Domingo. Acordei sem ouvir um único barulho. Os meus olhos percorreram o quarto isolado, encarando de seguida o teto. Levantei da cama, fui para o balneário e tomei um banho demorado. Vesti uma roupa qualquer e lavei os dentes. Voltei ao dormitório e arrumei a cama. Fui caminhando lentamente pelo corredor, desci as escadas indo em direção ao refeitório. Eram poucos os alunos que se encontravam lá. Peguei o tabuleiro com o pequeno almoço e fui sentar numa mesa. Comecei a comer sem muita vontade.
- Então não foste a casa.- comentou sentando se ao meu lado.
- Afonso, estás aqui.- abracei lhe deixando o espantado.
- Passa se algo Alice?- questionou preocupado.
- Não, nada. É só que pensei que tinha ficado sozinha.- confessei afastando dele.
- Tu agora não estás sozinha.- colocou a sua mão sobre a minha.
- Ainda bem que estás aqui.- sorrimos um para o outro.- E os teus irmãos?
- Devem estar por aí.- continuei a comer.
Os dias foram passando, aliás uma semana já havia passado. Passei esses dias sempre na companhia do Afonso. Ele levava me a conhecer novos sítios. Até chegamos de andar de bicicleta, ele a pedalar e eu atrás. Quando estava com ele, não dava para me sentir sozinha. Sentia me sempre bem com ele. O Afonso era um rapaz especial, ele até passou o Natal comigo, enquanto que os irmãos foram ter com o tio. Apesar de neste Natal não ter trocado presentes, gostei muito só de ter estado com ele. Não voltei a ver o outro rapaz, com certeza fruto da minha imaginação.
Segunda. Esta já era a última semana de férias. Já era tarde, estávamos perto da fonte. Eu mirava o meu reflexo através da água, enquanto que ele olhava perdidamente para o céu.
- Alice?
- Sim?
- Posso fazer te uma pergunta?- questionou cautelosamente.
- Se eu puder responder, podes.
- Porque é que tu nunca falas da tua família?- ele pegou me desprevenida com essa pergunta.
- Eu não tenho nada para falar sobre a minha família.- esclareci e encarei o séria.- Não voltes a fazer me essa pergunta.
- Desculpa.
- Não fiques assim rapaz, já passou.- agarrei as suas mãos frias, dando lhe um sorriso.- Vamos esquecer esse assunto.
- Como tu preferires.- concordou sorrindo.
Quarta. Passei quase o dia inteiro enfiada na biblioteca. Quando fui almoçar o Afonso disse me que fosse encontrar me com ele, por volta das 22h30. Já estava na hora do jantar. Depois de ter comido, fui para o quarto. Peguei o livro que estava encima da cómoda e continuei a ler. Acabei por adormecer. Ouvi batidas na porta, levantei para abrir.
- Vem Alice, que ainda chegamos atrasados.- ele puxou me para fora do quarto. Saímos do colégio. Ele posicionou se na bicicleta.- Vens?
- Para quê essa pressa toda? Afinal aonde queres ir?
- Sobe e verás.- subi na bicicleta, agarrando me a ele para não cair.
Afonso começou a pedalar com pressa, parecia nem se cansar. Chegamos ao centro da cidade, onde estava cheio de pessoas. Ele largou a bicicleta num canto e pegou me na mão, para que não me perdesse dele. Passamos por entre as pessoas, já quase que não o via, só sabia que ainda estava com ele, por conta da sua mão. Entramos num edifício vazio e escuro, ele começou a subir as escadas e eu ia atrás mas tropeçando de vez em quando. Ele abriu uma porta que deu ao terraço do edifício. Caminhamos até ficarmos perto da beira. Lá embaixo conseguia ouvir as pessoas a fazerem a contagem decrescente. Cinco, quatro, três, dois, um...Feliz Ano Novo. Um monte de fogos artifícios foram ao ar. Daqui viasse tudo, era incrível.
- Feliz Ano Novo.- felicitou encarando me.
- Feliz Ano Novo para ti também.- dei lhe um abraço apertado.- Obrigada por me trazeres aqui.
- Isto não foi nada.
- Foi sim. Aliás eu já nem me lembrava do ano novo. Nem fazia ideia de que era hoje.
- Tens sorte de me teres perto de ti. Assim eu lembro me das coisas por ti.
- Boa ideia. Bem disse que eras útil.
- Só para isso que sirvo?
- Claro. Haveria de ser mais para quê?- ironizei, ele olhou me atónito, então beijei lhe.
A quinta feira passou sem eu fazer nada demais. Fiquei quase o dia todo na biblioteca, só saía para as refeições.
Sexta. Saí do bar indo em direção ao refeitório para almoçar. Peguei o tabuleiro e sentei numa mesa qualquer. O Afonso que estava com os irmãos, que me davam desprezo, veio ter comigo.
- Então como estás?
- Estou ótima.- respondi começando a comer.- Eu ainda não entendo porque é que os teus irmãos não gostam de mim.
- Não é nada disso.- falou a rir.- A questão é que nós não somos muito sociais...e tu chegas assim e começas a falar com eles que não estão habituados.
- Uhum, não sei. Não me convences. Tem algo a mais nessa explicação que deste.- ele pareceu ficar um pouco tenso.- Tenho razão, não é?
- Então a comida está boa?- mudou de assunto.
- Está como sempre.- respondi sem muita demora.- Afonso?
- Alice?- olhei para ele, vendo o oceano nos seus olhos. Aqueles olhos azuis hipnotizavam me.- Olá Alice?
- Sim, o que queres?- perguntei desorientada, ele riu se.- O que é?
- Tu querias dizer me algo.
- Era que...- cocei a cabeça sentindo me perdida.- Ah, já sei. Afonso quando elas chegarem, digo a Rute a Isabel por aí fora, não lhes digas que eu passei as férias aqui.
- Porquê?
- Porque elas vão me encher de perguntas, ás quais eu não quero responder. Tipo sobre a minha família. E eu prefiro não falar nada sobre esse assunto. Está bem?
- Ok, de qualquer maneira eu não falo muito com elas.- esclareceu pousando a sua mão na minha.- Mas sabes que quando elas vierem vão te encher de perguntas do tipo como é que foram as tuas férias e onde é que passaste.
- Eu tenho noção disso. Eu cá me arranjo.- disse confiante. Continuei a comer, quando olhei para o lado vi os seus irmãos com raiva, apressei me a tirar a minha mão debaixo da dele.- É melhor não fazeres isso, senão os teus irmãos ainda me matam.
- Não matam nada, que eu não deixo.
- Se tu o dizes.
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O Colégio
VampireApós um acidente trágico, Alice vai para um colégio interno. No colégio, conhece Rute, uma rapariga simpática que faz logo amizade com ela. E também conhece Afonso e os seus irmãos, Beatriz e Henrique, que logo à primeira vista parecem não simpatiza...