capítulo IV _ Fugitiva

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Lá estava eu, com frio e encharcada, caminhando por um caminho escuro e deserto, meu coração ainda batia aceleradamente, enquanto os flashbacks vinham a tona, eu podia sentir um calafrio me percorrer, pensando em que diabos havia rolado naquela maldita casa, só de me lembrar me arrepiava, e tudo por conta de Judite, que me deixou na mão justo no dia de minha formatura, maldito fusca velho, houve um tempo em que eu não diria isso, mas Judite havia merecido.

O ar frio se juntava com os pingos gélidos da chuva me fazendo estremecer, talvez eu houvesse feito algo muito ruim e agora estaria pagando pelo mesmo, oque de certa forma seria justo, entretanto eu não me lembrava de nada maligno, a não ser mentir quase sempre para não assistir a aula de matemática do senhor thomas, fora isso considerava me uma santa.

Continuei caminhando sobre o tortuoso e sombrio caminho eu sabia que devia ter voltado para Judite, qualquer pessoa com uma mente normal o teria feito, entretanto a problemática é anti-social jade não tinha o capacidade de pensar normalmente, é minha vida só melhora com o passar do tempo, eu penso nos desastres presentes que me acontecem frequentemente.

Novamente as cenas pertubantes de Gilda e jasper me passaram de pressa a cabeça, eu tentava criar uma explicação lógica para mim mesma, afim de acreditar que não estava ficando louca.

A chuva ainda banhava a velha estrada rural, enquanto eu seguia tremendo, maldita hora em que eu fui pegar um atalho, eu jurava a mim mesma não confiar mais em estranhos, maus foi aí que eu errei.

- me ajuda ele está vindo! - uma garota loira, que vestia um macacão por cima de uma blusa florada, corria em minha direção.

- oque aconteceu ? Quem está vindo? - eu a encarei e em seguida olhei o caminho envolta não havia ninguém.

- o caminhoneiro, ele vai me pegar precisa me ajudar - ela estava desesperada e inquieta, eu precisava acalmá-la eu não suportava ver pessoas em crise de pânico, eu já sofri e sei o quão perturbador pode ser uma.

- moça do que você está falando? Não tem ninguém além da gente aqui? - ele acalmou olhou para os lados e percebeu que eu estava certa.

- Me desculpa, me chamo Margô, fui sequestrada por um caminhoneiro, e por sorte consegui escapar, mas ele vira atrás de mim. - ela acabou de falar, canibais, e agora caminhoneiro psicopata, oque viria depois alienígenas em forma de palhaços?

Resolvi não contar sobre o ocorrido na casa de Gilda, porque se era difícil pra mim, lidar com aquilo imagina para a pobre coitada que acabou de ser sequestrada.

Continuamos o percurso até chegarmos a uma encruzilhada, uma entrada para esquerda e outra para direita, a pronto, pensei comigo, como eu chegaria ao desvio principal, se eu nem mesmo conhecia a estrada, Margô me olhou com olhar de espanto, ao ver um caminhão vir distante.

- é ele- ela se afastou para trás - correee. - e gritou foi o que fiz, eu corri para um dos Lados e a mesma seguiu para o oposto, o caminhoneiro acelerava em sua direção e eu não sabia oque fazer, parei sobre a estrada e rezei para que ele não a pegasse, mas eu precisava sair dali, não que eu fosse uma pessoa ruim, mais enquanto ele estava atrás dela eu pude correr de volta, eu correria até Judite novamente, e me esconderia lá até o dia seguinte que se dane a escola, que vá a merda a formatura, já aconteceu coisas demais e o  que eu menos queria era chegar lá e ver a cara do professor patético de matemática.

Não demorou tanto, e eu avistei Judite em meio a um clarão de um raio, eu nunca fiquei tão feliz em vê-la em toda minha droga de vida, eu a envolvi em um abraço, e pasme, você não  entendeu  errado, eu estava  mesmo abraçada a um carro, escancarei a porta da mesma e me enfiei lá pra dentro.

Passei para o banco de trás e me encolhi no mesmo,  eu estava esperando a hora de acordar e ver que aquilo não  se passava de um pesadelo, que tudo era coisa da minha cabeça ou talvez uma paralisia do sono, o quão  bom seria se fosse.

