• tres

1.5K 187 19
                                    

Meu corpo fica empedrado, não consigo me mexer e sequer respirar

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Meu corpo fica empedrado, não consigo me mexer e sequer respirar. Fecho os olhos e meus músculos parecem padecer, o porta retrato escapa da minha mão se chocando contra o chão e cacos de vidro se espalham ao meu redor. 

Me agacho para pegar os cacos tentando fugir da presença de Paco, mas de forma rápida meu padrinho se aproxima, seu instinto protetor parece ser acionado no mesmo instante e quando menos espero ele está agachado ao meu lado. 

— É melhor soltar esse vidro, pode cortar suas mãos.

Não consigo olha-lo, sentir sua presença  faz com que todos meus sentidos sejam inibidos. Ele junta todos os cacos de forma cuidadosa na tentativa de livrar-me de qualquer perigo enquanto respiro fundo tentando controlar os impulsos de desespero e ansiedade contidos no meu corpo.

— Você se machucou?  – pergunta pegando minhas mãos e olhando-as. 

— Está tudo bem – tiro minhas mãos de seu toque de forma imediata. 

— Tem certeza que não se machucou Madah?

— Estou bem – é só o que respondo antes de me levantar e lhe virar as costas mais uma vez incapacitada de dirigir o olhar a ele. 

— Eu senti sua falta – fala e eu sinto meu coração acelerar — Você está linda, olha como cresceu.. saiu daqui ainda era uma menina. 

Não consigo responde-lo, permaneço em silêncio de costas para ele. 

— Me desculpe Madalena – ele tenta se aproximar, mas instintivamente dou um passo para frente  — Pelo que quer que eu tenha feita, por favor me perdoe. Eu não conheço seus motivos, e não sabe o quão difícil é ter que lidar com o fato que de alguma forma me tornei uma pessoa aversiva pra você – o sinto se afastar gradativamente de mim e antes de sair do cômodo me lança um último olhar — Eu só queria te ver mais uma vez, mas vou deixá-la em paz. E se um dia precisar de mim eu ainda estarei aqui. 

Finalmente ele sai do cômodo, e quando isso acontece sinto meus olhos se inundarem. Eu não estava pronta pra isso, eu simplesmente menti para mim mesma todos esses anos e vê-lo agora confirma que tudo que alimentei em minha mente ser delírios adolescentes voltaram a latejar dentro de mim de uma só vez como uma pancada.

Coloco a mão no peito sentido meu coração disparado. A vontade de fugir desse lugar e pegar o primeiro voo de volta pra São Paulo me enche por inteiro, eu só preciso fugir daqui. 

Por um momento pensei ser capaz de lidar com a presença do homem, mas eu não consigo. 

Minha mãe entra no quarto e eu dirijo minha atenção a ela. 

— Madalena, sete anos se passaram. O seu padrinho está lá em baixo arrasado sem entender o porquê se distanciou por tantos anos. Isso não pode mais acontecer!

— Eu não consigo – confesso. 

— Ele te ama como uma filha e você não assistiu o quanto sofreu esses anos com sua indiferença. 

INEFABLEWhere stories live. Discover now