05 Meu servo

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Archie precisava de um plano

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Archie precisava de um plano.

Isso era tudo no que o cavaleiro conseguia pensar, enquanto caminhava, seguindo aquela princesa que era bela e odiosa, na mesma proporção.

Não estava disposto a se render tão facilmente, porém, também não estava disposto a perder a própria vida nas mãos de um povo tão indigno. Talvez o rei Amon tivesse razão no final das contas. Eram todos selvagens e pagãos, andavam vestidos de uma forma que seria, no mínimo, inadmissível em Gerdara. Muita pele à mostra. Muito mais do que pele, pelo que podia observar da mulher que caminhava à sua frente. 

Os dois pararam próximos a entrada da floresta. Latasha assobiou alto e aguardou por um momento. Archie imaginou o que estariam fazendo ali, pelo jeito que tudo estava acontecendo, poderia esperar qualquer coisa daquela gente estranha.

Ainda assim, o cavaleiro não estava preparado para o que viu em seguida. Por entre as árvores centenárias que cercavam o local, Archie viu surgir uma espécie de cão selvagem, enorme, branco como a neve, os olhos azuis, como os seus.

Desesperado, levou automaticamente as mãos para onde deveria ficar sua aljava, o que se mostrou inútil, já que não possuía mais armas. Latasha se aproximou do animal e lhe coçou as orelhas, enquanto o enorme bicho parecia estar em dúvida entre fechar os olhos e relaxar com o carinho ou continuar o encarando de forma mortal.

– Calminha, Bulan. Ele é um amigo, por enquanto– disse a princesa ao lobo parado à sua frente – Gerdariano, esse é o Bulan, o meu amigo de quatro patas. Seu nome significa Lua, porque ele é branco como ela e os seus olhos azuis como o céu. Eu o salvei de um ataque quando ainda era um filhote, ele viveu entre nós por algum tempo, mas, é um bicho da floresta, também gosta de viver livre.

– Não vê que é uma loucura, ser amiga de um cão selvagem? – perguntou Archie, sem ter a mesma coragem de se aproximar do animal que parecia não gostar muito dele. 

– Uma loucura, cometerá você, Gerdariano, se ousar tentar alguma gracinha comigo. Entendeu? – diante do seu silêncio, ela pareceu irritada e olhou para trás, em seus olhos. – Eu fiz uma pergunta, responda, Gerdariano.

Archie cerrou os punhos para controlar a raiva. O lobo pareceu sentir e rosnou em sua direção. 

– Sim. Eu entendi. 

– Agora venha, continue me acompanhando.

A princesa de Adramítio já exalava poder naturalmente. Mesmo com todas as pinturas, e roupas indecorosas, havia uma aura de realeza que parecia persegui-la. Caminhar ao lado de um cão selvagem, disposto a protegê-la, a tornava ainda mais intocável à vista de Archie.

Os dois caminharam um pouco mais, até chegar às proximidades de um riacho. Enquanto caminhava, Archie sentia o corpo dolorido das pancadas que tinha tomado a pouco. Com certeza ficaria com as marcas por vários dias.

– Gerdariano, eu não gostaria que isso tivesse começado assim. – iniciou a princesa, ainda de costas pra ele, assim que pararam às margens do rio. – Eu não dei ordens para que você fosse espancado, ou algo assim.

Naquele momento, ela virou-se para Archie e o encarou nos olhos. Os olhos dela, da cor de avelã, cercado por cílios espessos o prendiam, e de alguma forma, também pareciam estar presos aos seus.

– Você é o meu servo, o que não significa que tenha que ser o meu inimigo, Gerdariano. 

A sua voz era macia e envolvente. Por um minuto, Archie esqueceu a rivalidade que guardava por aquele povo. 

– O que quer de mim, afinal, princesa?

– para começar, eu gostaria de saber um pouco mais sobre o seu povo. Tudo o que eu sei é sobre a invasão e a guerra. O meu pai nunca me deixou sair de Adramítio.

