Capítulo 07 - Bruxa do mar

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Katherine sentiu o maior voltar o olhar para ela, pois claramente o tirava do sério, só não sabia o que realmente o irritava.

- Coma, se não tiver nada no organismo provavelmente vai morrer com alguma doença, da qual nós não temos como tratar. - Ele empurrou o prato de sopa de volta.

- Além disso você não passa de uma ingrata mimada, eu poderia simplesmente te deixar amarrada ao mastro, mas aqui estou eu oferecendo comida e uma maravilhosa viagem de 15 dias. - Ele bufou ao ver a garota se aproximar novamente. - Tudo seria muito mais tolerável se você não me seguisse para todos os lados e começasse a ser útil. - Disse escancarando a porta e saindo com a mesma. Quando eles saíram, os marujos riram. Era realmente um espetáculo para aqueles de fora assistirem John tão dócil. Mas Katherine apenas o achava amargo.

- Vou acabar morrendo de qualquer jeito, John. Não me importo, mais dias ou menos dias. - Disse despreocupada enquanto brincava com os fios de cabelo. Mas não parou de falar como John aparentemente queria.

- Agora você é surreal garoto! É inacreditável que você realmente pense que eu vou me sentir grata por você! Estou tão grata por ter invadido minha coroação, nocauteado meu irmão e me raptado, me trazendo à este lindo barco que me deixa enjoada junto à seus queridos companheiros. - Desabafou sem perder a pose, virou para os marujos sorridentes, deu uma piscadela e voltou a atenção para John. Os homens acompanhavam tudo pela porta aberta.

- Além do mais, queria que eu fizesse o que? Andasse pelo seu barco sozinha? Me trouxe aqui e agora vai ter que me aguentar! - Reuniu toda a coragem que ainda restava e beijou a bochecha do rapaz tentando não demonstrar o nojo. Uma das tarefas mais difíceis que já recebeu. Seguiu ele sem olhar para trás, acompanhar seus passos brutos era uma tarefa difícil "Malditas pernas longas", xingou mentalmente, enquanto ouvia John revidar suas palavras de antes.

- Você pode ser cínica princesa.- Disse ele logo em seguida se justificando.- Olha aqui, meu plano era roubar as jóias e não literalmente você, se eu pudesse daria meia volta agora mesmo, mas a maré não é como um cavalo obediente. - Disse apresentando estar cada vez menos irritado, Katherine sentiu a necessidade de irritá-lo mais.

- Então, isso significa que em partes você fracassou em sua missão. Nem adianta negar, se eu não fazia parte do plano e estou aqui... Acontece não é? - Fez um estalo com a língua, de forma provocativa ao perceber o furo em seu grande plano visivelmente orquestrado.

- Na verdade não, meu plano apenas teve um prêmio adicional, e você poderia ao menos conseguir andar com as próprias pernas? - disse ele olhando para ela e seu andar desengonçado pelo uso do salto e seu péssimo equilíbrio marítimo.- Ela o respondeu. - Você sabe, não estou acostumada com isso. Pessoas andam, falam, comem, vivem por mim. - Observou as prateleiras do local o qual se aproximavam, ainda muito enjoada, então apenas escorou em uma parte que julgou mais segura enquanto tirava os sapatos.

- Poderia ao menos ir lavar uns pratos ou ir dormir em vez de ficar me seguindo por aí como uma cãozinho perdido. - Disse John adentrando um cômodo cheio de livros e mapas que era grande para um barco.

- Não saia daqui. - Disse logo a soltando e andando por meio da prateleiras sumindo em meio à livros. - Como se eu tivesse mil e uma opções para fugir, idiota. - Cruzou os braços revirando os olhos enquanto batia o pé no chão, havia poucos segundos que ele tinha saído mas odiava com todas as forças a arte da espera.

Ela continua falando, ele a escutaria querendo ou não. - Ademais, não é exatamente isso que eu sou para você John? Um cão perdido, o que você esperava? Não exija muito de sua refém meu bem, está colhendo o que plantou. - Katherine riu. Sua risada baixa e irritante ecoava pelo lugar, seu riso era sua forma mais eminente de desespero e desprezo e Katherine sabia o poder dele.

Em breve o sujeito responsável pelos problemas de Katherine, voltava com um par de livros e um mapa cheio de poeira.

- Me perguntava quanto tempo mais ia aguentar andar, com essa armadilha em seus pés, minha rainha. - Disse em tom irônico e zombeteiro. O qual Katherine estava começando a se acostumar.

- Os sapatos não me incomodam, mas estar nesse inferno me deixa tonta. E no fim eles não deveriam te incomodar também. - A verdade é que havia enfrentado um dilema de estar com os saltos e perder o equilíbrio ou colocar os pés no piso do barco, que dava ânsia só de o tocar. Enquanto isso John continuava

- Além disso, não acha extremamente estúpido assumir, que os outros vivem por você? - Diz ele andando rapidamente sem a esperar, indo para o lado de fora do cômodo. - Sua total falta de liberdade me envergonha.

- Não, não acho. Minha vida ainda é melhor que a sua. - Pegou os saltos na mão e saiu atrás dele, assim que o alcançou bateu com o salto em suas costas.

- Bom podia ser pior, você poderia estar no fundo do mar agora. - Disse ele andando.- E na verdade eu gosto da minha liberdade, sou feliz de poder ser eu mesmo, enquanto você se obriga a ser o que os outros querem que você seja. - Ele sorriu, quanto mais calmo ele se demonstrava, mais ela ficava angustiada.

- Ah não, não, morrer é o que seria privilégio capitão. - Andava olhando pro chão, desviando de qualquer mancha duvidosa que avistava.- Aliás, eu nasci para ser uma rainha, então estou sendo uma rainha! - Ela passou um fio solto de seu cabelo para trás da orelha. - E John, eu não estou reclamando, planejei toda a minha vida envolta disso. É o que eu quero ser, é a minha liberdade.

- Agora, pare de andar como se estivesse fugindo, querido John. Sua companhia é tão adorável, não posso estar longe de você!- Disse tentando acompanhar o homem.

- Mas eu estou fugindo! Tem uma bruxa do mar logo atrás de mim, reclamando a cada passo. - Ele soltou uma risada e andou mais rápido.

- E devo dizer my lady, que você em todo o seu poder, deveria conseguir caminhar sozinha por um simples barco. - Alfinetou, e logo entrou na própria cabine, colocando suas coisas sobre a mesa. Katherine então trouxe de volta aquele tom irritante e o jeito embonecado de falar e agir. Faria isso sempre, até que ele surtasse. - Você não pode deixar seu prêmio adicional sozinho por aí, hm? Não se envergonhe com besteiras, apenas deixe de ser tolo. - Adentrou a cabine junto com ele e fechou a porta atrás dela. Sorrindo largo para ele, jogou os sapatos no canto.

- E sobre parar de te seguir. Acontece que eu não quero e eu não vou, capitão.. Vou te seguir pra onde você for. - Se sentou na cadeira próxima a ele e colocou os pés em cima da mesa, como havia visto em alguns bares e lidos em contos, achou o máximo fazer aquilo. John respondeu. - Don't worry dear, i'm here!

 - Don't worry dear, i'm here!

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Entre o mar e a realezaOnde histórias criam vida. Descubra agora