Capítulo 32 - eu sou aquele que estará aqui quando você acordar

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Changkyun

Minhyuk fica inconsciente por dias numa espécie de coma que os médicos não conseguem explicar. Os hematomas resultantes da minha briga com Kihyun ainda são visíveis em nossas peles e tenho de explicar para Jihyun e, inclusive para a polícia, tudo o que aconteceu.

Nos primeiros dias chego a sonhar com as cenas: as mãos de Kihyun me enforcando enquanto clamo o quanto o odeio por sua obsessão insana, o beijo forçado que me deu calafrios, o medo de que ele tivesse matado Minhyuk como havia feito com Shownu. É difícil não relacioná-lo com a imagem de Minhyuk, mas a desvinculo aos poucos, sabendo que sou capaz de diferenciá-los melhor agora.

São quase duas semanas de espera e Jihyun se oferece para me escutar, ciente de que os episódios se tornaram bastante traumáticos. Ela não opina, mas consegue me mostrar caminhos pelos quais eu mesmo consigo obter as respostas de que preciso e isso me acalma e me faz acreditar que tudo terminará bem.

Não me permitem dormir no hospital e Youngjae e Yugyeom oferecem um lugar em seu loft para que eu não fique sozinho, mas recuso com educação. Tiro alguns dias de folga no trabalho e uso o tempo livre para arrumar a casa e mudar alguns móveis de lugar, o que me faz sentir um pouquinho mais leve. Também comunico a mãe de Minhyuk a respeito do estado de seu filho e insisto que de nada irá adiantar uma visita dela nesse momento, prometendo mantê-la à par da situação diariamente, o que cumpro sem grandes problemas.

Mesmo indo ao hospital todos os dias para passar horas ao lado de Minhyuk, minha vida fica cada vez mais vazia e começo a relembrar todos os momentos bons que tive com cada uma de suas diferentes personalidades, buscando nisso um conforto de que sei que preciso. Talvez elas realmente tenham se juntado a Minhyuk como Jihyun acredita que aconteceu - uma junção tão repentina que gerou uma pane no sistema -, e talvez eu consiga reconhecê-las quando ele acordar, mas tenho medo de que isso demore a acontecer.

Tenho medo de perdê-lo de verdade dessa vez.

Acordo bem cedo e preparo um café da manhã rápido, verificando as mensagens no celular. Youngjae me manda um áudio dizendo que teve um sonho em que Minhyuk o vencia no video game, o que lhe parece um bom sinal, e dou um sorriso enquanto o respondo com um emoticon contente. Arrumo tudo e me preparo para ir ao hospital como de costume, mas olho para a caneca que sobrou do conjunto duplo de porcelanas e me lembro de como Kihyun foi violento no dia em que me chantageou.

Todas as personalidades me alertaram sobre ele de alguma forma, mas nunca pude fazer muito para pará-lo. Ao contrário, apenas contribuí para fortalecer suas esperanças e isso ainda me causa um sentimento de culpa muito forte. Seu último discurso me parece em vão e o cobro mentalmente, duvidando que ele vá cumprir com sua palavra.

"Eu vou me redimir", foi o que Kihyun disse, mas Minhyuk continua internado e não há respostas capazes de ajudá-lo a sair desse estado.

Saio de casa quando o táxi chega e praticamente decorei todo o caminho nessas quase três semanas de idas e vindas. Sempre tenho a esperança de que irei abrir a porta do quarto e encontrar Minhyuk desperto, mas ele continua em sono profundo, a respiração sendo a única coisa que movimenta levemente o seu corpo.

Deposito um beijo em sua testa e me sento ao lado da cama, contemplando seu rosto enquanto os pensamentos se misturam dentro da minha cabeça. Eu o amo tanto que meu corpo treme apenas com a possibilidade de um dia ele não estar mais comigo. Faço o possível para espantar pensamentos pessimistas como este, mas eles me invadem com bastante frequência, principalmente quando toco suas mãos e não há nenhuma reação.

Jihyun vem no horário de sempre, por volta das dez da manhã, e me informa que Minhyuk está fisicamente saudável. Os ferimentos que tem no corpo já estão quase completamente curados.

All The Demons Of My Soul | ChangHyukDonde viven las historias. Descúbrelo ahora