Capítulo 07

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Quase três semanas depois acordo com o choro manhoso de Hévora e me levanto da cama no mesmo instante, caminho em direção a porta e solto um gemido ao bater com o rosto na parede, entro no quarto que ficava localizado na frente do meu e coço meus olhos assim que ligo a luz, caminho até o berço de Hévora meio sonolenta e pego minha filha no colo estranhando ela ter acordado essa hora da noite.

Arregalo os olhos no mesmo instante que a sinto mais quente e a olho vendo seu rostinho vermelho pelo choro. A aproximo da minha bochecha e toco sua, sinto-a um pouco mais quente e seu nariz entupido.

Engulo seco e o choro de Hévora fica ainda mais alto. Começo a entrar em pânico e tento várias vezes a fazer parar de chorar, nada funcionava, nem meu peito e muito menos a chupeta.

Hévora só se acalma quando eu coloco uma compressa fria em sua testa e então pego meu celular, disco o número de Toni e toca várias vezes até que ela atenda.

"Cheryl? Aconteceu alguma coisa?" Sua voz sai sonolenta e então eu mordo meu lábio.

"Desculpa ligar esse horário Toni mas é que..." Passo minha mão pela testa e Toni parece perceber o meu nervosismo, um barulho se faz presente no fundo. Ela havia se sentado na cama. "A Hévora acordou queimando em febre e com o nariz obstruído... Toni, isso nunca aconteceu eu estou desesperada."

"Ei, calma." Sua voz sai calma e então eu sinto meus olhos encherem de lágrimas ao ouvir Ellen resmungar em meus braços. "Você tem um termômetro?"

Eu estava me sentindo impotente por não saber como lidar com a minha filha nesse estado.

"Acho que sim." Olho em volta da cozinha tentando me lembrar se eu tinha um.

"O pegue e veja qual a temperatura que Hévora está..." Pausa. "Pode ser uma virose ou um resfriado."

"Eu devo a levar em um médico? Desculpe novamente por ligar esse horário, eu não soube para quem ligar." Uma lágrima solitária escorre em minha bochecha e Hévora ameaça de voltar a chorar.

"Me passe o seu endereço, vou para ai e então você não precisa passar naquela enorme fila que os hospitais tem." Novamente ouço alguns barulhos de portas abrindo e fechando. "Enquanto eu não chego, use o termômetro."

"Tudo bem... Vou mandar meu endereço por mensagem." Minha voz sai trêmula e então respiro fundo.

"Ei, não precisa ficar nervosa. Eu sei o quanto é desesperador quando um bebê fica doente mas isso é normal." Afirmo com a cabeça antes dela me dar algumas instruções e encerrarmos a chamada.

Procuro um termômetro por toda a casa e então volto para o quarto de Hévora, tiro a compressa fria da sua testa, começo a desabotoar os botões do seu pijama e coloco o termômetro de baixo do seu bracinho.

[…]

- Bom, parece que a Hévora pegou um resfriado. - Toni diz depois de examinar minha filha e me olha - Pode ficar tranquila Cheryl, a sua febre não estava tão alta e não vamos precisar fazer uso de medicamentos.

- Ela está bem mesmo? Eu fiquei tão nervosa com ela chorando e eu não saber como ajudar. - falo aflita e passo minha mão na lateral do meu olho limpando uma lágrima que estava querendo escorrer.

- Ela vai ficar bem... - toca meu braço em um ato reconfortante e depois começa a fazer algumas recomendações como eu deveria agir se ela ficasse um pouco quente ou como obstruir o nariz dela. E por fim olha para Ellen.

- Céus, eu faço tudo errado! Provavelmente ela ficou doente por minha culpa. Eu sou uma péssima mãe, não sou? - pergunto olhando para Ellen que tinha uma chupeta verde na boca e estava quase dormindo.

- Não Cheryl, você não é uma péssima mãe. Esses acidentes acontecem. - toca meu braço novamente e sorri sem mostrar os dentes. - Bebês vivem adoecendo, só tem que ficar de olho para não evoluir para algo mais grave. - afirmo com a cabeça e suspiro.

- Desculpe mais uma vez por te ligar de madrugada.

- Que isso Cheryl, eu estou aqui para ajudar... E só irei desculpar porque Hévora é a minha melhor paciente. - olha para Hévora que já dormia.

- Quanto deu? - pergunto assim que eu cubro Hévora e aproveito para tirar a chupeta de sua boca. Depois vamos para fora do quarto e a olho no mesmo instante.

- Quanto o que? - me olha segurando sua maleta firmemente.

- A consulta. - Toni me olha como se estivesse ofendida e nega com a cabeça com os olhos fechados.

- O hospital cobra por uma consulta, eu não. - me olha.

- Não, eu faço questão de pagar...

- Que tal um almoço? Se você aceitar, contar isso como o pagamento. - me analisa por uns instantes e eu mordo meu lábio sem jeito.

Ela nem ao menos disfarçava que estava interessada em mim.

- Posso te dar mais alguma dicas de como agir quando Hévora estiver doentinha. - sorri gentilmente.

- Eu não tenho com quem deixar a Hévora... A babá apenas fica algumas horas e por fora ela cobra.

- Leve-a. Podemos marcar para depois que ela estiver totalmente recuperada. - insiste e eu não consigo não esboçar um sorriso.

- Tudo bem mas eu irei pagar tudo. - falo prontamente e então Toni levanta a sobrancelha.

- Se é assim, fechado. - sorri me dando as costas e caminhando para a sala. Fecho a porta do quarto depois de desligar a luz.

- Posso ao menos te oferecer uma xícara de café com um pedaço de bolo? É o mínimo eu posso fazer para me redimir de interromper seu sono.

- Espero que seu café seja bom. - Toni sorri bem humorada.

- Pode colocar sua maleta ali... E não repara na bagunça, todo dia de noite meu apartamento parece que passa um furacão. - Toni torce a boca e nega com a cabeça.

- Não ligo para isso. - afunda os dedos em seu cabelo e o joga para o lado fazendo-o cair sobre seus ombros de uma maneira delicada - Se a Hévora tiver febre baixa novamente, você pode fazer uma compressa morna e colocar na testa dela. Só se ela continuar na mesma temperatura que estava, caso ela ficar um pouco mais quente do que já estava, vá para um hospital.

- Eu fiz uma fria... Não me diga que eu errei novamente. - falo insegura enquanto entro na cozinha e Toni ri baixo vindo atrás de mim.

- Não, mas eu aconselho uma morna, quase puxada para o frio - da de ombros e se encosta no balcão que separava a cozinha da sala.

- Tem certeza que pode ficar? Não quero te atrapalhar. - falo pegando as coisas para fazer café.

- Hoje é meu dia de folga então vai atrapalhar em nada. - sorri e então seus olhos param sobre um porta retratos onde havia uma foto minha com Hévora - Sua filha é uma das coisas mais lindas do mundo, sabia? - pergunta de forma bobona pegando o porta retratos em mãos e a olho brevemente vendo-a com um sorriso olhando a foto.

- Sem querer ser uma mãe babona mas sim, a Hévora é perfeita. - sorrio mais calma pelo acontecimento recente e coloco a água para ferver - Eu espero que você goste de bolo de fubá... É a especiaria da casa. - brinco abrindo a geladeira para tirar o bolo de dentro.

- Bolo de fubá é o meu favorito. - sorri deixando a foto de lado e então me olha.

- Um pontinho para mim então.

[…]

Adorável Hévora - ChoniOnde histórias criam vida. Descubra agora