Capítulo 13 - Park

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Minha mente esteve uma bagunça nos últimos dias — ainda está, na verdade. Precisei diversas vezes ignorar toda essa confusão interna para me concentrar nas aulas, mas, em todas as pausas, eu voltava para aquela conversa que eu e Ha Jun tivemos na segunda.

Serão reais os sinais do Famosinho ou apenas fruto de nossa imaginação? Também questionei meus próprios sentimentos e não conseguia interpretá-los com clareza.

Entretanto, acima de tudo, obtive duas certezas: a de que não queria me envolver daquela forma com o Minho, caso haja realmente a possibilidade, pois, na tentativa de ser honesta comigo mesma, — como meu amigo tem aconselhado — confesso que temo os riscos da exposição; e a de que esses medos não farão com que eu renuncie o que já temos. É imaturo da minha parte fugir sempre que uma aproximação humana me assusta e, desta vez, eu tenho muito a perder.

Retornei à realidade quando Ha Jun sentou-se ao meu lado com os sucos que havia ido comprar.

— Por que a garota fofinha que estuda com a gente está olhando para cá?

— Quem? — indaguei olhando ao redor até visualizar uma estudante de traços meigos e cabelo castanho escuro na altura do queixo que desviou o olhar rapidamente após ser flagrada — A Gi? — ele confirmou depois de beber um gole de seu suco — Não faço ideia.

Conhecemos a Gi no 1° ano do ensino médio e até já fizemos alguns trabalhos escolares no mesmo grupo, mas nunca tivemos uma conversa de verdade, logo não possuía uma opinião formada sobre a garota ainda.

— Deve querer falar comigo, mas provavelmente está com vergonha — ele disse com naturalidade, como se isso não soasse extremamente presunçoso de sua parte — eu vou facilitar pra ela — continuou, erguendo-se da cadeira.

Em uma estranha coincidência, quase que na mesma hora, a garota também levantou de sua cadeira, contudo, saindo a passos largos do refeitório.

— Ai que vergonha alheia — tapei meus olhos com uma das mãos, decepcionada, mas já com um sorriso surgindo em meu rosto — Até parece que você tem alguma chance.

— Aish! Eu só ia conversar, buscar saber a razão de seis olhares em nossa direção — dei de ombros — E o que te faz pensar que eu não teria?

Lancei-lhe a minha melhor cara de desdém.

— Me fala quando você a viu conversando a sós com um garoto que não fosse por uma necessidade? Ou quando ouviu algum boato de possível relacionamento?

Ele projetou um sorriso de canto de boca antes de responder.

— Ok, isso não é muito recorrente... Mas se eu quisesse, eu conseguiria.

— Du-vi-do — falei, pausadamente.

— Eu só não te provo que estou certo porque não vou mais fazer isso, ainda mais com uma moça que aparenta ser tão delicada... Todavia, preciso confessar que o fato de ela ter conseguido se manter um mistério por três anos é, consideravelmente, intrigante.

— Preciso concordar com você — ingeri o restante do meu suco antes de prosseguir — e fico contente em ver que está realmente levando a sério aquela conversa que tivemos no começo da semana.

— É, — ele suspirou — como uma noite de sono que aprece durar 5 minutos, vai ser a chegada do Suneung. Depois da advertência que você me fez, fiquei pensando também nos meus pais. Parece até que eles não têm esperança que eu consiga na primeira tentativa. E posso compreendê-los, porque eu mesmo custo acreditar.

O Suneung é, de longe, uma das provas mais importantes de qualquer estudante que almeja ingressar em uma boa universidade. Me dá um frio na barriga só de imaginar a jornada de 8 horas que iremos enfrentar. É o motivo pelo qual venho focando nos estudos desde que me lembro. A razão de todos ficarmos até tarde na escola, biblioteca, cursinhos.

A Garota Que Recusou Meu Guarda-ChuvaWhere stories live. Discover now