17 - Sorriso

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O seu corpo não suportava mais, a sua mente também não. Enquanto um ferro quente era removido lenta e dolorosamente do seu peito, a sua voz falhou não o permitindo gritar mais do que o que já havia feito. As lágrimas, no entanto, estavam lá e escorriam sem controle, demonstrando bem o quão quebrado ele estava. Um quebrado sem chance de descanso...

- Pronto, feliz? Agora não tem mais nada para infecionar - rosnou o homem. Luffy não respondeu. Voltara aquele estado em que a sua mente fora separada do corpo, ainda que não tivesse apagado por completo. Aquele semelhante a um fantoche, em que não conseguia gritar ou se debater, mas sentia tudo o que lhe era feito, sabia o que havia ao seu redor, não se esquivava de sentir a dor e o desespero num nível descomunal.

Assim, o homem de barba negra que até então Luffy só chamava de monstro, levantou ele pelo braço para depois o colocar sobre o seu colo e penetrá-lo. De novo, Luffy quis gritar mas a voz não saiu. Queria correr, mas o corpo não respondia. Queria parar de sentir dor, mas a mente não desligava.

- Eu sei que você pode me ouvir. Se lembre de uma coisa, pirralho - ouviu a voz do outro no seu ouvido enquanto ele se movia e fazia questão de deixar a sua respiração quente sobre a pele branca da criança que agora estuprava. - A sua dor não me interessa. Você é só um fantoche para mim. Se morrer, arranjo outro. Se quer sobreviver, se comporte. O seu trabalho é estar aqui para tudo o que eu quiser. Você não pode fugir de mim. Você me pertence até ao final da sua miserável vida...

Então, a sua pequena bunda foi apertada por mãos largas e brutas para o outro se vir no seu interior e o jogar no chão. O seu peito começara a sangrar e aparentemente, isso chateava Teach que deu um resmungo insatisfeito e o chutou algumas vezes.

- Você me sujou, seu imbecil!

Com um pontapé no estômago apenas um pequeno gemido de dor, quase mudo, abandonou a boca da criança de cabelos negros que fora jogada uns passos mais à frente. Atrás de si, o homem que o aprisionara virou costas e saiu. Aquele fora o único dia em que ele não ficara com Luffy a tarde toda, ainda assim, era algo de que o menor se lembrara nitidamente. Ou talvez até tivesse ficado no entanto, a mente de Luffy tenha finalmente conseguido desligar-se resultando, assim, numa única recordação no qual as palavras do outro ecoavam na sua cabeça dia após dia. Ele era um fantoche... Nada mais. E apesar de rezar pela segunda opção, Luffy sabia que o mais provável fosse ter ocorrido a primeira.

* * * * *

Law entrou pelo hospital dentro, correndo apressadamente em direção ao quarto do garoto. Quase de imediato, apareceu Bepo.

- Vocês viram as câmaras?

- O hospital hoje tem as câmaras desativadas hoje para manutenção.

- Que merda - esbravejou o maior - porquê logo agora?

- Não é minha culpa - defendeu-se o médico. Trafalgar bufou.

- Quem foram as últimas pessoas a vê-lo?

- Alguém disse que viu ele no fundo do corredor, parecia que ia subir as escadas, mas ninguém deu muita atenção. Sabe que ninguém aqui o conhece sem sermos nós, o caso foi abafado, por isso ninguém prestou atenção.

Trafalgar esfregou os olhos, pensando no que fazer.

- Não está em nenhum sítio dentro do edifício, é isso?

- É isso.

- Então, está fora. Não deve ter ido longe. Bepo, veja no jardim em volta do hospital, pergunte na rua e na receção.

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