Desaparecida

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Abri os olhos, sentia uma dor forte na cabeça. Tinha uma espécie de saco preto de pano a cobrir me a cara. Estava a ser carregada no ombro de alguém, que caminhava tranquilamente e ainda tinha o descaramento de estar a assobiar. Sentia o sangue descer me todo para a cabeça. Também tinha as mãos amarradas. Com um pouco de força, comecei a bater nas costas da pessoa. Largaram me bruscamente no chão.

- Parece que uma pancada não te chegou.- disse a pessoa. E novamente senti algo bater me na cabeça. Fiquei inconsciente.

Acordei deitada numa cama, que até era macia. Já não estava com o saco de pano na cabeça. E estava sem as amarras nas mãos que tive há uns minutos atrás. O quarto em que me encontrava, era espaçoso. As paredes pareciam pintadas de bege, nelas estavam penduradas molduras que pareciam antigas. Olhei o teto que tinha um candeeiro enorme, parecia antiquado, por isso era horrível. Levantei da cama. Vi uma secretária com a cadeira. Aproximei me dela, vi uma folha que podia estar em branca se não fosse pelo meu nome escrito lá.

- Onde é que vim parar?- perguntei a mim mesma.

As cortinas vermelhas quase da cor do sangue cobriam as janelas. Fui até elas para afastar lhes. No momento em que peguei, dei me conta de que eram pesadas. Abri um pouco, lá fora já estava escuro. De longe, pareceu me ver um vulto. Afastei me da janela.

- Dói me tanto a cabeça. Podiam ter sido mais suaves nas pancadas.- fui deitar me na cama que era enorme. Não queria dormir, mas o sono foi mais forte.

Rolei mais um pouco na cama e acabei por abrir os olhos. As cortinas ainda cobriam as janelas. Fui até elas. Como eram pesadas, peguei só uma para afastar da janela. Deixando a clareza invandir aquele quarto. Enquanto observava o quarto, reparei que em cima da secretária estava um tabuleiro com o pequeno almoço. Puxei a cadeira para sentar. E comecei a comer, já que a minha barriga estava a fazer barulho.

Depois de comer. Fiquei a andar no quarto de um lado para o outro. E só agora reparava que o chão era de madeira. Enquanto andava de um lado ao outro, vi uma porta. Fui lá na esperança de que fosse uma saída, mas era só a casa de banho. Não sabia o que fazer mais. Nem sabia porque raios haviam me sequestrado. Sentei me encolhida na cama. Acabei por adormecer novamente.

Despertei com as batidas na porta do quarto. Levantei da cama num pulo. Fui até à porta. Tentei abrir lhe, mas era em vão, estava trancada. Olhei para o lado e em cima da secretária havia outro tabuleiro. Caminhei até à cadeira sentando me. No tabuleiro havia uma tigela de sopa com uma colher ao lado. Não era muito fã de sopa, mas com a fome que tinha, nem dava para rejeitar a tigela. De seguida, ainda sentada na cadeira olhei lá para fora. Já tinha escurecido. Fui à casa de banho. Quando saí, reparei que no lado esquerdo havia uma cortina. Afastei lhe vendo a imensa estante de livros à minha frente. A estante estava encaixada na parede, de forma a que parecesse que não houvesse nada atrás da cortina. Fechei os olhos, avançando com a mão para pegar um livro qualquer. Tirei da estante e fui deitar me na cama a ler. Depois de algum tempo a ler, acabei por cair no sono.

- Já vi que gostas de dormir muito.- ouvi alguém falar.

A sua voz parecia me familiar. Ainda sentia me um pouco sonolenta. Abri os olhos lentamente. O quarto ainda estava escuro, por causa das cortinas que eram de um vermelho escuro. Levantei da cama com intenção de ir abrir as cortinas, para a clareza inundar aquele quarto. Assim que as afastei, vi que lá fora estava escuro.

- Mas o que...?- sentia me confusa. Ia jurar que já era de manhã.

Tentei procurar por um interruptor, mas estava dificil de encontrar. Sem aguentar mais, comecei a ficar com tonturas. Não entendia o que se passava comigo. Estava a perder a força do corpo. Senti que as pernas ficaram sem força, então caí no chão acabando por apagar.

Despertei na cama, o que era estranho, já que havia caído no chão. Novamente em cima da secretária, encontrava se um tabuleiro com o pequeno almoço. Levantei da cama indo sentar na cadeira. Não entendia o que se passava. Ou o porquê de me sequestrarem. Começava a achar que a comida que eles vinham trazer, tinha alguma coisa, para fazer me dormir. Se era esse o motivo, decidi não comer. Levantei da cadeira, sem nem tocar no que estava no tabuleiro. Afastei a cortina, para poder ver a clareza. Já parecia que estava tarde quase a anoitecer. Acho que agora já não tinha dúvidas de que davam me algo para dormir.

Sem nada do que fazer. Iniciei uma caminhada pelo quarto. Parecia que já estava à dias trancada neste quarto. Aproximei me da porta enorme de madeira. Coloquei a mão na maçaneta e rodei, mas nada. A porta ainda se encontrava trancada. Bati na porta várias vezes, para que me tirassem dali, mas não havia nenhum movimento. Encostei a orelha na porta, parecia que do lado de fora do quarto, não havia ninguém. O silêncio daqui começava a deixar me louca. Sentei num canto qualquer do quarto. Estava toda encolhida, com os braços em volta das pernas e a cabeça baixa. Não fazia a minima ideia de onde estava. Não queria passar por tudo outra vez. Não podia acontecer novamente. Sentia uma fome desgraçada, mas não podia comer, senão dormiria. Fiquei durante um bom tempo com vários pensamentos na cabeça.

Novamente, acordei na cama. Saltei dela indo abrir a cortina. Hoje consegui ver que ainda era cedo. Parecia que tinha acabado de amanhecer. Lá fora estendia se uma densa floresta. Em cima da secretária, estava o tabuleiro com o pequeno almoço e ao lado, tinha uma carta com o meu nome. Peguei o papel para ler. "Come ou senão mato te." Engoli em seco. Tinha ficado com um nó na garganta ao ler aquela ameaça. Será que era melhor, morrer à fome ou morrer pelas mãos de alguém? Essa questão ficou a martelar me a cabeça. Se eu comesse, dormiria. Mas por outro lado, se não comesse, morreria. Como a vida é dificil.

Peguei a folha rasgando a. Não me importava com a ameaça. Mas a barriga começou a roncar. O que é que eu faço? Acho que mais vale comer e dormir. Sentei na cadeira, comecei a comer. Passado uns minutos depois que tinha acabado de comer. Caí da cadeira, indo para um sono profundo.





















O ColégioWhere stories live. Discover now