Introdução

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Eu finalmente sai da minha zona de conforto que era o Spirit e vim trazer algumas obras para o Wattpad.
Sejam todos muito bem vindos ao meu mundinho, espero que curtam 😸
Att,
TiaMegui
P.S: Capa foi feita por EllKermitSad (user do Spirit)

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Ainda consigo perfeitamente me lembrar de quando eu tinha nove anos e entrei em uma briga com um alfa duas vezes mais alto e mais forte que eu, tudo porque ele queria ficar durante todo o recreio abraçado comigo, dizendo que meu cheiro era muito bom e que eu seria, um dia, seu parceiro. Ouvir aquilo fez algo dentro de mim explodir em raiva, me soltei do alfa e comecei a soca-lo e gritar que eu não seria, nunca, seu ômega, que ele não poderia tocar em mim e que eu tinha nojo dele, foi a primeira vez em que meu ômega se manifestou, de maneira muito precoce e desde então, nunca mais deixou de se fazer presente  em mim.

Quando meus pais ficaram cientes do meu surto para com meu coleguinha, ficaram preocupados e me levaram ao hospital temendo que eu pudesse de alguma forma, ser precoce no heat também, mas o diagnóstico foi apenas que meu ômega não sabia lidar com alfas e para que ele ficasse adormecido até a puberdade, eu deveria ser colocado em uma escola própria para ômegas, e meus pais preocupados e amorosos como eram, só queriam o melhor para seu filhotinho e assim o fizeram, me colocando em um colégio de ômegas.

Quando completei dez anos, conheci Yoora, ela se mudou para a casa ao lado. Ela era mais velha, tinha seus quinze anos, e assim como eu passou a frequentar o colégio de ômegas, talvez por eu ser o único que ela conhecia por ali e por meus pais pedirem para ela ser minha babá de vez em quando, criamos uma amizade superbacana e que felizmente prosperou para a vida adulta. Quando ela tinha dezoito anos descobriu que estava grávida do seu namorado de outra escola, eu tinha só treze anos quando tentei ajudar ela a ir ao médico escondido dos próprios pais, realmente éramos duas crianças estúpidas. Mas diferente do que ela pensava que aconteceria, Doyoung não fugiu, nem tentou se isentar da responsabilidade, ele assumiu a criança e a minha amiga como sua parceira.

Aos quinze, tive meu primeiro heat, foi irregular, precoce e céus, como a dor era horrível. Meu corpo todo clamava por um alfa me tocando, eu não sabia identificar onde estava doendo mais e mesmo que tivesse um alfa, amigo de Doyoung, que prontamente tinha se colocado a disposição para me ajudar, ele simplesmente não conseguiu. Dizia que meu feromônio era sufocante e simplesmente não conseguia manter seu amiguinho em pé, o garoto chegou a desmaiar.

E mais uma vez meus pais preocupados como eram, me levaram ao médico e dessa vez o diagnóstico foi que eu tinha dificuldades com alfas por que meu ômega era fruto de betas, ainda conseguia lembrar como meus pais ficaram se culpando por eu ter esses problemas, mas eu realmente não me importava com isso, era só tomar os inibidores de feromônios e heat e eu teria uma vida normal, como qualquer outra pessoa. Nessa mesma época eu já não tinha mais tanto contato com Yoora, já que ela passou a morar com os sogros para ter ajuda com o bebê e também poder estudar para o vestibular que ela tentaria no próximo ano.

Quando completei dezoito anos, entrei para a faculdade e era o penúltimo ano de Yoora lá, e nós nos reaproximamos como se nunca tivéssemos nos afastado. Saímos para beber, íamos para festas, entrávamos em pânico com os seminários e provas finais, foram anos maravilhosos junto dela. E mesmo quando ela concluiu o curso superior continuamos em contato, eu quase não via o filho dela já que todas as vezes que íamos nos encontrar ela o deixava ou aos cuidados do agora marido, ou das babás. 

Com vinte e dois anos terminei a faculdade e aos vinte e três passei a investir no meu próprio negócio, criando um escritório na capital e quase não parando mais em Busan. A última vez que voltei para a cidade ficando mais que apenas um final de semana, foi quando Yoora me chamou para a festinha de aniversário de Jeongguk, o garoto iria fazer treze anos e esse ano seria especial porque ele se mostrou dominante como o pai e eu praticamente recebi uma convocação para comparecer. Não lembrava muito da festa, só que Jeongguk não queria sair de perto de mim desde que colocou seus olhinhos brilhantes na minha pessoa quando entreguei a ele um brinquedo em tamanho real do homem de ferro, o herói que sua mãe havia dito que era seu preferido. Ele simplesmente passou o restante de sua festa de mãos dadas comigo, o que era bem estranho porque nas poucas vezes que vi ele quando mais novo ele não ficava comigo o que era bem normal, levando em conta que crianças em um geral não gostavam de mim. 

Quando eu disse que precisava ir para casa ele ficou chateado e se trancou no quarto, se recusando a se despedir de mim. Naquela mesma noite mais tarde, sua mãe contou que ele estava chorando no quarto.

A próxima vez que estive em Busan foi para comemorar um grande negócio que havia fechado, meu primeiro cliente internacional e como o bom ômega que eu era queria comemorar entre amigos, por isso não poupei esforços para voltar para casa e fazer uma pequena comemoração no jardim dos Jeon's, onde estavam apenas eles, eu e meus pais. Quando a noite já estava quase no fim, foi que Jeongguk chegou, estava coberto de tinta e com um largo sorriso enquanto procurava pelos pais. 

" — Eu passei!"

Ele gritou ao entrar na área de lazer da casa, seus pais gritando desesperados e o abraçando orgulhosos, o pirralho tinha passado em primeiro na faculdade de arquitetura e agora a minha comemoração se estendeu a dele também, só me lembrava que terminamos os quatro caindo na piscina e rindo feito idiotas, talvez o álcool já não fosse mais tão meu amigo assim.

Naquele dia, enquanto Yoora ajudava meus pais a se acomodarem em um dos quartos, ficamos os três sentados na beira da piscina, ouvindo música e bebendo vez ou outra.

"— Hyung?"

"— Hum?"

"— No último ano, eu posso fazer estágio." 

Ele disse me encarando sério demais para um garoto tão jovem. 

"— É eu sei, é um saco."

"— Quando eu tiver no último ano, você pode me dar?"

Pisquei assustado, achando que tinha ouvido errado e virei o rosto para encará-lo, mas o mais novo apenas sorriu antes de concluir sua frase. 

"— Dar um estágio. Eu quero muito trabalhar com você."

"— Ah, claro. Quando você tiver idade e estiver no último ano eu te dou um estágio."

Balancei a cabeça deixando o copo com a cerveja de lado, já estava alterado o suficiente que até imaginando coisas eu estava. 

"— Obrigado."

Ele falou alegre e se aproximou deixando um beijo demorado na minha bochecha. E se eu fosse um homem de trinta anos pouco mais esperto e não estivesse muito alcoolizado teria notado as verdadeiras intenções daquele garoto por detrás daquele pedido.

Meu Doce PecadoWhere stories live. Discover now