Capítulo 6

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– Mas que merda, o que eles estão fazendo aqui? Merda!

Bianca não estava contando, mas já devia ser a décima vez que Rafaella repetia aquele mesmo xingamento em menos de um minuto. Já ela, permanecia sentada, imóvel no sofá. Também não estava gostando muito da ideia de ter a companhia dos pais da loira, mas não entendia o porquê de toda a aflição que ela demonstrava.

Depois de olhar pela janela e pelo olho mágico da porta, só para se certificar de que tivera mesmo aquela infelicidade, Rafa voltou-se para perto de Bia afirmando aflita:

– Você é uma amiga, isso não é um encontro e o mais importante de tudo: você é santista.

– Mas eu...

– Ah, é verdade, você é.

Não tiveram tempo de dizer mais nada, porque a porta se abriu e Genilda foi a primeira a passar, já começando a dizer:

– Oi filha, nós... – mas se interrompeu ao notar que Rafaella não estava sozinha. – Ah, oi. Não sabia que você tinha companhia.

Sebastião saiu detrás da esposa, também percebendo a presença de Bianca, que se levantou do sofá para, timidamente, cumprimentar o casal.

– Você é santista? – O homem imediatamente questionou, enquanto apertava forte a mão da garota. O mau humor pelo desempenho do time na primeira parte do jogo fazia com que sua pergunta parecesse intimidadora.

– Pai! – Rafa repreendeu ao notar que Bianca parecia assustada. – Será que não é melhor vocês se apresentarem primeiro?

– Ah sim, foi indelicadeza minha – sua expressão era bem mais calma agora, porque de fato não queria parecer indelicado, afinal aquela garota não devia ter nada a ver com a derrota do Santos. – Sou Sebastião, mas me chame de Tião. E você é?

– S-Santista – o nervosismo a fez gaguejar ao contar a mesma mentira pela segunda vez em sua vida e nem perceber que, agora, não era aquela informação que o homem procurava, ainda que tenha sorrido satisfeito.

Ouviu Rafaella gargalhar parecendo bem mais leve do que minutos atrás e depois dizer tranquila:

– Pai, mãe, essa é a Bia. A gente se conheceu no hospital, ela é a minha médica. Ficamos falando de futebol e eu chamei ela pra vir aqui assistir comigo, né Bia?

– Hã? Ah é, é sim... – ela parecia perdida e ainda tensa, mas conseguiu esboçar um sorriso quando Sebastião tocou seu ombro e disse rindo:

– Eu gostei dela, filha. Senta aí, garota, vamos ver se nosso Santos nos dá alguma alegria no segundo tempo.

O homem a guiou para que voltasse a se sentar e se colocou entre ela e Rafa. Nenhuma das duas ficou muito satisfeita, mas não puderam protestar. Bianca permanecia tensa, o corpo duro e tentando ocupar o menor espaço possível no sofá.

Se questionou, já se arrependendo, sobre ter continuado com aquela mentira, pois agora precisaria fingir mais intensamente a torcida pelo time rival. Novamente cogitou a ideia de inventar uma desculpa e ir embora dali, mas trocou um olhar com Rafaella, que sorriu e tocou o tampão em seu olho naquele gesto que faziam sempre, depois lhe lançou uma piscadela, fazendo-a se lembrar dos flertes no hospital. Foi isso que fez Bianca desistir do que estava em sua mente, enquanto tentava segurar uma risada. Agora, mais do que nunca, queria ficar ali, principalmente quando ouviu Rafa dizer a Sebastião:

– Pai, eu não posso ficar assistindo TV por muito tempo por causa do meu olho. Vou pro quarto com a Bia, ok?

Mas a felicidade da palmeirense durou pouco porque a resposta do homem foi:

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