Enquanto falava, Latasha caminhou até algumas rochas, na beira do riacho e sentou sobre elas. Archie se aproximava para fazer o mesmo, quando o cão selvagem se pôs em seu caminho e exibiu as presas, sem emitir som algum. Como se quisesse lembrar a Archie que ele era apenas um servo agora, e que a mulher a sua frente, era uma princesa.

Seu orgulho o impedia de sentar aos pés de Latasha, como se fosse um súdito seu. Por esse motivo, Archie permaneceu em pé, com as mãos cruzadas nas costas, enquanto observava as águas correntes. Aquele deveria ser o mesmo rio em que tentou matar a sede, antes de ser paralizado.

– O que gostaria de saber sobre Gerdara? Há muitas coisas diferentes por lá. As roupas, a comida, as regras de convivência e etiqueta, as casas…

– Adramítio também possui casas fortes. De rocha e madeira. A nossa tribo segue costumes diferentes, preferimos o convívio com a natureza e uma vida mais simples. Os homens de Gerdara, se vestem como você estava vestido, quando o encontrei ali? – perguntou, apontando a outra margem do riacho, não muito longe de onde estavam.

– Nem todos. Eu estava usando uma vestimenta de cavaleiro real. Ou parte dela, pelo menos...– de repente, Archie pareceu se dar conta do que Latasha tinha acabado de falar– Espera um pouco, foi você que me encontrou ali?

– Eu venho aqui todas as tardes. Do alto daquela árvore, eu consigo observar o treinamento dos guerreiros da tribo.– disse Latasha, apontando para uma das árvores, próximo de onde estavam.– As mulheres não são ensinadas, mas, eu gostaria de aprender a lutar. Era o que eu vinha fazer, quando vi você no chão. Nunca tinha visto um gerdariano antes.

– E, porque ajudou um gerdariano?

– Ao contrário do que pensam, nós não somos um povo selvagem. Vivemos em contato com a natureza e com o Deus único. Isso não nos torna selvagens. O seu povo "civilizado", foi quem iniciou uma guerra contra nós.

Archie não gostou do modo de falar da princesa sobre o seu povo, principalmente porque no fundo ela tinha razão. Nunca havia parado para pensar no lado oposto da moeda. Sempre ouvia o quanto o povo adramita era atrasado e pagão, sobre o quanto deveriam mudar para serem normais. Isso lhe pareceu muito idiota naquele momento.

– Muitos gerdarianos foram mortos de forma brutal, princesa. Eu não conheço uma família sequer, que não tenha uma tragédia para contar. – disse de forma proposital. Jamais admitiria a possibilidade de estar errado diante da jovem soberba à sua frente.

– Como vê, os nossos guerreiros treinam muito para se defender. Talvez o seu rei não contasse com isso, quando nos atacou covardemente, sem ter nos declarado guerra alguma. Até descobrir o que estava acontecendo, muita gente também foi brutalmente morta por aqui.

– Então, foi para isso que me trouxe aqui? Quer que eu diga que somos os grandes vilões? Que não foi o seu povo que se negou ao progresso? Que atrapalhou as rotas comerciais que deveriam cruzar essas terras? Que se negou a extrair matérias primas valiosas, que fortaleceriam a união entre os reinos?

Archie continuaria falando, furioso, não pela guerra, mas, pela mulher irritante e dona da razão à sua frente. De alguma forma, ela o tirava do sério, o fazia lembrar constantemente de tudo o que havia perdido: seu posto, seus privilégios, o conforto em que vivia, sua noiva dedicada e frágil, como uma dama deveria ser. Agora, era um servo qualquer, servindo a um povo que um dia massacrou os seus antepassados. Mas, então, o cão selvagem voltou a se levantar e se por entre os dois, feroz, mostrando quem, de fato, deveria se calar naquela hora.

– Eu o trouxe aqui, gerdariano, porque quero que me ensine a lutar.

Disse Latasha, com toda a sua perfeita calma, assim que o cavaleiro se calou.

Um amor estrangeiro Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin