Capítulo 37 - Sorria rainha alemã.

467 48 1
                                    

Ao sair do espaço onde deveria assistir a execução de seu primeiro amor, Katherine se sentou no chão sentindo seu corpo fraco, ela queria gritar, mas suas cordas vocais não emitiam som, e seus olhos estavam marejados, John começou a gritar e ela tampou os ouvidos. Não queria o ouvir, não queria mais acreditar em suas mentiras, não podia confiar em alguém como ele, seu irmão não tinha motivos para machuca-la. Benjamin nunca faria aquilo. Ele jamais  tentaria lhe fazer mal, seu irmão mais velho a amava, e diferente de John sempre provara isso. Ela não tinha porque acreditar naquele homem com o pescoço na forca.

Mas doía,  porque ela queria acreditar em John, mas isso ia requerer que parasse de confiar no próprio irmão. E a emoção jamais poderia substituir a razão em um daqueles momentos. Katherine se viu levantando, pronta para ir embora, para voltar a sua casa, para fugir daquele pesadelo, ela queria que todas as vozes se calassem,  queria que seu coração fizesse silencio. Tudo voltaria ao normal assim que John fosse executado. Seria melhor assim, ela estaria segura, seu irmão a protegeria de outros ataques, e ela mesma jamais deixaria outra pessoa a tocar daquela forma.

Estava decidida, resolvida, seu cérebro estava em plena sintonia com seu coração. Mas então porque ela não se mexeu? Porque seu maldito corpo não podia obedecer uma simples ordem, porque naquele momento ela deveria  brigar consigo mesma, se a resposta era tão obvia, então por qual motivo não havia ido embora muito antes. Se a morte daquele homem era a resposta para seus problemas, para suas dores, porque seu coração doía. 

Ela estava no meio do batente da porta, um passo seria suficiente para afastar toda aquela confusão, para eliminar o traidor que machucara seus pais, para matar um homem sem honra, sem amor a nada, sem coração, um homem ruim e manipulador. Seus olhos vermelhos  e sua falta de folego a fizeram se apoiar na parede. Palavras não poderiam descrever o quanto doía estar próxima do fim, o quanto doía escutar as palavras de John, e o baque final veio ao terminar de seu ultimo grito. "Eu te amo bruxa do mar".

Só assim Katherine explodiu em lagrimas e tentou caminhar de volta a seu pódio, mas os guardas não a deixaram passar, por mais que ela os arranhasse, por mais que gritasse, eles não a obedeciam, não escutavam sua própria rainha e o mundo de Katherine ficou preto a medida que os tambores aumentavam, John morreria antes que ela pudesse fazer algo.

Ela então gritou por seu irmão, ele precisava fazer algo, Kath precisava que ele a ouvisse que fosse sincero, que escutasse seus argumentos, mas não havia piedade nos olhos que o irmão lhe  mostrara, não havia amor ou calor quando encarou Katherine. E por um momento ela não o reconheceu, não pode ver nele o irmão que corria com ela pelos jardins, ou que desesperadamente  a acolheu quando acordou após a tentativa de homicídio. 

A quanto tempo.. Quanto tempo fazia que Benjamin não era mais o mesmo? Quando foi que ele parou de a olhar com sorrisos acolhedores? Quando foi que ele ficou tão frio, e quando ela começou a dar desculpas por sua ausência.

Ela caiu de joelhos no chão, fraca, cansada, farta de mentiras. - Benjamin, ao menos me responda. Você mentiu todo esse tempo? Foi tudo falso? Não pode ser. - Ele não a respondeu.

- Era verdade não era? Quando me ensinou sobre os flocos de neve na época em que éramos crianças. Ou quando me protegeu dos pesadelos, foi verdade não foi? - Ele respirou fundo e olhou para ela, com um dos olhares mais perturbadores que você poderia dar a alguém que está implorando para achar uma verdade no meio de tantas mentiras

- Pelo seu rosto, você só percebeu agora, eu te usei Katherine. Eu nunca te amei, e para mim você nunca foi nada mais do que algo que eu deveria matar antes que tomasse meu lugar. - Ele sorrio. Katherine olhou para os guardas, eles nem mesmo se moveram um centímetro, eram homens de Benjamin, não havia nenhum guarda seu ali. Não havia ninguém para quem gritar, não havia para onde fugir, John seria morto e ela morreria em seguida com alguma desculpa idiota. - Você matou nossos pais? - Não houve respostas e Katherine segurou as lagrimas não se daria por vencida, não deixaria que ele a visse sofrer mais. Mesmo que sentisse seu mundo se esvaindo pelos seus dedos. Mas silenciosamente Katherine levou as mãos para o próprio corpo.

- Falando em memórias. - Começou Benjamin finalmente se permitindo fazer suas próprias observações. - Sabe aquele pesadelo que você tinha quando era criança, aquele em que a sombra agarrava seu pescoço e apertava até que você perdesse o ar?- Ele riu fraco 

- Você sempre entrava em desespero e obrigava nossos pais a levantarem no meio da madrugada, até molhou a cama algumas vezes. - Ele torceu o nariz. - Mesmo assim, papa e mama te deram o trono, tornaram uma mulher fraca a soberana de um pais. - Ele se levantou indo até Katherine. - Mal eles sabem, que naquela primeira noite. - Ela não queria ouvir. 

- Na primeira vez que sonhou com isso, quem estava lá enforcando você. - Realmente não queria ouvir Benjamin dizer aquela frase, pois isso estragaria para sempre tudo que eles eram na infância. - Essa pessoa era eu Katherine. E eu nunca senti remorso algum, na verdade você só não morreu naquela noite, naquele quarto escuro, porque fomos atacados por um bando de piratas. 

Ele olhou para John na forca e Katherine ligou os pontos, seu único amor estava pronto para morrer, e ela nem mesmo pode gritar de volta que o amava. Depois que John morresse, ninguém poderia destronar o rei que cresceria em cima de uma montanhas de corpos. Não haveria rastros, e naquele momento Benjamin parecia orgulhoso da forma com a qual destruirá tudo. Katherine procurava um pingo de medo, vergonha ou mesmo culpa no rosto do inimigo a sua frente. Mas tudo o que via era um lobo crescente, sedento por poder. Ele lhe deu um ultimo golpe.

- Sorria para seu amante rainha alemã, pois ele nunca mais vai estar aqui para me impedir de te matar.


Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
Entre o mar e a realezaWhere stories live. Discover now