches e fazendo o meu.

Logo após comermos, voltamos para a sala e retomamos os estudos. Não vi mais aquele moreno lindo de olhos mais lindos ainda.

À noite fui assombrada por aqueles olhos. Sonhos vívidos demais para serem ignorados. Sonhos luxuriosos, coisas que nunca havia experimentado com ninguém.


Eu voltarei! _ DegustaçãoWhere stories live. Discover now