Capítulo 16: Japão

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Março de 2020, Pequim


Yibo estava gritando ao celular, fazendo com que fogos de artifício explodissem na cabeça de Xiao Zhan.

"Ge, o que aconteceu? O que você fez?"

Xiao Zhan se jogou de volta na cama com um gemido de dor. Deus, por favor, faça-o parar.

A imagem no celular de Yibo virou para teto e ficou branca. "Não, não, não, não!" Ele desmaiou? Yibo se inclinou para o celular e implorou por uma resposta. "Ge! Pelo amor de Deus, por favor, diga alguma coisa... você está bem? Zhan-ge!"

Xiao Zhan soltou um gemido e enterrou a cabeça no travesseiro para amenizar os gritos cada vez mais estridentes de Yibo, que o atacaram como violentas pontadas de dor em algum lugar atrás de seus olhos. É assim que é ser atingido pelo Zidian da Madame Yu?

Ele pensou em desligar a ligação, mas sabia que isso só pioraria as coisas. Ignorar as ligações e mensagens de Yibo durante todo o dia já haviam levado exatamente a esse resultado, então realmente, o barulho de gritos ecoando em sua cabeça eram sua culpa. Talvez seja isso que eu mereça, de qualquer maneira.

Yibo apertou os olhos para a tela, agora embaçada e indistintamente branca (camiseta amarrotada? Lençóis de cama? Travesseiros?), a observava como se fosse ajudá-lo a decifrar as palavras abafadas e arrastadas. "Eu não — não quero falar sobre isso agora."

"Zhan-ge, você não pode me deixar esperando assim." Yibo tinha abaixado a voz, mas não conseguiu esconder o desespero que sentia. "Você tem que falar comigo. O que diabos aconteceu? Por que há sangue na sua mão? Por que você está bebendo? Oh Deus, você ficou online? Por favor, Ge..."

Xiao Zhan caiu de costas em frustração. Jesus. Não acredito que esse cara é famoso por não falar. Às vezes eu odeio essa dualidade.

"Eu disse que não quero falar sobre isso. Eu só quero dormir. Por favor, deixe-me dormir. Estou bem. Amanhã."

Yibo não iria desistir. "Se não vai falar comigo, vou ligar para um dos nossos amigos para ver como você está... Por favor, baobao, você está me assustando e estou tão longe e—"

"Paaare."

Yibo estava começando a perder o controle. "Zhan-ge, baobao—"

Xiao Zhan sentou-se repentinamente e olhou feio para o celular. "Puta merda, Yibo, pare de me tratar como se eu fosse um bebê! Eu não sou a porra de um bebê!"

Yibo ficou em silêncio. Xiao Zhan tinha um temperamento explosivo do qual só se sentia seguro em perder com as pessoas mais próximas, então não era como se nunca tivesse gritado com Yibo antes. Mas desta vez, o tom brusco em sua voz fez Yibo congelar em descrença, quase como se Xiao Zhan o tivesse esbofeteado.

O olhar ferido no rosto de Yibo atravessou a névoa na cabeça de Xiao Zhan. Ele engasgou, as lágrimas quentes brotando em um instante. Oh, Deus, o que estou fazendo?

Yibo viu pelo celular e seu peito doeu ao ver o belo rosto de Xiao Zhan se contorcendo em soluços.

Yibo lutou contra as próprias lágrimas e falou o mais calmamente que pode. "Ge. Não estou chateado por achar que você não pode cuidar de si mesmo. Estou chateado porque... bem, só porque você é forte não significa que tem que fazer tudo sozinho... gostaria que me deixasse te ajudar. Por favor — por favor, não me exclua disso. Você prometeu—"

Yibo enxugou os olhos e exalou pesadamente, exausto do longo dia no set, a ansiedade acumulada de não saber nada se abatendo sobre ele como uma onda. "Só quero saber o que aconteceu hoje. Se você precisa gritar ou berrar comigo, faça. Mas eu quero saber o que há de errado. Você— você leu alguma coisa online? Eu te disse—"

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