As galáxias que habitam em mim.

As dores que nunca contei.

Entendi que tenho
muitas pedras cortantes
guardadas dentro de mim
à sete chaves.
Colocadas dentro de
um cofre metálico
enlaçado
com algumas correntes.
Escondido das pessoas
e de mim mesma
pra que nunca vejam
o que mais machuca
meu coração.
Eu achava que não me afetava
até eu entender o peso que é
as correntes descerem meu corpo
e eu ter que andar rastejando,
puxando
o meu próprio fardo.
E quando eu lembro dos dias
em que eu estava em salas brancas,
entre agulhas e barulhos irritantes,
de todas as vezes em que
eu me senti em um zoológico
ou uma incógnita diante
os olhos de quem sabe,
dói mais do que ser afogada
e não ouvir mais nada.
Enquanto tentava lutar
e viver uma vida normal
como meus amigos tinham
eu tinha que ouvir
o quanto era incomum,
o quanto minha casa
se tornou uma farmácia.
E hoje eu evito contar
o porquê de conhecer
tantos termos científicos
e tantos remédios.