Capítulo 2 - parte 2

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Na escola, minha amizade com Rômulo cresceu e começamos a passar mais tempo juntos. Durante nossas aulas particulares, Fillipo aparecia e, por vezes, ficava observando de longe, tirando completamente minha concentração.

Hoje mais cedo eu o observara enquanto ele estava deitado no sofá, lendo alguma coisa, vestindo apenas um jeans desbotado. Era alto, com certeza tinha quase um metro e noventa, magro, mas parecia malhar um pouco porque tinha os músculos dos braços e do peitoral meio que definidos, pois, de onde eu estava, conseguia observar os contornos. Os cabelos revoltos, em um tom de castanho escuro, contrastavam com o verde de seus olhos.

Até vovó já tinha percebido e perguntado o que estava acontecendo, pois eu ficava suspirando pelos cantos, pensando nele, imaginando como seria nós dois juntos, se a realidade seria tão boa quanto os sonhos. Como agora, em meio à aula particular, não conseguia pensar em outra coisa a não ser ele.

— Acertei? — perguntou Rômulo, estendendo para mim o papel no qual havia resolvido a equação.

— Parabéns! Resolveu em tempo recorde! — Olhei para o relógio e nosso tempo já havia acabado. — Tenho que ir. Nos vemos amanhã na escola, tá?

Levantei e peguei minha mochila que estava em cima do sofá e nos despedimos. Saí porta afora com o coração pesado, pois não tinha visto mais Fillipo, nem de relance. Suspirei e caminhei em direção ao portão. A casa de Rômulo, diferente da minha, era rodeada por altos muros, tampando completamente a visão da rua. Abanei um adeus para ele que me observava da porta, abri o portão, e saí, fechando-o atrás de mim. Parado do lado de fora, recostado no muro, estava Fillipo que veio em minha direção. A excitação me pegou e fiquei sem saber o que fazer.

— Já estou de saída, com licença. — Consegui falar, tentando controlar minha respiração agitada.

— Elaine, queria falar com você. Tem um tempinho?

— Estou um pouco atrasada, mas se quiser me acompanhar... — Não correria o risco de Rômulo sair e nos pegar conversando.

Caminhamos lado a lado por uns metros, até que ele recomeçou a falar.

— Você já percebeu que Rômulo não precisa de suas aulas, não é?

— Como assim? — Indignei-me com sua pergunta e o encarei.

— Ele está caidinho por você. Acho que sempre esteve e essas aulas são puro pretexto para ficar ao seu lado.

— Não acredito numa coisa dessas. Isso tudo é para que eu não dê mais aulas particulares a ele?

— Estou dizendo apenas o que sei. Eu faria isso! Faria de tudo para ficar ao seu lado, mesmo que fosse para aprender coisas que já sei, e muito bem!

— Aonde você quer chegar com essa conversa?

— A lugar nenhum. — Fillipo parou e recostou-se no muro da casa de alguém, pegando uma de minhas mãos. — O que vai fazer sexta à noite?

O calor me tomou e tive a certeza de que minhas bochechas traidoras estavam vermelhas.

— Nada, ficarei em casa, como sempre.

— Quer ir ao parque de diversões comigo? Chegou um à cidade.

Toda essa conversa era só para me convidar para sair?

— Desculpe não responder agora, mas moro com minha avó e preciso falar com ela primeiro.

— Não tem problema. Ela está em casa? Posso ir com você até lá e pedir pessoalmente. Assim ela terá mais confiança.

Eu voltarei! _ DegustaçãoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant