Preciso dizer que eu te amo

Com a bênção dos céus

There's no one else i've got in this world how cold i live without you? Untill the sun cools down we will love, nothing can stop us, no one can hurt us, i'll be forever in your arms. I'm always by your side, my love and this love's entirely for you, with you, from you...

Uma voz bonita entonava partes de uma canção que Cha Young desconhecia porém seu inglês era bom o suficiente para compreender que se tratava de algo romântico. Por influência da melodia cantada aos quase sussurros seu último sonho havia tornado-se uma mescla vergonhosa de um pesadelo erótico e o pior era que o protagonista da fantasia não era seu noivo. Apertou os olhos com força para espantar os pensamentos impertinentes, não podia fraquejar agora. Ela não tinha esse direito.

Fingindo um despertar recente a advogada espreguiçou-se como uma gata no banco do carro e afastou lentamente a cabeça da janela, reparou que agora apenas a voz do cantor no rádio era ouvida e riu do homem encabulado ao volante.

Não sabia precisar a quanto tempo estavam naquele carro a caminho de um lugar que o Cassano insistia em fazer suspense pois em algum momento o cansaço de dias a fio se dedicando para que nada fugisse do controle na reta final de seu noivado haviam a vencido e ela acabou sendo tragada para a confortável escuridão de um sono merecido. 

Isso até ser despertada pela voz do Ítalo-coreano daquele jeito cruel. Percebeu os olhos do moreno lhe fitarem de soslaio, conhecia Vincenzo o suficiente para entender que algo o estava deixando ansioso e agitado mas não imaginava o que poderia ser. A única pessoa com motivos para desespero naquele carro era ela que havia perdido a cabeça e abandonado o noivo em uma festa para se aventurar ao lado do homem que há muito tempo havia despedaçado seu coração.

Cha young não gostava de lembrar o quão dolorosos foram os dias que se seguiram a partida do mafioso três anos atrás. Naquela época ainda era muito imatura para entender que um relacionamento entre os dois jamais poderia dar certo, ele era um homem perigoso e ela uma mulher problemática, não precisava ser um gênio para entender que uma união desse tipo acabaria mal mas em seu coração apaixonado nada parecia impossível, a Hong pensava que se Vincenzo sentisse por ela ao menos um terço do que ela sentia por ele talvez estivesse disposto a tentar.

Tentar.

Nem sequer a tentativa lhe foi ofertada e seus sentimentos acabaram tornando-se um fardo que ela teria de carregar sozinha, no começo quando entendeu que seu afeto não era correspondido sentiu muita raiva do ítalo-coreano. Ele não tinha o direito de fazê-la se apaixonar com aqueles modos tão gentis. Ele não tinha o direito de abandoná-la com o coração partido depois de olhá-la como olhava, tocá-la como tocava, não, ele simplesmente não tinha esse direito. Mas o que fazer então? Ele estava longe demais para que ela pudesse jogar todo seu ressentimento em sua cara, certo tempo depois a advogada agradeceu aos céus por ele não ter presenciado seu surto, quando lembrava-se de momentos em que estava ao lado dele e não conseguia refrear seus olhos de admirá-lo com tanta adoração uma vergonha súbita lhe arrebatava. Questionava-se se ele por acaso havia percebido o sentimento que havia refletido em suas íris.  Em algum momento entendeu que o Cassano não tinha a obrigação de amá-la, ele inclusive era muito mais consciente que ela, onde estava com a cabeça quando se apaixonou por um companheiro de trabalho? Era sua regra número um de vida jamais se envolver com colegas. Sua história de amor épica havia acabado antes mesmo de começar e ela sofria sozinha por sentimentos unilaterais que ela mesma havia alimentado. Não podia sentir-se mais miserável.

Bocejou afastando a preguiça e chutou as sandálias de salto para fora de seus pés. Não havia percebido o quanto os mesmos estavam doloridos.

- Por quanto tempo eu capotei? - Perguntou Cha young.

- Você entrou em coma por duas horas e meia, nem sequer se mexia. 

Desconfiada a Hong mirou o Ítalo-coreano e questionou.