INQUIETAÇÕES DO CORAÇÃO

1.4K 165 2
                                    


—Filho senta um pouco, você irá fazer um buraco de tanto andar no mesmo lugar.

—Mãe, estou tão ansioso que não consigo controlar minhas pernas.

Estamos esperando a visita da representante do Juizado da Infância  finalmente é o dia da minha entrevista, dessa vez não serei pego de supresa. Tentei preparar com pensamentos positivos, fiz um interrogatório interno, minha mãe já me deu uma xícara de chá e nada de acalmar meu coração que está batendo acerelado.

São meses esperando esse momento, mas basta uma palavra  dita fora do contexto para acabar com meu sonho. A companhia toca.

—Chegou filho. Senta pelo amor de Deus!

Escuto dona Helena se apresentando e conversando com a mulher. Respiro e inspiro mandando embora o nervoso.

—Victor, por que você quer adotar uma criança?

Estou á mais de meia hora respondendo perguntas, as vezes acho até desnecessárias, mas não posso deixar de dar meu ponto de vista. Ela continuava inflexível sem mudar o tom impessoal da sua voz  ou dar algum sinal de simpatia por minha situação. Eu numa luta interna para não parecer um solteiro solitário querendo um filho para servir de companhia ou uma tábua de salvação, nem tão pouco dar entender que meus dias são infelizes por não ter uma esposa.

—Porque há muito tempo tenho o desejo de ser pai e como também fui adotado aos sete anos quero dar um lar, uma família á uma criança como meus pais me deram. Além do amor de pai e tudo que vem com ele.

Minha mãe está na cozinha, não foi permitido ficar comigo. Olho para a mão da mulher que cada vez que eu respondo faz alguma anotação gostaria saber de imediato o que escreve.

—O senhor não acha que o fato de ter sido adotado é um motivo relevante para também adotar?

—Não. Porque o desejo de ser pai não está relacionado a minha adoção, entretanto  o desejo de adotar para mim é muito importante, pois mesmo se eu tivesse ou um dia venha a ter um filho biológico não  abro mão da adoção  de uma criança.

—Então o senhor pensa em casar um dia, o senhor no momento não está namorando ou em qualquer outro tipo de relação?

—Não senhora, não tenho namorada e sim,  penso em casamento.

Novamente seu olhar inquisidor repousam sobre mim, com coragem desaviadora não desvio o olhar.

—Senhor tem uma profissão estabelecida e também um esquema de vida, acredita que está preparado para deixar uma vida de solteiro e tudo que ela lhe propicia.

—Acordar cedo para trabalhar, não ter hora certa para almoçar, algumas vezes no mês  viajar para visitar clientes fora do estado. Tudo o que um pai casado faz e tem que abdicar para dar atenção a um filho.

—Noites de bebidas com amigos, passeios em companhia de mulheres diferentes, festas em seu apartamento...  isso é o que um homem solteiro faz para divertir poderá viver  sem elas? –ela rebate, não estando convencida do meu estilo de vida.

Seguro a respiração por uns segundos e não interrompê-lá para não ser mal educado, nesse momento mentalizei: "calma Victor, você é um advogado lembra?" Com um sorriso disfarçado e sem desviar os meus olhos dos seus respondo:

—Não senhora! Porque eu não faço essas coisas que normalmente alguns  solteiros tem o direito de fazer, eu gosto sim raramente ir á um bar com um grupo de amigos, ou fazer passeios ecológicos de bike, festas quando acontecem de família ou porque como advogado tenho muitos clientes para prestigiar e festa no meu apartamento acredito que terei a primeira para comemorar a adoção do meu filho com ele ao meu lado.

TE ENCONTREI Where stories live. Discover now