  O vento assoviava por entre as brechas nas janelas de Judite,  eu ainda acomodada no banco traseiro, corria os olhos sem me mover,  o medo o pânico agora me dominavam, um frio na barriga e uma imensa falta de ar me controlava me fazendo contorcer-se de um lado para o outro.

— Droga crise de ansiedade agora? - perguntei a mim mesma, enquanto me  esticava ainda sem me levantar, e corria a mão  pelo porta luvas afim de encontrar meu Lorazepam, com muito custo encontrei o mesmo, e o tomei, eu estremecia, enquanto tentava me aquecer sobre os bancos já molhados, que eu mesma havia causado, já que estava  encharcada  da chuva.

  A falta de ar continuava, e em meio a ela a fadiga, eu me mexia rápido afim de mandar mais ar para meus pulmões, que foram apenas tentativas falhas, tentei não  entrar em pânico se é que teria como se eu já estava tendo um, o que será que rolou com Margô? Eu pensava, eu devia ter ficado, devia tê la preocurado, ela estava em perigo assim como eu estava antes, a falta de ar almentava, "porra eu vou morrer" Eu pensava comigo e comecei  a socar os vidros de Judite insistentemente, a parei ao perceber as rachaduras e um líquido escorrer sobre meus dedos, agora todos arrebentados.

  Sinto um queimar na barriga ao escutar um estrondo contra a janela da frente de Judite, uma silhueta pairava sobre a mesma batendo constantemente, enquanto  eu estava ali, só queria sumir e também  que toda aquela crise passasse logo, minha visão  ficou turva eu talvez estava alucinando ao ver Margô do lado de fora, até abrir destravar devagar e desajeitadamente a porta da frente, Margô  real ou não , entrou e a fechou de volta, me envolveu em um abraço e eu  me entreguei, enquanto minha visão  se embaçava ainda mais, e aquela maldita falta de ar não  passava e só intensificava  com o tempo.

  Abri os olhos, estava apoiada nas coxas de Margô, que olhava fixamente  para o lado de fora embora nada era enxergado, a não  ser quando os clarões  dos relâmpagos  resolviam rondar a área. A  falta de ar havia cessado, eu me sentia quase "normal" outra vez.

— você apagou achei melhor deixá-la dormir  estava desorientada. - Margô  me olhava sem expressão  alguma ainda sem olhar pra mim.

— crise de ansiedade? - continuou ela, dessa vez se virando para mim.

— é um ó,  queria que essa merda não  existisse! - eu me levantei, e agora estava sentada  no banco, nem me preocupei em perguntar  como ela fugiu do caminhoneiro troglodita, nós duas passamos por muita coisa em uma só noite.
— nem me  fale - ela sorriu.

— Escuta lá atrás quando eu fugi em vez de ajudar você, só  queria que soubesse  que.. - ela me olhava atentamente.

— sem ressentimentos, você estava  certa, não  devia arriscar a vida por uma estranha, ninguém faria isso.- ela emitiu uma tristeza no olhar que eu não  pude deixar de notar.

— eu faria.- apoiei minha mão sobre seu ombro e lancei um sorriso amigável  e prossegui — é que, hoje tem sido, traumatizante demais pra mim.- ela assentiu com a cabeça e sorriu de volta.

— é, a noite  do terror, literalmente.- ela sorriu enquanto, eu me senti segura ao seu lado, ela era uma pessoa legal, resolvi abrir o jogo e contar tudo sobre Gilda, jasper e       Firmino, e para minha surpresa ela havia passado pela casa deles e foi presa lá também.

  Ela me contou com  lágrimas sobre o marido que estava  junto a ela e  que não  teve a mesma sorte em sair de lá, eu a envolvi  em um abraço sem pensar duas vezes, ela havia sofrido demais, e provavelmente  mais que eu.

  A conversa tomou um rumo bem triste, e eu resolvi quebrar o clima mudando de assunto, combinamos de passar a noite ali com Judite, e de manhã que era seguro, seguíriamos o caminho até o desvio principal, e alertariamos as autoridades, e ficamos ali conversando e observando  a tempestade  cair até o momento em que pegamos no sono.

ROTA 55 (CONTO)Where stories live. Discover now