O futuro D.M.

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P.O.V. Draco Malfoy

-Estive a pensar, acho que não quero ser Auror.- disse Harry, enquanto me fazia uma cafuné.

Nós já tínhamos voltado das férias, e agora ele estava sentado na minha cama, e eu tinha a minha cabeça apoiada no seu colo, enquanto admirava o teto.

-O que te fez mudar de ideias?- perguntei genuinamente curioso. Antes Harry só falava de como estava entusiasmado com a ideia de ser Auror.

-Acho que cansei de lutar. Lutei durante a minha vida toda, acho que mereço um descanso, não?

-Concordo plenamente. E o que pensas fazer?

-Sabes, tive a pensar muito nisso, até escrevi um texto quando estava no 5 ano.

-Posso ouvir?

-Claro- foi buscar algo à mesa de cabeceira e tirou um rolo de pergaminho. Abriu, alisou as pontas e tossiu um pouco para aclarar a voz.-Temos de pensar no passado para compreendermos o presente e para não cometermos os mesmos erros no futuro, no entanto precisamos de viver o presente intensamente, pois não podemos deixar que os fantasmas do passado nos persigam. O passado já foi e o futuro pode não chegar, e enquanto pensamos no futuro o presente torna-se passado. Então temos de fazer o que queremos agora. Queres gritar? Grita. Queres beijar? Beija. Queres te declarar? Declara. Mais vale acordar arrependido do que adormecer com vontade.

Perguntam-me o que eu quero ser quando crescer, qual é a profissão dos meus sonhos, mas eu tenho tanta coisa melhor para sonhar. Colocam-me pressão para decidir tão novo, numa idade em que eu mal consigo escolher as minhas roupas sozinha. Ainda tenho a vida toda para escolher, a vida toda para viver, tanto que eu quero fazer antes de ficar presa a algo, a um trabalho que com o tempo vou começar a odiar, ou presa às notas, à desilusão de não ter consigo entrar na universidade ou no curso que queria. A culpa que cai sobre os ombros é como a chuva, começa suave e vai engrossando até começar a pesar e ficarmos doentes. Como é suposto eu saber o que quero para o resto da minha vida se ainda nem vivi metade dela? Como é suposto eu saber o que vou querer para o meu futuro? Assim como tudo, os gostos mudam e o que eu gosto agora posso vir a odiar no futuro. A escolha é muito pesada e as opções imensas.

Eu, ao contrário do que pensam, não tenho medo do final. A partir do momento em que iniciámos algo isso tem de acabar, e um dia vai acabar para todos. Tenho medo do que vou fazer até lá. Será que estou a viver a vida da forma correta? Será que devia mudar algo? Essa sensação de que algo está errado é o que mais me assusta, pois eu não sei o que devo mudar e tenho medo de que seja algo importante. No entanto, não vou parar a minha vida a pensar no que podia mudar, vou continuá-la a pensar que não preciso de me preocupar com isso, pois estou a fazer tudo da forma correta, da minha forma. Eu já matei muitos sonhos a pensar no futuro e já perdi muito tempo a lamentar o passado, agora aproveito o tempo para viver os momentos e para construir novos sonhos. Agora é o momento.

Às vezes eu fico perdida nos meus pensamentos, a pensar no futuro, imaginando como será dali para a frente. Perco-me na minha mente, porque tenho a mania de pensar em várias coisas ao mesmo tempo, criando mais dúvidas na minha cabeça. Imagino uma vida onde eu sou feliz, onde eu consigo realizar todos os meus sonhos, com alguém que eu amo ao meu lado. Uma vida feliz. Porém a vida não é tão fácil assim. Eu devia parar de pensar tanto, parar de planear e começar a deixar-me levar com a corrente, onde a vida me levar, talvez assim fique mais fácil.

O nosso futuro é incerto, e apesar de nós o condicionarmos há certas partes que não podemos mudar. Estamos sempre à espera do futuro, pois no futuro estão todas as nossas respostas. Mas e se o futuro não chegar? E se as respostas nunca chegarem? Vivemos sempre em prol delas para fecharmos os olhos para o nosso sono eterno sem as termos.

Na verdade, não existe o futuro, existem pessoas cobardes com medo de enfrentar o hoje, querendo sempre fugir dele, à espera do futuro próspero, perfeito e maravilhoso. No entanto, vamos estar sempre à espera do tal futuro perfeito e se calhar ele não existe, se calhar nós é que o temos de criar, com memórias, memórias do tempo que passamos com aqueles que gostamos ou a fazer algo que adoramos, e também com as memórias tristes, pois apesar de elas nos magoarem fazem parte de nós, do que nós somos e vão estar sempre lá, nunca as conseguiremos apagar, nem com a melhor borracha do mundo. Então temos de as aceitar e aprender a viver com elas para não ficarmos presos ao passado e pudermos viver o presente. A nossa vida é cheia de pedras que nos tentam deitar abaixo, mas com elas fazemos casas que vão ser o nosso alicerce para o futuro, e por mais tempestades que passem, nenhuma vai conseguir nos derrubar.

-Uau Harry, nunca pensei que fosses um filósofo.- elogiei. Aquele texto colocava em palavras tudo que eu sentia.

-Tenho os meus momentos. Mas enfim, para responder à tua pergunta eu gostava de ser abrir um orfanato. Tenho dinheiro suficiente para isso, e sei que os meus padrinhos me iriam ajudar.

-Eu também iria. E por que um orfanato?

-Pensei bastante no Voldemort e percebi que tudo poderia ser diferente se ele tivesse tido uma infância feliz, se ele tivesse amigos, alguém para o apoiar. Eu quero ajudar as crianças a se sentirem integradas e que não tenham de se sentir indesejadas, como eu já me senti. E tu, o que planeias seguir?

-Ir para a parte de medibruxo, mas a parte de mestre de poções.

-Melhor que tu não há.

-Eu sei.- começamos a rir.

-Acho que vamos ter um futuro brilhante.- disse Harry.

-Contando que tu estejas comigo, será.- respondi simples, sabendo que neste momento, ele teria a exibir um daqueles sorrisos que iluminava a sala. 

Como eu amo este rapaz.

Amor É Mais Que Uma Palavra De 4 LetrasМесто, где живут истории. Откройте их для себя