12º

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- JJ estará aqui já já para vocês terminarem a barraca, você não precisa trabalhar por hoje.– Kiara me liberou encarando o caderno de pedidos sobre o balcão.

- Quando peço para sair cedo e almoçar com John na praia você não me libera. – bufei guardando o avental em meu armário e expondo minha camisa branca e shorts azuis escuros. – Parece que gosta de me ver estressada com JJ, nunca vi.

- Você não reclama dele há um bom tempo, Mila. – Jay assumiu depositando hambúrgueres no balcão de pedidos. – Os olhares mudaram, agora é somente paixão. – ele desligava o fogo, encarei suas costas da porta da cozinha me preparando par ir para o galpão dos fundos.

- Não brinque com isso perto de John B, ele surtaria. – assumi pegando minha mochila antes de abrir a porta no fim do corredor revelando a claridade do sol.

Era a primeira vez que vinha no galpão de dia. O sol estava forte e realçava as manchas de tinta amarela no chão, será que Kiara já havia visto isso?

- Parece que rolou uma bagunça aqui.– Jay deu tapinhas em meu ombro quando reprovou com o nariz franzido a pequena bagunça do local.

As mesas grandes e gastas estavam segurando ripas de madeira cortadas por JJ, algumas poças de tinta secas estava manchando o pé de duas mesas juntas e a barraca que estava quase pronta coberta por um plástico transparente no canto de sombra. Parecia tudo muito mais bagunçado do que a última vez.

- Nós arrumamos isso esses dias. – bufei alisando as têmporas.

- Se sua preocupação é o Mike pode ficar tranquila, ele quase não vem aqui mais. Todos os dias é Kiara que joga o lixo fora. – Jay terminou de catar as madeiras levando-as até a enorme lixeira que ficava encostada em uma cerca.

- Jay você não precisa fazer isso. – disse ajudando o garoto abrir a enorme tampa.

- Não me custa nada, você sabe. – ele limpou as palmas de suas mãos sorrindo para mim. – E aí, como anda os preparativos para a quermesse?

- Eu sou encarregada somente dessa proeza – apontei para a estrutura de madeira fazendo Jay rir.

- Mal posso esperar para você cantar, sinto saudades da época que fazia shows à noite aqui. – Jay se sentou nas duas mesas juntas e agora vazias.

- Tenho pensado muito sobre isso, irei conversar com Kiara. – cruzei os braços encarando meus chinelos.

- A banda de um amigo meu irá cobrir o "evento" – ele formou aspas no ar exibindo os braços musculosos e bronzeados. – Se você for cantar eu viro guitarrista por uma noite, e você, vocalista.

- Não sabia que tocava guitarra. – fiz uma voz surpresa.

- E então? Irá participar? – Jay pulou para o chão ficando de frente para mim. Um silêncio se estabeleceu antes de eu reponder:

- Tá, eu canto. – Jay gritou animado me tirando do chão e me rodando rapidamente.

- Cara, isso vai ser demais. – ele dizia, eu não conseguia parar de rir.

- Okay, agora eu estou ansiosa. – me recompus quando ele me colocou no chão. – Preciso falar com Kiara a respeito disso.

- Eu digo. – ele disse soltou seu coque revelando o cabelo castanho liso e ondulado. – Bom, podemos ensaiar nesses três dias antes da quermesse, fica bom para você? – Jay questionou.

- Claro, acabarei com esse compromisso hoje então estarei livre. – apontei para a barraca novamente.

- Okay, irei deixar você trabalhar, também preciso fazer isso. – Jay me puxou para um abraço repentino depositando um beijo em minha cabeça. – Lhe mandarei as informações por mensagem, até outra hora. – Acenei para Jay que cruzou com JJ na porta.

Era bom ter alguém como Jay por perto. Um amigo que lhe apoiasse e incentivasse, isso era importante para mim.

Não quero dizer que os meus amigos de sempre  não me apoiam, mas ultimamente andamos meio afastados por conta de trabalho e o ultimo ano escolar. Sarah vidrada na faculdade e meu irmão no trabalho, nossos últimos dois anos vem sido uma loucura e estamos tentando recuperar o tempo perdido.

- Pelo visto arrumou um novo ajudante. – JJ colocou uma sacola com brutalidade em uma das mesas. Eu o observava com os braços cruzados.

- Não é hora para implicância, vamos com isso. – olhei o meu celular conferindo à hora. – Na verdade onde você estava? Era para estar aqui há 20 minutos.

- Você nem se ligou, estava perdida em conversinhas. – ele retirava tubos de cola e potinhos com decorações da sacola preta. – Você poderia ter começado com isso antes.

- Anda logo, ainda quero comer algumas coisas antes do restaurante fechar. – joguei a pasta de minha mochila, JJ parecia irritado quando retirou o plástico de nossa obra.

Ficou um silêncio estranho nos primeiros minutos; JJ pendurava a cortina de papel metálico na parte inferior da barraca exalando um assobio irritante enquanto eu colava os corações de tecido e papel colorido que eu havia recortado na noite anterior.

JJ resolveu voltar ao normal quando peguei uma cadeira para colar as letras que indicava o nome de nossa barraca. Ele se aproximou e ficou me encarando.

- Você pode me ajudar pegando aquela? – apontei para uma das letras vermelhas esparramada na mesa.

- Por que não pediu para que eu trouxesse a escada? – JJ questionou me entregando o papel.

- Não precisa exagerar. – ri passando cola na parte inferior. – Irei cantar no domingo. – assumi sem o encarar.

- Vai ser demais. – ele disse com um ar de riso. – Me arrependo de ter sabotado sua apresentação, acho que te gerei traumas, não? – ele apoiou a mão no encosto da cadeira cruzando as canelas.

- Um pouco, mas só de ouvir suas desculpas meu rancor some um pouco. – rimos em uníssono. – Eu ainda não consigo acreditar naquela carta de ontem.

- Nem eu Mila, nem eu. – JJ olhava para o chão enquanto transformou o lábio em uma linha. – O mais louco é: como ninguém descobriu ele seja lá onde esteja? Ou por qual motivo não tentou ajuda, não sei.

- Ward tentou o matar, acho que ele queria dar uma vingaça. –me virei de pé na cadeira de frente para JJ, apontei para as últimas letras da mesa. – Não quero por muita expectativa nisso apesar de ter tirado meu sono.

- Queria que meu pai sumisse e do nada surgisse com a notícia de que nossas vidas mudariam, mas sei que ele não cumpre nada do que promete. – JJ jogou a cabeça para a direita rindo.

- Você não precisa dele pra sua vida mudar, loirinho. – pulei da cadeira bagunçando seus fios, JJ franziu o cenho rindo – Você é muito capaz para realizar tudo de bom.

- Olhe, confesso que no inicio duvidei da gente. – JJ depositou as mãos na cintura arqueando a coluna para frente enquanto encarava a barraca pronta.

- Fizemos um bom trabalho. – passei um braço por seu pescoço, apesar dele ser maior eu consegui.

- Mal posso esperar para sabotar sua apresentação. – JJ fez o mesmo.

I Hate (love) You. JJ MAYBANKWhere stories live. Discover now