Capítulo 24

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Quando foram liberados a primeira aula que tiveram foi Defesa Contra as Artes das Trevas que, ainda bem, foi ministrada pelo professor Lupin.

Ao fim da aula todos já estavam saindo quando o professor disse:

— Espere um instante, Harry. Gostaria de uma palavrinha.

Harry segurou a mão de Pandora firme antes de dar meia volta. Lupin prestou atenção nisso e entendeu que Harry queria a presença dela.

– Soube do que houve no jogo – disse Lupin, virando-se para sua escrivaninha e começando a guardar os livros na maleta – e sinto muito pelo acidente com suas vassouras. Há alguma possibilidade de consertá-las?

– Não – respondeu Harry. – A árvore arrebentou-a em mil pedacinhos.– disse com pesar e a garota apertou sua mão.
Lupin suspirou.

– Plantaram o Salgueiro Lutador no ano em que cheguei em Hogwarts. Os alunos costumavam brincar de tentar se aproximar do tronco e tocar a árvore com a mão. No fim, um garoto chamado Davi Gudgeon quase perdeu um olho e fomos proibidos de chegar perto do salgueiro. Uma vassoura não teria a menor chance.

– O senhor soube dos dementadores também? – perguntou Harry com dificuldade mas encorajado pela presença da garota ao seu lado.

Lupin lançou um olhar rápido a Harry.

– Soube. Acho que nenhum de nós tinha visto o Prof. Dumbledore tão aborrecido. Há algum tempo, eles estão ficando inquietos... furiosos com a recusa do diretor de deixar que entrem na propriedade... Suponho que tenham sido eles a razão da sua queda.

– Foram. – Harry hesitou e, então, a pergunta que queria fazer escapou de sua boca antes que pudesse contê-la. – Por quê? Por que eles me afetam desse jeito? Será que sou apenas...?

– Não tem nada a ver com fraqueza – respondeu o professor depressa, como se tivesse lido o pensamento de Harry. – Os dementadores afetam você pior do que os outros porque existem horrores no seu passado que não existem no dos outros.

Um raio de sol de inverno entrou na sala, iluminando os cabelos grisalhos de Lupin e os traços do seu rosto jovem.

– Os dementadores estão entre as criaturas mais malignas que vagam pela Terra. Infestam os lugares mais escuros e imundos, se comprazem com a decomposição e o desespero, esgotam a paz, a esperança e a felicidade do ar à sua volta. Até os trouxas sentem a presença deles, embora não possam vê-los. Chegue muito perto de um dementador e todo bom sentimento, toda lembrança feliz serão sugados de você. Se puder, o dementador se alimentará de você o tempo suficiente para transformá-lo em um semelhante... desalmado e mau. Não deixará nada em você exceto as piores experiências de sua vida. E o pior que aconteceu com você, Harry, é suficiente para fazer qualquer um cair da vassoura. Você não tem do que se envergonhar.

– Quando eles chegam perto de mim... – Harry fixou o olhar na mesa de Lupin, sentindo um nó na garganta –, ouço Voldemort assassinando minha mãe.

Lupin fez um movimento repentino com o braço como se fosse segurar o ombro de Harry, mas pensou melhor. Houve um momento de silêncio.

— Pandora também ouviu.– o garoto disse e ela concordou, Lupin a olhou assustado.

— Mas como?

— Acho que vi as memórias de Harry... não sei ao certo se foi legilimência. Só ouvi.– ela disse e o professor concordou.

– Por que é que eles tinham que ir ao jogo? – exclamou o garoto amargurado.

– Estão ficando famintos – disse Lupin tranquilamente, fechando a maleta com um estalo. – Dumbledore não permite que eles entrem na escola, então o suprimento de gente com que contavam secou... Acho que eles não conseguiram resistir à multidão em torno do campo de quadribol. Toda a excitação... as emoções exacerbadas... é a ideia que fazem de um banquete.

– Azkaban deve ser horrível – murmurou Pandora. Lupin concordou, sério.

– A fortaleza foi construída em uma ilhota, bem longe da costa, mas não precisam de paredes nem de água para manter os prisioneiros confinados, não quando eles já estão presos dentro da própria cabeça, incapazes de um único pensamento agradável. A maioria enlouquece em poucas semanas.

– Mas Sirius Black escapou – comentou Pandora lentamente. – Fugiu...

A maleta de Lupin escorregou da escrivaninha; ele teve que se abaixar depressa para apanhá-la no ar.

– É – disse se endireitando. – Black deve ter encontrado uma maneira de combatê-los. Eu não teria acreditado que isto fosse possível... Dizem que os dementadores esgotam os poderes de um bruxo que conviver um tempo demasiado longo com eles...

— Como Pandora fez aquilo no trem? O espantou.– perguntou Harry

— Foi uma magia acidental. Uma tentativa inconsciente. Há... certas defesas que se pode usar – disse Lupin. – Mas no trem havia apenas um dementador. Quanto maior o número, mais difícil é resistir a eles.

– Que defesas? – perguntou Harry em seguida. – O senhor pode me ensinar?

– Não tenho a pretensão de ser um especialista no combate a dementadores, Harry... muito ao contrário...

– Mas se os dementadores forem a outro jogo de quadribol, preciso saber lutar contra eles...

Lupin avaliou o rosto decidido de Harry, hesitou, depois disse:

– Bem... está bem. Vou tentar ajudar. Mas receio que você terá de esperar até o próximo trimestre. Tenho muito que fazer antes das férias. Escolhi uma hora muito inconveniente para adoecer.

Saíram da sala os dois juntos.

— Você devia vir comigo, quando ele for me ensinar.

— Acho melhor você ir sozinho, Jay. Você precisa mais, além disso, você mesmo pode me ensinar o que aprendeu depois. Vai ser até mais divertido assim.– ela disse e Harry corou.

I still have you - Harry PotterOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz