Capítulo 41

80 22 25
                                    


Parte 1

Huma

Eu nunca imaginei passar por uma situação semelhante àquela. Eu me senti dentro de uma novela asiática, onde a família rica oferecia um envelope cheio de dinheiro a mocinha pobre, para abandonar o herdeiro. Neste caso, faltou o envelope, eu ser pobre e o Kim ser o herdeiro milionário. Havia uma empresa, a irmã herdeira, meu emprego e o namorado deserdado. Que é quase a mesma coisa.

O final daquela cena foi mais engraçado do que trágica. Porque a Mina mostrou a mãe que tudo dito naquela sala, tinha sido gravada e a mãe tirou da bolsa um dispositivo de gravação. Ela também gravava nossa conversa. Provavelmente para mostrar ao filho se eu tivesse aceitado.

O que aconteceu em seguida, foi digno de uma família típica brasileira. Solicitei a senhora Kim para sair de minha casa e pedi pizza para meus convidados.

Três semanas se passaram daquele dia e nada mudou na empresa. A Mina, a cada dia se inteirava de todos assuntos que envolvia os diversos setores, queria conhecer cada parte da WKK e suas filiais. A primeira reunião com os acionistas ela deixou claro que faria parte da diretoria, mas que não se encontrava preparada para assumir o seu pai. Apresentou seu currículo para mostrar que não era despreparada como muitos naquela sala imaginava.

Eu sabia que minha cabeça ainda podia rolar, mesmo ela garantindo que sua mãe não tinha este poder.

Junto a tudo isso, minha cunhada passou mal numa madrugada e meu sobrinho avisou que viria ao mundo. Uma correria. Ela queria ter o filho em casa. Minha mãe me ligou apavorada.

— Filha, estou aqui na casa de seu irmão desde as quatro horas da manhã. A doula trouxe uma banheira, encheu de água morna e a Ema está por horas em trabalho de parto e nada de aumentar a dilatação.

— E o Bento?

— Ele fica junto dela fazendo carinho, massagem e dando força.

— Dentro da banheira?

— Não. Do lado de fora. Estou agoniada de ver essa situação.

— Ela não vai mesmo para o hospital?

— Não sei. A médica está em contato com as duas moças aqui. Diz que na hora certa vem. Minha vontade é enfiar Ema no carro e levar a força para a maternidade.

— Mãe, isso não vai ajudar. Acredito que elas sabem o que estão fazendo. Qualquer coisa chama o SAMU escondido.

— E você não acha que já pensei nisto?

— O papai está aí com você?

— Não. Eles nem me queriam aqui. Vim e obriguei me deixarem entrar. Até parece que não iria acompanhar o nascimento do meu primeiro neto.

— Na hora que tiver mais novidades me manda mensagem ou liga. Vou ficar atenta e em oração aqui.

— Vou ligar sim.

As horas passavam e mamãe me atualizava da evolução do parto. Final da tarde, eu já tinha passado por várias etapas do nervosismo. Parei meu trabalho para ficar no telefone com ela, não sei se na função de acalmá-la ou me acalmar. Eu não serviria para este tipo de parto humanizado.

Os relatos de mamãe, dos últimos acontecimentos dentro da casa de Bento, me davam certeza que se um dia eu viesse a ter um filho seria do meio tradicional.

Quem conhece mamãe sabe que ela não aguentaria ficar quieta, passiva na espera. Ela ligou para seu médico, que ligou para a obstetra que assistia minha cunhada. Conversaram e a médica garantiu que tudo caminhava dentro do previsto e aconselhou que minha mãe fosse para casa e esperasse por lá, porque senão quem precisaria de um hospital seria ela.

Um Coreano Caiu na Minha Vida. Completo.Onde histórias criam vida. Descubra agora