Casa de banho D.M.

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P.O.V Draco Malfoy

Corri o mais rápido que consegui até à casa de banho. Desapertei a gravata na esperança de conseguir respirar melhor. Molhei a minha cara na tentativa frustada de me acalmar. O meu cabelo, sempre perfeito e alinhado, estava desalinhado e com as pontas espetadas. Eu estava horrível. Eu sentia-me horrível. Por dentro e por fora. O pânico tomava o meu corpo. A respiração entrecortada embaciava o espelho à minha frente.

Então eu ouvi passos. E a maçaneta a rodar. Os passos ressoavam no piso molhado. Eu já os tinha ouvido a perseguirem-me pelos corredores.

Harry Potter.

O rapaz de ouro.

Alguém que pensava que sabia quem eu era. Que pensava que sabia o que eu fazia. Mas ele não fazia a mais pequena ideia. Não me conhecia.

-O que pensas que estás a fazer Melfoy?- a voz de Pottah fez-se presente. Porém, não parecia tão cheia de veneno como normalmente. Na verdade, até parecia preocupado. Vendo bem o meu aspeto, até eu teria pena de mim mesmo.

-Estou a tentar abrir a Câmara Secreta. O que achas, Pottah?- apesar da minha situação, não conseguia deixar a ironia de lado.

-Continuas o mesmo arrogante de sempre, não é Melfoy?- perguntou, tocando o bolso onde eu sabia que estava a sua varinha. Com um movimento de puro reflexo e de proteção, agarrei a minha. Ao ver o meu gesto, Pottah ataca-me, com um feitiço que só tinha ouvido uma pessoa pronunciar antes.

-Sectumsempra.

Preparado para a dor que sentiria, enrolei-me em mim mesmo com o propósito de a diminuir. No entanto, ela nunca chegou. Olhei para cima e os olhos verdes de Potter olhavam para mim, também ele surpreendido por o feitiço não ter resultado. Sem dizer uma palavra, ele sai a correr pela porta, sem olhar para trás.

Momentos depois, Severus entra e, ao ver-me no chão, pergunta-me se estou bem. Ele é um dos poucos que sabe do meu ódio por Voldemort, do meu ódio pela marca que residia no meu ante-braço, coberta de cicatrizes das minhas tentativas de a retirar, sempre sem sucesso.

-Está tudo bem.

Não estava tudo bem.

...

A batalha tinha acabado. Voldemort tinha ganho. Hagrid transportava o herói do mundo bruxo, morto nos seus braços. Vejo os meus pais a chamarem-me, mas não consigo mexer-me. Ver o Harry morto despertou algo em mim muito forte, uma sensação avassaladora. Queria cair no chão e chorar até desidratar, porém estava no meio de uma guerra. Olhei em volta para ver as minhas possibilidades. Todos em volta olhavam-me com desprezo e raiva. Estavam todos à espera que eu me juntasse aos meus pais. Então fiz o que todos esperavam, o que estava destinado a fazer. Segui com a cabeça erguida para a beira dos meus parentes. Senti-me nojento ao sentir os braços daquele ser desprezível ao meu redor. Quis vomitar quando ele pediu para outros juntarem-se-lhe. Como se alguém o fizesse. Neville chegou-se à frente, surpreendendo todos. Fiquei admirado com o seu discurso e com a sua coragem. Nunca entendi o motivo dele ter ido para os Gryffindor, no entanto naquele momento tornou-se claro. Até que uma exclamação percorreu a multidão.

-Harry.

Voltei-me para Hagrid e vi que ele não segurava o menino de ouro. Harry tinha escapado!

-Ali!- um comensal falou apontanto para Pottah. Desprotegido e desprevenido Harry colocou-se de pé.

Olhei para a minha mão e em seguida para a minha mãe. Ela entendeu. Ela deu-me a varinha de Harry, com a qual ela tinha ficado depois de o trazerem da Floresta Negra.

-Harry!-chamei-o. Ele virou-se na minha direção,e nesse momento atirei-lhe a varinha. Surpreso, ele apanhou-a e começou a própria luta contra Voldemort. O restante começou a lutar entre si. Hogwarts contra os Devoradores da Morte. Feitiços voavam em diversas direções. Eu não sabia quem ajudar. Vários Devoradores iam atrás de mim, e alguns alunos de Hogwarts olhavam-me de lado. Ao ouvir um grito de Harry, percebi qual era o lado que eu ia lutar. O de Harry. Olhei para ele e vi vários Dementores a voarem em sua direção. Eu sabia o feitiço, mas não o conseguia realizar. Tinha de tentar. Pensei na minha mãe, nas vezes em que ela me protegia, em que ela contava-me histórias. Um cervo totalmente corpóreo surgiu à minha frente e correu em frente para ajudar Harry, que rapidamente se recuperou e voltou a lutar com toda a força. De tantos animais possíveis, foi logo um cervo. Um patrono igual ao de Harry. Virei a cabeça, para ver se alguém tinha notado e só uma pessoa prestava atenção.

Hermione Granger.

A sangue-r..., a bruxa mais inteligente que conheço. Os olhos dela queimavam na minha face, mas decidi ignorar. Ela tinha percebido, mas aquele momento não era o mais apropriado para falar sobre.

A luta terminou, o lado da luz ganhando. Várias mortes, quer de um lado, quer do outro. Devoradores fugiam apressados, com medo das consequências, mas eu sabia que não iam durar muito, logo os Aurors os iriam apanhar. Senti a mão quente da minha mãe a puxar-me para longe. Logo estávamos em casa, sentados no sofá à espera que viesse alguém. O meu pai tinha sido apanhado e em breve eu e a minha mãe também iríamos.

-Pronto?- questionou a minha mãe, segurando firmemente a minha mão.

-Sempre.- respondi, com um rosto impassível, deixando apenas uma lágrima solitária cair.

Ouvi a porta a ser arrombada e Aurors a entrarem. Os meus sentidos apagados e percebi que estava a desmaiar. A última coisa que vi foi o olhar de preocupação no rosto da minha mãe. Apertei a mão dela, tentando-lhe transmitir alguma calma. A seguir, a escuridão apanhou-me.

Olá! Este é um novo projeto que estou a começar. Espero que gostem!

Até ao próximo capítulo. ;)

Amor É Mais Que Uma Palavra De 4 LetrasWhere stories live. Discover now