Losing My Religion

Capítulo 1.

"Não veio sobre vós tentação, senão humana;

mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis,

antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar."

1 Coríntios 10:13

Steve Rogers nunca havia estado ali. Na verdade, nunca havia estado na casa de nenhum de seus fiéis. Estava um pouco desconfortável e quase incomodado com a situação, mas internamente sabia que sua curiosidade estava aguçada. Na noite anterior, antes de dormir, cogitou repetidas vezes se não deveria apenas cancelar sua presença. Mas não importava o quanto ele fingisse, ela era uma incógnita para ele.

Inquieto, o padre passeava o polegar pela clérgima* incessantemente enquanto sentado esperando para que o jantar lhe fosse servido. Apenas Melina estava na cozinha, terminando de bater o suco no liquidificador. Natasha adentrou o local minutos depois, usando um vestido preto e sapatos de salto. Novamente, ele arqueou uma das sobrancelhas mas não teceu nenhum comentário. A ruiva tinha os cabelos soltos, não usava maquiagem alguma e não disse nenhuma palavra, cumprimentando-o apenas com um aceno de cabeça antes de sentar ao seu lado. Depois de algum tempo entre garfadas e conversas triviais, uma pergunta finalmente chamou sua atenção.

- Padre, o senhor fez alguma faculdade? - Vostokoff perguntou juntando-se a eles, finalmente tornando a comer.

Steve respondeu depois de uma garfada. - Sim, sou formado em Teologia. Era necessário para o seminário.

- Entendo. Natasha também é formada, muito embora seu curso não lhe garanta muitas coisas, tampouco um bom emprego.

Rogers percebeu que Melina estava tentando introduzir a sobrinha no assunto, mas não achou que essa fosse a forma mais correta. Notou também que a mais nova apenas engoliu em seco com o comentário, mexendo na comida com o garfo. - Todo curso é importante, irmã. Conhecimento nunca é demais. O que você fez, senhorita Romanoff?

- Eu cursei filosofia. - Suspirou dando um gole no suco, mas o padre pôde ver seus olhos brilhando. Ela realmente gostava daquilo.

- Pode parecer uma grande coincidência, mas eu sempre quis estudar filosofia. - Comentou.

- Não precisa fazer isso, padre.

- Falo sério, senhora Vostokoff. O amor pela sabedoria, experimentado apenas pelo ser humano consciente de sua própria ignorância é fascinante. E se quer saber, está internamente ligado à Teologia. Acho um curso excepcional, senhorita.

- Até concordo, mas Natasha não gosta realmente disso. Eu sempre disse para ela tentar algo melhor, como Medicina ou até mesmo Direito. Isso foi influência da lunática da minha irmã e aquele bobo alegre do marido dela.

Romanoff simplesmente soltou o talher sobre o prato, levantando-se. - Caso continue essa conversa dizendo mais uma palavra sequer sobre os meus pais, vou me retirar. E eu não ligo se você convidou o padre, titia. - Frisou a última palavra.

- Sente-se agora.

- Deixa eu te dizer uma coisa. - A ruiva aproximou-se. - Eu não tenho mais doze anos. E independentemente da minha idade, obediência eu devia aos meus pais. Eu nem sei porque diabos você fez aquele inferno para me trazer para cá!