Capítulo I _ perdida

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    Capítulo I _ perdida     

 Para todas aquelas pessoas que adoram um dia chuvoso, para que saibam que  não  estão sozinhas.

E para todos aqueles que buscam os segredos mais profundos em um dia nublado, onde a vida parece não  ser real!

 

 
 
  Eu pisava fundo, droga, esperei o ano inteiro para chegar atrasada na formatura, eu nunca fora a primeira da classe, isso era um fato, mas se tem um dia que eu esperava era o dia em que eu pudesse olhar com o máximo de deboche possivel na cara do senhor thomas, o professor de matemática da qual eu nunca havia gostado, e poder sorrir sabendo que no próximo ano eu não precisaria ver sua cara gorda e inchada, porque eu estaria longe dali, ou pelo menos eu esperava estar.

Judite meu fusca laranja se é que podia dizer que ela tinha uma cor devido a ferrugem que a cobria por todos os lados, parecia pedir arrego, conforme avançava os buracos da velha estrada estreita, coberta por matos altos e enormes poças de lama, eu sabia dos riscos, os carros não passavam ali há anos, desde que construíram o desvio da rodovia setenta e cinco, mas se eu quisesse chegar a tempo era minha única opção, eu não me surpreenderia se chegasse, quando todos já estivessem se dirigindo de volta ao estacionamento da escola, afim de pegar o carro e partirem as pressas para suas casas, assistirem a novela das dez.

Judite engasgava enquanto, o temporal parecia piorar, os relâmpagos clareavam, as árvores das florestas e a não ser por isso, e pelo fraco farolete de Judite, não se enxergava Mais nada, o que era assustador, ela nunca havia me deixado na mão antes, e provavelmente não deixaria agora, tenho ela desde os quinze quando a ganhei de presente do papai, bom não era oque eu esperava, queria um carro novo, mas era o que nossas condições permitiam, um estalo ecoou pelos céus e clareou toda a estrada na minha frente parecia ter caído um raio muito forte, oque me fez estremecer, e me dei conta de uma velha placa enferrujada, escrita com um nome quase apagado rota cinquenta e cinco.
Os faróis de Judite que não clareavam muito começaram a se apagar, aos poucos ela deu um último sinal, e parou no meio do nada.

- agora não garota, não aqui - eu dizia voz alta, enquanto tornava girar a chave, minha vida acabara de desandar, agora era certo de que eu perderia a tão sonhada formatura da qual esperei tanto.

A chuva lá fora caia forte e os faróis de Judite já haviam partido dessa pra melhor, preciso de faróis novos pensei com raiva, enquanto girava a chave numa última tentativa.

Abri a porta, o ar gelado invadiu o ambiente, e quando dei por mim Já estava com minhas lindas botas de veludo, a única coisa nova que eu tinha, dentro de uma das poças de lama, agora já foi, pensava comigo, e caminhei para fora afim de avistar alguma casa, ou alguém para pedir ajuda, mas a consequência foi ficar encharcada e com frio, entrei de volta e bati com força a porta que fez para meu espanto o retrovisor despencar no chão.

- Droga Judite! - soquei o volante, e acredite eu estava falando com um carro, minha noite não podia piorar, em um estalo forte e por um período de segundos Judite estremeceu me fazendo vibrar, ergui a cabeça, e havia avistado o problema, uma árvore despencou no meio da estrada, tá legal a noite piorou, e muito.

Decidi contornar a árvore e continuar a pé com sorte, se eu caminhasse rápido poderia achar uma carona quando chegasse ao desvio principal, continuei caminhando por um trecho de estrada que nada se via, a neblina densa mesclada com a chuva não me deixavam enxergar, conforme caminhava o medo me percorria era assustador andar por ali, ainda mais em circunstâncias como essa, continuei caminhando e parecia nunca ter um fim, até que de longe avistei uma casa velha que parecia mais uma torre no meio do nada, e a não ser pela fumaça saindo da chaminé eu jugaria não morar ninguém ali, suspirei aliviada e apressei os passos, finalmente depois de horas conseguiria ajuda talvez tivessem um telefone, e eu poderia ligar para alguém da escola.

Eu me aproximava ofegante atravessei uma pequena ponte de calcário bem velho sobre um riacho, como alguém conseguiria morar no meio do nada, acho que eu enlouqueceria facilmente, não que eu fosse tão sociável, longe de mim ser assim, gostava de ser o mais invisível possível, parei de frente para a porta que era de uma espécie de madeira estranha talvez Pinheiro, e sem hesitar bati sobre a mesma três vezes, levou uns instantes até eu escutar o mexer de correntes do outro lado da porta, e o ranger da mesma alertava que precisa urgentemente ter as dobradiças lubrificadas, diante de mim agora quando a irritante e regente porta se encontrava aberta, se punha um garoto não tão mais novo que eu, seu olhar era sério e frio não emitia expressão alguma, ele não disse nada somente olhou por um longo período sem piscar e sem se mover, confesso que era estranho.

Cabelos ondulados escuros pele pálida e com olheiras bem a mostra, como se tivesse saído de um filme de vampiros, ora Jade não seja tola, pensava comigo, então resolvi quebrar aquele silêncio.

- eu me chamo jade meu carro estragou aqui perto, - continuei - uma árvore caiu na estrada, estou perdida será, que teria um telefone pra eu poder avisar meus amigos - ele continuou encarado - prometo que não vai demorar, é só que tenho uma formatura pra ir e não posso chegar atrasada - bom na verdade atrasada eu já estava.

- nós não usamos telefone aqui!- ele disse o eu pude sentir o ar frio em sua voz, talvez fosse melhor eu ir embora, Judite esperava por mim.

- não tem algum outro jeito, sei lá um computador com Internet? - droga jade sai daí, eu pensava mais eu era teimosa e ia contra meus próprios pensamentos.

- o que é Internet? - o garoto tombou a cabeça lentamente, tá legal agora eu vou embora.

- se tá zoando né? - Tentei quebrar o clima, quem em San consciência não sabia oque era Internet?- e-e-enfim eu vou seguir andando então- eu guaguejei.

- jasper não seja mal educado, chame a moça para entrar - uma velha senhora se aproximou da porta, tinha um sorriso bondoso, devia ter uns setenta e oito anos seu rosto era enrugado e cheio de sardas.
Eu me virei estava chovendo bastante, não seria má ideia, mas eu não podia me atrasar mais.

- vamos mocinha entre para se aquecer está um frio tremendo aqui fora - eu olhei para a estrada, Judite ficaria bem sem mim, quem iria roubar um velho fusca, sem farol e retrovisor.

Um estalo enorme ecoou nos céus e eu sabia que aquela tempestade não terminaria cedo, bom talvez eles sentissem minha falta na formatura e me preocurasem, tá legal eu poderia morrer que nenhum deles notariam mesmo, e sem mais alternativas aceitei o convite da velha senhora e a segui para dentro da casa.

ROTA 55 (CONTO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora