24 -Capsulas

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- Você gosta disto, não é? Gosta de me ter no seu interior. Eu sei que sim, não adianta negar. Você me pertence.

Luffy não sabia porque estava ali. Não sabia o porquê de estar de volta aos seus 10 anos, num dos dias em que Teach havia decidido que não bastava molestá-lo de uma maneira, tinha de o fazer de duas. Não sabia porque não estava a lutar para fugir, porque o sangue que escorrida pela sua perna não era motivo para o outro parar, porque aquela dor bruta o deixava adormecido ao invés de o incentivar a gritar ou até como não havia vomitado ainda com o gozo na sua boca. Não sabia porque voltara a sentir medo e repugna ou se quer o motivo de ter parado de a sentir.

Tentou voltar a si, à sua consciência, mas não conseguiu. O mais velho permanecia com 4 dedos no seu interior, arranhando propositalmente as suas paredes internas enquanto o forçara a usar a boca para se satisfazer. E Luffy odiava isso.

- Certo, já cansei. Vamos ao que interessa - sorriu. E virou a criança que, segundos depois, teve o seu interior rasgado de novo desta vez, pelo membro do mais velho. Ardia... Não sabia se pelas feridas abertas ou pela brutalidade costumeira, mas era uma ardência diferente de antes que o fez se contorcer para tentar se libertar. Olhou para trás e se assustou. Um canivete estava a passar bem próximo da sua entrada, espetando a milímetros do membro do outro que o encarou com um certo sadismo no rosto. - Se eu cortar aqui e aumentar a sua entrada... Será que a minha mão cabe junto do meu membro? - Sugeriu. E finalmente, Luffy conseguiu gritar. Não tanto pela dor, mas pelo susto. Felizmente, o seu carcereiro não chegara a fazer tal experiência doentia no entanto, a pele sobre os seus ossos virou um novo alvo a ser massacrado, resultando numa cicatriz que se estendia por todas as suas costas: da nuca ao fundo da espinha, sobre a coluna vertebral.

* * * * *


Luffy levantou num pulo, atirando para o ar o cobertor que o cobria e quase caindo abaixo sofá. Olhou para as suas costas, constatando que não sentia dor alguma e em seguida para o seu braço, que permanecia dormente. Tinha uma breve lembrança de Bepo lhe ter tirado sangue por algum motivo. Resmungou para ele mesmo, se sentou de novo, com a cabeça apoiada nas mãos e os cotovelos apoiados sobre os joelhos e respirou fundo, uma e outra vez, para tentar se acalmar. Estava com uma dor de cabeça terrível e o seu sono dispersara. Não se sentia mais anestesiado como de manhã, na verdade, parecia estar bem desperto e consciente desta vez.

- Luffy? - Ouviu ao seu lado, dando um pulo de imediato ao sentir uma mão no seu ombro. Ao encarar melhor a figura na sua frente, no entanto, se acalmou. Era Sabo. Apenas o seu irmão mais velho que o encarava preocupado com o estado agitado do mesmo. - Você está bem?

Se sentou de novo, atordoado e confuso, tentando acalmar os seus batimentos cardíacos. Porque havia tido um pesadelo? Porque não estava com sono? O que houve afinal?

- Foi só um sonho - murmurou para si mesmo, repetidamente. O loiro se sentou ao lado dele, com os braços abertos como se convidasse Luffy para um abraço contudo, o menor recusou. Acenou em negação, com o rosto pálido e uma certa repulsa por contacto. - Me desculpe, não consigo - concluiu. Sabo não forçou. Estendeu a mão ao mesmo que, voltando ao que era quando ali chegou, hesitou antes de a amarrar e a apertar com certa força, como se verificasse que era Sabo, realmente, ali, ao seu lado. Era alguém completamente diferente, uma mudança tão notória que assustou o irmão de olhos azuis em como não havia reparado em nada antes. Durante todo aquele tempo, achava que Luffy estava a evoluir e a permitir que ele se aproximasse, no entanto... Havia sido só a consequência do que ele tomava? Algo tão forte que o fazia "dormir acordado"?

QuartinhoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora