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Não se esqueça da estrelinha;)

O mais longe que consegui dirigir foi até a praia que mesmo as 23h estava com alguns turistas. Fui criada na praia e no mar então nada melhor do que sua casa para se sentir melhor.

Me sentei em uma área mais vazia da areia já que não queria ter contato com aquela pedra que tanto gostava tão cedo.

Refleti sobre o que JJ havia dito sobre eu não ser mais fechada mas sim repleta de dramas, acho sinceramente que ele tem razão; Eu costumava ser bem seca e fechada, mas será que não fora ele que amolecera meu coração? Ou fora a situação da carta de Big John que me fizera ficar mais sensível? É, minha vida virou de cabeça para baixo nos últimos meses.

Eu me coloquei no lugar de JJ, pensei na situação dele durante sua vida toda: Pai alcoólatra, sem saber muito da mãe, seu único refúgio fora seus amigos. E talvez eu.

Não digo eu de uma forma para autoafirmação do tipo "eu preciso dela pra viver, ó céus!", mas sim "talvez eu" já que ele também ficará mais sensível depois que começamos a nos aproximarmos.

Conversamos muito sobre a situação de seu pai, faculdade e outras mil coisas. O vi surfar, o vi fumar, o vi beber e também eu o vi fazer mil merdas que um adolescente poderia fazer, mas o vi fazer merdas que somente ele conseguiria se colocar e sair.

Eu sempre senti tudo muito intenso, mas depois que comecei a aumentar as doses dos remédios fui ficando mais fechada. Para quem não sabe, depois que minha mãe partiu para uma "reabilitação" (forma simplificada de explicar que ela saiu de Outer Banks para ficar com um drogado rico) eu fiquei alguns dias no CTI, mas nada que me marcou muito já que o que mais me marcou foi a exclusão da parte dos pogues: Não poderia sair de barco porque John B tinha medo que eu bebesse, não poderia ir em festas e a única coisa que eu podia fazer sem receber sermões de John B era ir para o colégio.

Não digo essas coisas como uma lamentação, mas sim como uma superação. Eu não sei se é o certo dizer que eu transformei a dor em poder, mas sim a transformei em música e tentei ao máximo a transformá-la em um ralado daqueles que a gente ganha após cair no chão enquanto estamos brincando, sabe? Esses ralados nos apavoravam por conta da ardência, nós chorávamos mas depois que nos levantávamos já estávamos prontos para ganhar outro. E a vida funciona dessa forma.

- Mila?! - ouvi a voz de JJ atrás de mim.

- O que faz aqui?! - levantei-me surpresa sentindo a areia grudada em meu short voltar para o chão.

- Eu achei a chave da minha moto. - ele apontou para a calçada da praia onde a motoca vermelha estava estacionada.

- Deixa eu adivinhar - fingi pensar colocando um dedo no queixo. - Você veio aqui se taxar como um tremendo idiota e depois irá diz-

- Mila, você é a menina mais linda dessa ilha.- ele completou a frase e então rimos. - É, esse roteiro já está chato.

- Você ficou com ciúmes de Jay?

- Eu admito! - ele se rendeu erguendo as mãos. - Não consigo ver minha garota ao lado de outro ainda mais depois de tanto tempo sem poder te tocar. - ele acariciou minha bochecha com o polegar enquanto segurava minha cabeça entre os dedos. - Me perdoa por tudo Mila, por tudo que já te magoei em todo esses anos. Você sabe que nunca soube lidar com meus sentimentos, mas prometo tentar melhorar por você. Prometo com minha alma e coração.

- JJ, você é a pessoa que eu mais entendo no mundo então sei que você não faz por mal. - beijei seu pulso. - Me desculpe também, nunca fui muito fácil de lidar.

- Bem, eu também conheço você bastante já que te observo desde os 12 anos. - ele agora estava com os braços ao redor da minha cintura.

- Prove.

- Bem, você quando fica nervosa joga os seus fios para trás dos ombros. - ele fingiu ter fios longos enquanto me imitava. - A sua palavra favorita é idiota já que me chama assim desde sempre. Ah, e você quando está cantando ou tocando no violão tem mania de fechar os olhos como se estivesse em seu próprio mundo, é bem fofo. - o jeito que ele arregalou os olhinhos me fez rir.

- Bem, eu também te conheço desde sempre. - pigarreei. - Você tem uma leve mania de dar uma franzida nas sobrancelhas quando faz um biquinho de confuso. Quando você assopra a fumaça inclina a coluna para frente e também sempre quando está irritado tem uma mania de ranger os dentes, as vezes você fica sexy irritado falando nisso. - apertei de leve a ponta de seu nariz. - E pasme, eu sempre amei tudo isso.

- Até mesmo meu perfume misturado com maconha? - ele se fez de desentendido.

- Minha parte favorita.

- Você é minha pessoa favorita e nunca consegui imaginar nada ao lado de outra pessoa que não fosse você.- JJ estava vermelho e consegui notar isso apenas pela luz dos postes de iluminação. - Quando estou longe de seu calor me sinto muito perdido, me sinto queimar e só paro quando estou com você. Naquele coma eu tive a certeza que você é a mulher da minha vida, minha garota especial, a pessoa que eu quero passar todos os momentos ao lado. - ele chegou mais perto de meu ouvido. - Eu te amo, Mila. Eu sempre te amei.

- Eu te amo, JJ. Ontem, hoje e sempre. - dei uma última olhada em seus olhos antes de puxa-lo para um beijo.

Mila queria dizer para JJ que ele era o seu remédio; Quando ela o abraçava se sentia a pessoa mais corajosa do mundo, e quando o via surfar sentia o frio na barriga de querer fazer aquela pequena aventura ao lado dele.

Quando ele respirava no pescoço dela, quando tocava os seus lábios nos dela e até mesmo quando pilotava a moto com cuidado pois sabia que ela tinha medo era como se tudo dentro dela tivesse se curado. Como se tudo tivesse sentido, JJ era sua bússola e surpreendentemente o garoto queria falar exatamente isso para ela.

Duas almas que se conectaram após tanto sofrerem, não teria como eles não terem sido feitos um para o outro. Aquilo era amor de uma vida e se caso existisse outras com toda certeza era amor delas.

Naquele momento na praia foi como se eles estivessem encerrado uma longa viagem, estavam finalmente em casa nos braços um do outro.

Mas agora, para sempre.

I Hate (love) You. JJ MAYBANKWhere stories live. Discover now