[15] - Uma Novata

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Mesmo que confuso, Kazutora concordou em me levar até o cemitério, desde que eu fosse disfarçada. Para isso, coloquei um casaco com capuz, cobrindo a cabeça, e uma máscara, afinal, eu ainda era uma mercadoria valiosa para o Kisaki. Entrei no carro de Kazutora, e fomos dirigindo até o cemitério.

--- Lembre-se de nunca tirar seu capuz e máscara... Enquanto o Kisaki souber que você foi solta, ele vai correr atrás de você pra te vender... --- explicava Kazutora novamente, para garantir que eu tinha memorizado seu aviso.

--- Uhum... Ah, Kazutora...

--- Sim?

--- Obrigada por me fazer esse favor... --- eu sorri por debaixo da máscara e, mesmo sem poder vê-lo, Kazutora sorriu também.

--- Disponha... É uma dívida que eu tenho pra pagar, tanto para o Baji quanto para o Chifuyu... Eu vou ficar esperando no carro.

Assenti com a cabeça, saí do carro e entrei no cemitério, observando as lápides do local, à procura da de Baji-san. Por incrível que pareça, ela estava no mesmo lugar que antes, quase como se nunca tivesse mudado nada. Era desconfortável olhar para ela pela segunda vez.

--- Eu não vou descansar... Preciso salvar o Baji-san... O Mikey... E para isso, eu tenho que impedir o meu acidente... --- determinada, eu me aproximei com cautela do túmulo e toquei na pedra lisa a minha frente fechando os olhos. Ela era fria, como no futuro anterior. --- Eu preciso mudar o passado de novo...

Assim como da última vez, senti um pequeno choque percorrer meu corpo. Ao abrir meus olhos, notei que estava em minha sala de aula, com a professora e todos os meus colegas me observando silenciosos. Talvez eu

--- E então, Yukina? --- a professora fez uma indagação, esperando por minha resposta. Pelo visto, ela tinha me feito uma pergunta antes de meu eu do futuro voltar para o passado.

--- Perdão, pode repetir... A pergunta? --- Ao dizer isso, a professora arregalou um pouco os olhos surpresa.

--- Perguntei como era o sul dos Estados Unidos antes da guerra de secessão...

--- Ah... O sul era pouco desenvolvido... Vivia da agropecuária e a mão de obra era escrava... Tanto que é por isso que essa parte dos Estados Unidos é mais racista atualmente... --- ao responder a pergunta, a mulher me pareceu dar um suspiro de alívio. Talvez aquilo estivesse ligado ao fato de eu nunca deixar de responder suas perguntas durante as aulas de história.

--- Isso mesmo... Bom, alunos, abram seu livro na página... --- ela finalmente tirou sua atenção de mim e voltou-se para a classe, estendendo o livro e ajeitando os óculos.

--- Com licença, sensei!! --- Hina entrou na sala apressadamente. --- Será que a Yukina pode vir comigo? É que tínhamos algo importante para hoje, e não podemos faltar...

--- E o que seria, senhorita Tachibana? --- A professora arqueou as sobrancelhas desconfiada. Ela tinha esse costume de suspeitar dos alunos que não eram da sua sala.

--- É que nós duas ficamos encarregadas de receber a nova aluna da escola... --- Uma novata? Não me lembro de nenhuma nova aluna na escola. Pelo menos não no tempo em que eu era mais tímida e reclusa.

--- Ah, se é assim, as duas podem ir.

Dada a permissão, eu acompanhei a Hina pelos corredores da escola até a entrada. Ela parecia animada, pois não parava de sorrir e andar dando alguns "saltinhos".

--- Hina-chan, por que está tão animada? Tem a ver com a novata? --- perguntei curiosa. Se a Hina estava tão feliz, tinha de ter um motivo.

--- Yuki-chan, eu te contei ontem por mensagem, não lembra?? --- aquilo me pegou de surpresa, porque eu realmente não lembrava do que ela tinha me falado. --- Eu disse a você que a Kei-chan voltava de Yokohama hoje, e que nós iríamos receber ela.

--- Quem é... Kei-chan?

--- Hina-san!! --- uma voz feminina se aproximou de nós duas.

Tratava-se de uma garota ruiva extremamente bonita, usando o mesmo uniforme de escola que eu e Hinata. Ela tinha cabelos vermelhos e ondulados longos que brilhavam fugazes com a luz do sol. Seus olhos eram de uma cor verde água profunda, quase como a de um lago, e seus lábios eram naturalmente avermelhados. Ela acenava para mim e para Hina com um sorriso fofo no rosto, carregando de lado sua maleta de escola.

--- Kei-chan! --- A Hina correu e a abraçou, que logo retribuiu com a mesma intensidade. --- Você está tão bonita! Mais bonita do que quando éramos do primário!

--- Haha! Obrigada, Hina-san. --- a tal Kei-chan então voltou seu olhar para mim. --- Oh, você deve ser a Yukina!

--- A-ahm... É, sou eu. --- esfreguei a cabeça nervosa. Eu me sentia bem inferior a ela, de certa forma, pois ela era uma amiga mais antiga da Hina e com uma aparência bem mais atrativa do que eu.

--- Me chamo Keisha Nukumori. É um prazer conhecê-la. --- a denominada Keisha abriu mais o seu sorriso fofo para mim. Ela tinha uma atitude bem meiga, talvez por isso era amiga da Hina.

--- Vamos, vamos, Kei-chan, você precisa me dizer tudo de novidades!! --- Hina não deu nenhum segundo para sair puxando a mim e a ruiva para dentro da escola.

Conforme andávamos, Keisha nos contava muitas coisas boas da cidade de Yokohama. Além disso, nos falava de como era bom passear pelas ruas de tarde e cumprimentar os idosos das praças e outros itens a mais.

--- Ah, você deveria visitar, Hina-san, a cidade é um verdadeiro sonho!

--- Vou anotar... Aliás, Kei-chan, como está a Kiyone? --- Hina não parava de fazer perguntas. Realmente estava alegre com a chegada da velha amiga.

--- Perdão, mas, quem é Kiyone? --- eu também queria saber mais sobre a Keisha. Ela era adorável, assim como a Hina, e por isso também queria ser amiga dela.

--- Ah, a Kiyone é minha irmã gêmea, Yukina-san. --- eu imaginava uma segunda Keisha do nosso lado, idêntica a original. --- Eu chamei ela para vir comigo, mas ela optou por ficar em Yokohama. Porém, ela mandou eu entregar isso aqui para a Hina-san. --- Keisha abriu a bolsa e tirou um chaveiro de panda dela, entregando-o para a Hina.

--- Owwn, que fofo! --- a Tachibana imediatamente pegou o presente, maravilhada. --- A Kiyone sempre teve muito bom gosto!

--- Ela pediu para te entregar, já que não poderia voltar para Tóquio tão cedo... Mandou um abraço e disse que você prendesse o chaveiro na sua bolsa favorita, Hina-san.

A conversa estava com um rumo bem tranquilo. Keisha falava de como Kiyone era incrível, sempre dedicada e esportiva, enquanto eu e a Hina a escutávamos com atenção. Ela até me lembrava o...

--- Yukina-san!!! --- Chifuyu apareceu correndo de novo, vindo em minha direção. Virou até um hobby para mim vê-lo vir a passos ligeiros até mim.

--- Ah, oi Chifuyu, o que foi?

--- O Baji-san vai enlouquecer! --- tal afirmação me deixou bem assustada. Será que aconteceu grave algo para deixar o Baji-san tão perturbado?

--- Como assim, Chifuyu??

--- Ele perdeu o elástico de cabelo e o óculos dele!

Até as Sombras se Vingam || Keisuke BajiWhere stories live. Discover now