Capítulo 4.

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"Então Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Diabo."

Mateus 4:1


Romanoff foi embora dali tão rápida quanto um tiro, queria chegar em casa o mais depressa possível. Sua mente estava a mil por hora e ela só tentava entender como as coisas haviam chegado àquele ponto. Estava na cidade há pouco mais de um mês e sentia que sua vida já havia virado de ponta cabeça. Como Melina era extremamente conhecida na cidade, a ruiva conseguiu usufruir de sua reputação para alugar facilmente um pequeno apartamento ainda bem próximo à casa da tia, mas o importante era não continuar junto dela. Ao sair do banho e vestir sua enorme camiseta confortável e desbotada, Natasha finalmente se permitiu jogar-se na cama e pensar no que havia acontecido. Ela não queria, mas ainda podia sentir os dedos dele em sua nuca. Conseguia sentir o toque leve por apenas alguns segundos e depois firme, mas não o bastante para machucá-la. Ainda conseguia sentir o hálito quente contra sua pele e por Deus, ela ainda lembrava das últimas palavras que tinha ouvido da boca dele antes de deixar a igreja correndo como uma ovelha fugindo do rebanho. De joelhos... Não importava o quanto Natasha negasse para si mesma ou o quanto pedisse perdão internamente, ela o desejava. Nunca havia sido sua intenção desviar Steve Rogers ou provocá-lo de qualquer maneira, ela nem ao menos estava entendendo os seus próprios sentimentos. Um turbilhão de pensamentos invadiram sua mente e ela tinha certeza de que não conseguiria dormir, então decidiu distrair-se lendo um livro, mas foi interrompida pelo som alto de uma notificação em seu celular. Era sua tia convidando-a para um jantar no dia seguinte, que ela aceitou não sem antes dar uma lenta revirada de olhos. Depois de algum tempo lendo repetidas vezes o mesmo trecho e lutando para compreendê-lo, olhou para o relógio em sua mesa de cabeceira e percebeu já passar das duas da manhã. Apagou a luz de seu abajur e fechou os olhos, tentando afastar quaisquer pensamentos que estavam arrancando-lhe o sono.

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Numa clara tentativa de livrar-se do tormento em sua cabeça, Romanoff trabalhou com fones de ouvido no volume máximo durante todo aquele dia, o que a fez perder a hora ao sair. Segurando a alça da bolsa fortemente em seu ombro direito, ela trancou a biblioteca e saiu a passos largos em direção à casa de Melina, já sabendo das futuras reclamações que ouviria. A ruiva deixou a mochila cair assim que adentrou o local e viu Steve Rogers sentado no sofá de dois lugares na sala. Pálida, passou a língua sob os lábios e chacoalhou levemente a cabeça tentando manter o pingo de sanidade que ainda lhe restava.


- Boa noite titia, boa noite padre Rogers.


- Boa noite, senhorita Romanoff. Precisa de ajuda para carregar? - Apontou para a bolsa caída. Parece pesada. - Arqueou uma das sobrancelhas, mas não se moveu.


- Não, obrigada. - Revirou os olhos discretamente ao pegá-la.


- Oh padre, não se preocupe. Ela é desajeitada como a mãe, uma característica dos Romanoff que felizmente não herdei. - A mais velha sorriu. - Natasha, convidei o padre Rogers para jantar para contar-lhe a novidade sobre seu apartamento. Não é ótimo, querida?


- Fico feliz com a notícia, senhorita. É bom ver que está adaptando-se à cidade. - Steve ignorou o primeiro comentário, assim como boa parte das coisas que Vostokoff falava. - Onde fica?


- À algumas quadras da igreja, quatro mais precisamente. - A ruiva respondeu.


- Acha que pode abençoar o lugar, padre? Sabe, podem haver energias negativas. - Melina comentou.


- Com certeza, irmã. Mas preciso ser convidado pela dona da casa, esse desejo deve partir dela. Nem todas as pessoas sentem-se à vontade nessa situação.


Losing My ReligionOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz