Capítulo 16

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Nocaute.

Beto observava o amigo enquanto ele colocava as luvas de boxe,  e estava realmente preocupado com Afonso. Depois daquela discussão com Regina, e de saber de toda a verdade ele estava muito quieto. Parecia estar em um mundo a parte, não tocou mais no assunto e tão pouco quis desistir da luta. Mas Beto temia que o pior poderia acontecer, Afonso não estava bem para lutar naquela noite.

_ Afonso, acho melhor você adiar essa luta, amigo!... sinceramente você não está com cabeça pra isso hoje!  _ Beto tenta mais uma vez fazê-lo desistir.

_ Estou ótimo, Beto!... não precisa se preocupar! _ Afonso afirma acabando de se arrumar e indo em direção ao corredor que dava acesso ao ringue.

Mas na verdade ele não estava nada bem, não conseguia parar de pensar em tudo que Regina havia dito. No quanto ele tinha sido injusto com Lili, e que neste momento ela devia lhe odiar. E pior, deve pensar que ele tinha rejeitado seu próprio filho. E Afonso tinha certeza que ela nunca mais ó perdoaria.

O rapaz sobe de modo automático no ringue assim que o locutor lhe apresenta. Ao correr os olhos pela patreia, vê a razão de sua desgraça. Regina está sentada numa mesa junto com um outro homem, um advogado que sempre vem assistir suas lutas. E lá estava ela, toda feliz dando risinhos quando o homem lhe dizia alguma coisa no seu ouvido. Afonso teve que se conter para não descer do ringue e acabar com o serviço que tinha começado mais cedo. Já não tinha mais nada a perder mesmo. Mas foi tirado daquele momento quando o gongo soou dando início a luta.

Realmente Beto estava certo, Afonso não estava preparado para lutar aquela noite. Pois o rapaz partiu pra cima do seu oponente como um furacão, não dando tempo de reação. Mas logo foi repreendido pelo juiz por ter dado um golpe baixo no rapaz, e acabou perdendo aquele round.

O segundo round começa, e Afonso não perde tempo em tentar acertar seu oponente, mas dessa vez o rapaz desvia e acaba acertando um soco em seu nariz e outra nas suas costelas. Afonso senti o sangue escorrer pelas suas narinas, aquilo motiva mais ainda sua raiva, e com isso ele tenta acertar seu oponente novamente. Mas uma vez acaba levando vários golpes no rosto, e  fazendo um corte profundo no supercílio. O sangue escorre pelo seu rosto e atrapalha sua visão, seu oponente notando isso aproveita para lhe golpear. Um soco atrás do outro no seu rosto, e também em suas costelas e aquilo lhe fez perder o fôlego. Afonso tinha quase certeza que elas estavam faturadas, pois a dor era insuportável.

_ Você não está mais em condições de lutar Afonso!... Vou jogar a toalha assim que o terceiro round começar!  _ Beto afirma, tentando conter o sangramento do olha de Afonso.

_ Não!!!...eu nunca desisti de uma luta! Não vai ser agora que vou começar! _ Afonso diz respirando com dificuldade.

  _ Você está querendo se matar, Afonso?

_ Não seria uma má ideia! _ Afonso responde fazendo seu amigo ó encarar. Mas antes que Beto diga alguma coisa, o terceiro round começa.

Afonso levanta com dificuldades, e vai para o meio do ringue. A luta começa, e ele ainda consegui acertar um golpe no rapaz a sua frente, mas em seguida recebe vários outros. Sem conseguir se manter em pé Afonso se escorra nas cordas, seu oponente não perde a oportunidade e lhe acerta muitos socos no rosto, e um certeiro nas suas costelas fazendo ele gritar de dor.  Beto jogo a toalha dando a luta ganha para o oponente de Afonso. Entra no ringue desisperado, pois seu amigo está no chão sangrando muito. E a última coisa que Afonso vê antes de perder a consciência, e a imagem de Lili sorrindo pra ele, como ela fazia todas as manhãs.

*****

Lili deixou a igreja naquela manhã de domingo, não se importando com o cochichos de outras mulheres que á olhavam como se ela tivesse uma doença contagiosa. Isso já havia se tornado rotina em sua vida, por onde passava escutava falar mau dela. Que era uma perdida, ladra de maridos, uma culpista. Mas tudo que Lili queria era ter paz, para criar seu filho e nada mais.

Então sem se importar com os fofoqueiros, ela foi até a banca de jornal. Comprou o exemplar apenas para olhar o folha de esportes, sabia que estava se torturando fazendo aquilo. Mas dizia a si mesmo que fazia aquilo por seu filho, para que ele tivesse algo sobre seu pai quando crescesse.

Abriu o jornal ansiosa para ver se Afonso havia ganho mais uma luta. Mas tudo que viu foi uma foto dele ensanguentado caído no chão do ringue. Aquilo fez Lili perder o chão, não acreditava no que  via. Correu os olhos na manchete para ver o que tinha acontecido.

_ " O grande boxeador, Afonso Pereira perde a luta..., E saiu desacordado do ringue!... segundo alguma de nossas fontes, seu estado é... muito grave"! _ Lili lê em voz alta para ter absoluta certeza que aquilo era verdade.

_ Senhor Manuel!... isso que está aqui no jornal é verdade? _ Ela pergunta rezando para ser um engano.

_ É sim, filha! ... Eu escutei o luta pelo rádio! Afonso foi massacrado no ringue! O que é difícil de acreditar, pois ele nunca havia perdido, mesmo lutando com oponentes bem mais fortes do que esse!... Tiraram ele inconsciente do clube,... eu sinto muito ! _  Senhor Manuel comenta para o desispero de Lili. A garota apenas assenti e vai embora.

Lili nem sabe como conseguiu chegar em sua casa, pois seus pensamentos estavam longe. Não conseguia parar de pensar em Afonso, em como ele estava. Apesar de que tudo tivesse terminado entre os dois, ela não queria seu mau. Ele era o pai do seu filho, ele foi seu único e verdadeiro amor. E imaginar que talvez ele podia morrer, destroça o coração da garota. Lili pega mais uma vez o jornal, olhando Afonso jogado naquele chão com o rosto em frangalhos.

_ Você não pode morrer, entendeu!... não pode!... Por favor, não!!!! ! _ Lili chora abraçada ao jornal, ó molhando todo com suas lágrimas. Como ela queria saber se Afonso estava bem, vê- ló novamente nem fosse por apenas um minuto !

Para todo Sempre!Where stories live. Discover now