Capítulo 29 - Novos começos?

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Mal pregara o olho durante a noite, levantou antes do sol nascer, recolocou a joia da coroa no corpo e se dirigiu sorrateiramente a solitária de John. Encostou na parede silenciosamente e sorriu de lado.

- Tão quieto. - Disse baixinho quase inaudível.

- Não fuja, acabara com a vida de todos aqui, tente confiar em mim... dessa vez.

- Bom, eu não iria para qualquer outro lugar. - Sussurrou John se encostando na parede, ele parecia não ter dormido muito, talvez estivesse tão nervoso quanto ela, se é que isso era possível.

- Boa sorte minha rainha. - Completou entre um bocejo e outro, logo um sino soou avisando a parada do barco na costa, eles haviam chegado, quem diria que voltariam tão cedo, John se alongava e logo se deitou fingindo dormir.

- Deveria ter descansado. Você pode precisar de forças, John. - Lamentou a rainha, cabisbaixa.

- Você me deixa preocupada. - Suspirou se desencostando da parede e saiu voltando ao convés principal, se preparando para descer. Se aproximou dos guardas, entrelaçou os próprios dedos e sorriu.

- Levem as crianças para o 5º salão, arrumem roupas e uma distração para elas. Não quero nenhuma machucada, tratem os ferimentos... Piolhos,  e seja lá o que eles tenham.

Olhou para trás, checando os demais prisioneiros.

- Os outros devem ir para a prisão conforme as leis, John deve permanecer sozinho até segunda ordem. Assim que descermos quero me encontrar com Benjamin, não façam nada sem uma ordem direta vinda de mim. - Quando eles desceram na costa da Alemanha Kath estava agitada, queria falar diretamente com Benjamin mesmo que estivesse em um estado deplorável, não deixaria isso abalar seus planos, ela precisava o convencer o mais rápido possível de que eles eram pessoa que mereciam uma nova chance, precisava manter John, homens e crianças longe da forca como havia prometido. Logo que entrou no castelo uma empregada lhe pediu que aguardasse no corredor, aquelas formalidades eram estranhas depois de tanto tempo. Logo um dos guardas veio até ela.

- Minha senhora, Benjamin a aguarda na sala de reuniões. - O guarda pronunciou com certo desgosto, esse que Katherine não ficou feliz em constatar, aparentemente teria que botar ordem naquele lugar. Passou o indicador na orelha esquerda e sorriu para o homem.

- Sabe o que acontece com o cachorro que não respeita o dono? Ele é jogado fora.

Segurou em seu vestido e se aproximou do homem, olhando no fundo dos seus olhos.

- Obrigada pela informação. - Ele respondeu e ela então, dirigiu-se para a sala de reuniões com pressa. Os guardas que ficavam a porta perceberam tal movimentação e  abriram espaço assim que a viram correr. Katherine passou pelas portas, as fechando e correndo até Benjamin. O qual abraçou com força. Deitou a cabeça no ombro dele, apertando-o cada vez mais.

- Eu tive medo de nunca mais vê-lo.

Disse baixinho, em outras circunstâncias poderia vir até a chorar, mas não podia. Benjamim não tardou em retribuir o afeto de sua irmã, a qual o deixou preocupado por noites e dias.

- Tive medo de que estivesse morta. Mas se encontra melhor do que o esperado. Não vamos perder tempo, vamos torturar e matar todos que presenciaram o ataque!

Disse ele, tentando se afastar de Katherine já raivoso por lembrar dos momentos do atentado. Katherine então segurou mais forte ainda em seus braços e o olhou suplicando.

- Precisamos conversar Benjamim. Aconteceu coisas fora do planejamento, precisamos reajustar tudo. É por isso que eu te peço calma.

Guiou Benjamin para a cadeira e o sentou, ficou atrás dele massageando seu ombro enquanto começava a falar.

- As crianças daquele barco merecem uma vida como as das nossas crianças.
Eles também devem estudar...se alimentar e poder um dia trabalhar.

Até então Benjamin não viu problema, eram crianças inocentes meio ao fogo cruzado mas Katherine continuou.

- Enquanto aos homens, deixem que trabalhem com os navios. São os melhores em mar que já vi, são ótimos negociantes e já tem sua fama por aí. Nosso poder marítimo vai crescer com eles do nosso lado e não contra.

Benjamin se mexeu bruscamente da cadeira, se virando para a garota.

- Você enlouqueceu? Ficou completamente louca agora! Katherine eles devem pagar por tudo que fizeram a nós, ao nosso reino! Você querer salvar a alma daquelas crianças inocentes é diferente de salvar a vida de homens sujos!

A garota respirou fundo virando Benjamim novamente para frente. O convenceria da melhor forma, mas precisava de calma. Não poderia se desesperar e colocar tudo a perder.

- Daremos uma segunda chance a eles, um quase perdão. Então aumentamos nosso lucro, nossa cidade aumenta a renda, oportunidade de trabalhos. Todos ganham.

Sua voz saiu suave, sentou-se sobre o braço da cadeira passando a mão nas costas de Benjamin.

- E como você tem tanta certeza de que esses fora da lei serão fieis a nós? A quem eles atacaram a pouco tempo. Se me der uma boa resposta, está efeito.

Disse ele já convencido com as sobrancelhas arqueadas, afinal marujos nunca fizeram o tipo confiáveis, mas Katherine deu um risinho bobo.

- Fácil. Ficamos com John, o amado capitão. Todos ali dariam a vida por ele. Se temos John, temos a confiança do navio inteiro. Você só precisa mantê-lo vivo. - Ganhei de novo, pensou mentalmente.

A proposta de fato fazia sentido, era bom para ele também, ainda que fosse difícil entender por que Katherine não queria vingança.

- E John? Onde ficará? - Questionou ele.

- Aqui no castelo, monitorado o tempo inteiro. - Respondeu ela rapidamente.

- E como sabe que ele vai aceitar? - Ele aproximou o rosto do dela, esperando por respostas rápidas, aguardando o deslize.

- Tenho meus métodos. Caso eu falhe, mate todos.

Katherine fez o juramento usado por ela e Benjamin para quando desejam um voto de confiança.

- Tudo bem, façamos do seu jeito. Mas se qualquer um deles sair da linha você sabe o que acontece. Vou deixar que cuide pessoalmente da moradia deles e de seus papéis agora que trabalham para nós, faça seu trabalho como "rainha".

Benjamim foi um pouco mais irônico no fim, mas não pode se conter e soltou uma risada alta atrapalhando Katherine que havia concordado com os termos.

- Conheço você o suficiente para saber que aconteceu algo. Quando pretende me contar?

A pergunta deixou ela um pouco sem jeito e a mesma se levantou rapidamente, meio acuada.

- Talvez mais tarde no jantar. Agora eu pretendo ter uma conversa com John.

Beijou o garoto várias vezes no rosto e disse mais outras mil vezes o quanto o amava e logo saiu da sala, indo de encontro a John de modo mais profissional e sério, ela não chegou a perceber nada preocupante e isso a deixava calma.

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