Capítulo 17 - Cinderela

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     Antes de ir pro meu quarto, passei novamente no quarto de Liz e minha filha dormia tranquila, com o gesso do braço pra fora do cobertor. Cheguei ao meu quarto e fui direto tomar banho. As palavras de Estefânia faziam um eco na minha cabeça. Eu precisava tomar uma decisão.

     Caí na cama exausto. Não sabia que horas eram, mas fiquei a noite toda remexendo pela cama. Quando finalmente dormi, acordei de supetão, mas dessa vez foi porque tinha sonhando com aquele maldito acidente. Aquele dia que nunca saia da minha cabeça, mas me dava uma trégua vez em quando. Mas por quê? Porque estava sonhando com ele agora? Olhei pela janela vendo que ainda estava tudo escuro, mas o relógio da cabeceira me dizia que era um pouco depois das cinco da manhã.

     Tentei dormir um pouco mais, mas em vão. Continuei rodando na cama, então decidi levantar e correr no parque para tentar dissipar a adrenalina e a frustração que estava no corpo por causa do sonho. Quando voltei pra casa, já eram quase sete da manhã.

- Bom dia, senhor Gustavo. Nem vi que o senhor tinha saído. – Silvestre me cumprimentou.

- Bom dia, Silvestre. Acordei cedo e resolvi dar uma corrida no parque. Liz já acordou?

- Não, senhor.

- Você pode acordá-la para mim enquanto eu tomo banho? Daqui a pouco eu chego lá.

- Sim, senhor.

     Silvestre acenou e eu subi direto pro banheiro do meu quarto. Tomei um banho e quando apareci no quarto de Liz, ela ainda estava na cama sonolenta, mas acordada.

- Bom dia, meu raio de sol. – Dei um beijo na sua cabeça.

- Bom dia, papai.

- Dormiu bem?

- Sim! Tive só sonhos bons. – Liz respondeu alegre.

- Que bom, então. Que tal a mocinha escovar os dentes? Está na hora do café da manhã. E nós precisamos conversar.

- Ah não, conversa séria a essa hora? Eu vou voltar a dormir.

     Liz se deitou novamente na cama e se cobriu com a coberta. Não pude deixar de sorrir.

- Não, minha filha. Primeiro vamos tomar café da manhã e depois conversaremos.

- Você vai brigar comigo? – Sua voz soou abafada embaixo do lençol.

- Não, quero conversar com você pra esclarecer um assunto, mas não agora, mocinha. Vamos, levanta. – Comecei a fazer cócegas nela e Liz se contorceu rindo.

- Para! Para, papai. – Ela disse com dificuldade dando risada.

- Está bem. - Disse rindo, contagiado pelo seu sorriso. - Agora venha, é hora do café.

     Ajudei Liz a escovar os dentes e descemos pra comer. A mesa estava farta com tudo o que Liz gostava.

- O Emílio pode vir brincar comigo? - Liz perguntou depois do café.

- Mais tarde, quando ele chegar da escola. Esqueceu que ainda é dia de semana? A gente liga pra casa dele e pergunta se ele pode vir. Agora, você e eu vamos ter uma conversa.

- Poxa, achei que já tinha esquecido!

- Liz... - Sentei-a no sofá ao meu lado. - O papai quer saber exatamente o que aconteceu no parque com a Verônica pra que você corresse assim dela. Você sabe que não pode atravessar a rua sem um adulto. Nunca fez isso. O que aconteceu?

     Liz baixou a cabeça e eu dei um tempo pra que ela pudesse se sentir confortável para falar sem pressão nenhuma.

- O papai não vai brigar com você. Só quero entender.

Amor para Recomeçar [PAUSADA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora