Capítulo VII: Peça

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Dabi amava, mais que tudo, conviver com Yuki.

Ele tentava, ao máximo, ser presente em sua vida e realizar os seus desejos. Mas tinha uma coisa que ele era incapaz de fazer: ser presente em sua vida acadêmica.

Quando criança, seu pai estava longe de ser presente na escola. Ele tinha a desculpa de que tinha o seu trabalho a fazer, mas Dabi sabia que era pura e simplesmente porque ele achava aquilo perda de tempo.

Já sua mãe estava ocupada demais cuidando dos seus irmãos.

Por isso, ele sempre sentia mal quando tinha que apresentar algo na escola e não tinha ninguém assistindo.

Era frustrante.

Por isso, ele se sentia imensamente mal quando Yuki avisava que teria alguma apresentação, e ele não poderia ir.

— Eu sei que você tem o seu trabalho, papai. — Yuki disse, pela que deveria ser a milésima vez aquela manhã. — Não precisa se preocupar. Eu sou madura e compreensiva.

Dabi deu uma risada.

— Você é só uma pirralha. — ele afagou sua cabeça, de forma carinhosa. — Não é para ser madura e compreensiva. Deveria ser bem pirracenta, para falar a verdade. Tem certeza que é uma criança?

— Que tipo de pai quer que a filha seja mal criada? — Yuki arqueou a sobrancelha.

— Não quero que seja mal criada. Só quero que seja mais... criança. De qualquer forma, me sinto mal por não ir te assistir. Gostaria de vê-la no palco. A peça é sobre o que mesmo?

— João e Maria! — ela sorriu, prestes a explicar sobre a peça que apresentaria. — É um conto ocidental, sabe? Duas crianças que se perdem em uma floresta e quase sao comidas por uma bruxa... me assusto só de pensar! Vilões são tão horríveis, papai.

Dabi respirou fundo. Não estava gostando do rumo que aquela conversa estava tendo.

— Escute, Yuki. — ele olhou no fundo dos olhos da menina. — Não pode ficar falando essas coisas.

— Mas você também fala mal dos heróis.

— É diferente.

— Em que é diferente? — Yuki questionou, com a cabeça inclinada.

— Os heróis são glorificados mas ninguém sabem o que fazem nos bastidores. E se eles forem tão errados quanto os vilões? Enquanto isso, os vilões são crucificados mas ninguém sabe o que aconteceu com eles para eles se revoltarem.

Após algum tempo maquinando o que o pai tinha falado, Yuki disse:

— Eu nunca tinha pensado assim.

— Você é só uma criança, ainda vai pensar em muitas coisas, a medida que for envelhecendo.

— Eu realmente não queria interpretar a bruxa má. — ela confidenciou. — Só aceitei apresentar por que eu seria a Maria. Não queria que meus amigos achassem que eu era uma vilã.

— Interpretar uma bruxa não vai te transformar em uma vilã. Além disso, toda história tem dois lados. Eu também ficaria zangado se duas crianças mal criadas entrassem na minha casa e comessem os meus doces.

— Que maldade, papai! — Yuki repreendeu, mas riu, logo em seguida.

— Não acredito que estou discutindo filosofia do bem e do mal com uma criança de sete anos. — Dabi balançou a cabeça, enquanto sorria.

— Não sou uma criança, papai. — a menina fez beicinho. — Eu já te falei que sou madura e responsável o suficiente.

E se levanta, indo em direção a saída da casa.

the villain's miracle [DabixChildReader]Where stories live. Discover now